Motor 1.0 turbo ficou menos potente, mas efeito prático é pequeno e ficou mais econômico
- Olhe seus concorrentes
- A história dos 12 cv perdidos nesse caminho
- Qualidades e falhas
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Esperávamos bastante desta reestilização do Polo. Mais equipamentos vindos dos SUVs Nivus e T-Cross e uma melhoria em diversos aspectos na já interessante receita do hatch. Ao mesmo tempo, já falávamos de um preço consideravelmente mais alto por tudo isso e uma briga mais perto do Honda City Hatch que de Chevrolet Onix e Hyundai HB20. Como diria o Pica-Pau, “fui tapeado” pela Volkswagen.
Isso não é totalmente negativo. A estratégia da marca é aumentar o volume do Volkswagen Polo, que nos últimos tempos perdeu espaço para a concorrência dos SUVs nas concessionárias com uma diferença pequena de preços, mais equipados e “dentro da moda”. A solução? Uma simplificação e preços bem mais perto do Hyundai e Chevrolet para ser uma opção no segmento e se afastar dos tão desejados T-Cross e Nivus.
Olhe seus concorrentes
Ao Polo, adiantava de que motor de até 128 cv, freio a disco nas 4 rodas e rodas de 17″ na versão Highline se, na hora da compra, poucos consumidores colocavam isso como prioridade. Basta ver o quanto vende Onix e HB20, e o que eles oferecem, para ver o que a Volkswagen analisou na hora de decidir o que fazer no Polo.
A traseira recebeu novos logos, com o escrito Polo centralizado, leve mudança no parachoque e lanternas com pintura preta, mas mantendo a mesma peça do Polo antes da reestilização. Inclusive, donos de Polo mais antigos já estão trocando as lanternas no mercado de acessórios como uma forma de “atualizar” o carro. Funciona.
Por dentro, a Volkswagen sabe que a maior reclamação sobre o Polo é seu acabamento. Para um carro que queria ser superior aos demais compactos, se limitava muito com plásticos rígidos sem graça e que não conversavam com o restante do cuidado de construção do carro. Não que a VW tenha investido em trocar o plástico, que se mantém em boa parte do interior, mas colocou tecido (apenas nas portas dianteiras…) e um acabamento em preto brilhante no painel para dar um ar um pouco mais refinado. Não se destaca nem se apaga dentro do segmento em que (agora) está.
A história dos 12 cv perdidos nesse caminho
A grande polêmica desse novo Polo é o motor. A Volkswagen deixou o 200 TSI, com 116/128 cv e 20,4 kgfm de torque, para os SUVs Nivus e T-Cross. Então a engenharia fez uma “salada” entre o 200 TSI e o motor que era utilizado pelo Up! TSI, com 101/105 cv e 16,8 kgfm de torque. O resultado, 109/116 cv e 16,8 kgfm de torque. No Highline, ligado ao câmbio automático de 6 marchas, AQ160, uma versão mais simples do AQ200, já que o torque é menor, além da relação feita para esse motor.
E o que isso significa na prática? Ainda estamos falando de um motor turbo, com injeção direta e duplo comando variável, moderno. Apesar dos números menores, o 170TSI dá a faixa de torque em rotações menores (1.750 rpm contra 2.000 rpm), então o Polo renovado “acorda” um pouco mais cedo. No uso urbano, a não ser que você faça muita questão de acelerar todo o tempo, não sentirá falta do 200TSI. O câmbio é mais manso, com menos trancos, apesar de ainda insistir em “pular” quando o start/stop religa o motor ou na primeira partida. O câmbio parece um pouco desesperado para locomover o Polo.
De brinde, temos um Polo mais econômico. Na cidade, com etanol, sai dos 8,5 km/litro para 8,8 km/litro. Parece besteira, mas é uma diferença que interfere no quanto você roda com um tanque, que aliás saiu de 50 para 52 litros. Se considerar os 50 litros, são 15 km a mais com esse tanque, ou 15,6 litros nesse novo compartimento. Você faz conta pra tudo? Vai gostar e sem perder o bom desempenho urbano.
Ficou ruim na estrada? Não! O novo Polo ainda acompanha o fluxo na rodovia, com a ajuda do câmbio que aproveita esse torque e, em diversos momentos, nem se dá ao trabalho de fazer alguma redução. Aliás, é um trunfo da mesa de torque do Polo conversando com a transmissão automática. A surpresa ficou com o consumo rodoviário, que chegou aos 13,8 km/litro, número bom dentro do segmento, ante os 12,1 km/litro do 200TSI. Se você não se convenceu com o consumo urbano, acho que esse sim…
Polo 200 TSI AT6 | Polo 170 TSI AT6 | |
0 a 60 km/h | 4,3 s | 5,0 s |
0 a 80 km/h | 6,6 s | 8,0 s |
0 a 100 km/h | 9,7 s | 11,4 s |
40 a 100 km/h (em S) | 7,3 s | 8,2 s |
80 a 120 km/h (em S) | 6,9 s | 7,5 s |
Consumo urbano (E) | 8,5 km/litro | 8,8 km/litro |
Consumo estrada (E) | 12,1 km/litro | 13,8 km/litro |
Qualidades e falhas
Entre os hatches dessa categoria, o Polo é um dos melhores (se não o melhor) para quem gosta de dirigir. A suspensão, mesmo com a mudança feita em busca de mais conforto, é firme e controla a carroceria, além do vetorizador de torque que auxilia em curvas mais fechadas. Direção direta, com boa comunicação, todo esse conjunto agrada o motorista, em colaboração com a plataforma rígida, a MBQ A0, e boa construção do carro no geral – nisso, não podemos reclamar do Polo. Só se prepare para ouvir algumas batidas secas em situações mais extremas, mesmo com as rodas de 16″.
Lembra que comentei acima sobre o que esperávamos do Polo? Pois é, o hatch só recebeu um sistema de frenagem pós-colisão de série. Nada de piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência ou assistente de faixa, algo que o HB20 e City oferecem em suas versões topo, apesar de mais caros que o Polo Highline. Curioso que até o volante está com botão para as assistências, mas é algo sem função. E manteve os 4 airbags, enquanto a concorrência (e os SUVs e o Polo na Europa) já contam com as 6 bolsas.
Outro ponto é que o Polo não é um carro que acomoda bem os passageiros do banco traseiro. Dá um conforto extra com a saída de ar-condicionado dedicada e duas portas USB-C, mas o espaço para as pernas é menor que dos demais hatches compactos. Os bancos dianteiros agora são inteiriços, um toque de GTS, que seguram bem o corpo e não cansam o motorista, que tem uma posição baixa e opção de regulagens de altura e profundidade da coluna de direção. Um carro para agradar o motorista. Não conseguimos testar a frenagem do Polo por condições do clima, mas mesmo em uso mais extremo, não apresentou fadiga ou alguma dificuldade para segurar o carro.
O Polo Highline manteve o painel de instrumentos de 10,1″, chave presencial com partida por botão, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, além de receber carregador por indução, um novo comando para o ar-condicionado automático (que jé estava no Polo 2022) e o sistema multimídia VW Play com espelhamento sem fios. Não ganhou o que esperávamos, mas não se depenou tanto, pelo menos aqui.
O Polo continua um bom hatch compacto. Se aproximou mais dos mais vendidos para, quem diria, vender mais. A receita segue bem feita, apesar das falhas que se declaram um corte de custos claros para deixar o cliente com mais dinheiro para os SUVs compactos ou para o futuro Polo GTS, que deve aparecer em 2023. Vai funcionar? Vamos observar com o tempo.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
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VW Polo 1.0T AT6 (170 TSI)
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