O Renault Kwid E-TECH é a versão de propulsão 100% elétrica do Kwid, sendo este um dos carros elétricos mais baratos do Brasil, precificado, em janeiro de 2023, em R$ 146.990. Neste artigo relacionamos nossas impressões de uma avaliação com o modelo por uma semana.
O Kwid E-Tech é uma das opções para iniciar o consumidor na experiência de mobilidade elétrica, sem emissões e ruídos, sendo, neste caso, um modelo com proposta urbana, em face da autonomia adequada para percursos urbanos, mas algo limitada para rodovias (inferior a 300 km).
Atualmente o Kwid E-TECH é importado da China – o que explica o preço elevado, mas há a expectativa de que venha a ser fabricado no Paraná, porém sem confirmação oficial, ainda.
Design
Em termos de design, o Kwid E-TECH repete o visual do Kwid convencional, com pequenas diferenças. A configuração elétrica tem capô diferenciado, para-choque dianteiro maior e farol separado com luzes diurnas de LED (DRLs) que se estendem até a grade.
A grade frontal do Kwid E-Tech é feita de uma única peça, para abrigar o conector de carregamento. As rodas são de quatro parafusos em vez de três – providencial para lidar com a oferta instantânea de torque. Na traseira, o para-choque tem placa antiderrapante prateada e refletores integrados.
O lado “ecológico” está explícito nas faixas com a inscrição “E-Tech Electric”. O porta-malas tem capacidade para os mesmos 290 litros da versão térmica e o banco traseiro também pode ser rebatido, ampliando até 1.100 litros.
O veículo vem com itens de segurança como seis airbags, controle eletrônico de estabilidade (ESP), freios ABS com BAS (
Braking Assist System
), partida em rampa (HSA), câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro e direção elétrica com assistência variável. A multimídia Media Evolution é padrão.
Apesar de ser elétrico, o Kwid E-Tech mantém o padrão de acabamento do Kwid – básico e com espaço limitado.
O volante não tem regulagem de altura ou profundidade do volante. A versão elétrica do compacto é homologada para quatro lugares em vez dos cinco do modelo convencional, visto que não há cinto de segurança ou apoio de cabeça para um terceiro passageiro no banco traseiro.
Itens como ar-condicionado, travamento central das portas por botão, vidros dianteiros e traseiros elétricos, regulagem de altura dos faróis, limitador de velocidade (com volante) e regulagem elétrica dos retrovisores são de série.
O painel do Kwid E-Tech combina preto brilhante com detalhes em prata. O painel de instrumentos possui um econômetro à esquerda, enquanto do outro lado está um indicador de carga da bateria.
O sistema multimídia Media Evolution vem com tela sensível ao toque de 7 polegadas, espelhamento de smartphone compatível com Apple CarPlay e Android Auto, entradas Bluetooth, USB e AUX.
Unidade de potência e recarga
O Kwid E-Tech tem motor de 48 kW (65 cavalos) de potência e 113 Nm de torque. Conforme dados da Renault, o veículo elétrico acelera de zero a 50 km/h em 4,1 segundos, de zero a 100 km/h em 14,6 segundos, podendo chegar a 130 km/h de velocidade máxima (outro fator limitador de uso rodoviário).
A bateria é de 25,8 Kwh – o que proporciona, quando 100% carregada, uma autonomia estimada pela Renault é de 298 km em uso urbano, e de 232 km em uso misto.
A recarga de bateria pode ser feita em uma tomada de 220W doméstica, durante a noite. Porém a tomada deve fornecer 10A. O tempo para levar a bateria de 15% a 80% é de 8h57minutos.
Caso se use um carregador de corrente contínua (difícil de ser encontrado no Brasil), ele vai de 15% a 80% da bateria em 40 minutos. Em carregadores
wallbox
, de 7,4 KW, como os disponíveis em shoppings e supermercados, ou instalado na garagem, a recarga de 15% a 80% pode ser feita em cerca de 2h54minutos.
A Renault oferece carregadores WEG e Schneider que podem ser adquiridos nas concessionárias ou por assinatura através do Renault on Demand. O Kwid E-TECH conta ainda com o AVAS (Acoustic Vehicle Alert System), que emite um sinal sonoro de alerta aos pedestres até que o veículo atinja 30 km/h, velocidade comum em áreas urbanas. Segundo a Renault, a versão elétrica cobra metade do Kwid a combustão em termos de custos de manutenção.
O Kwid E-TECH pesa apenas 977 quilos – um fator que contribui para o baixo consumo de energia e para o custo baixo de rodagem. Segundo a Renault, o custo aproximado de um quilômetro percorrido pelo Kwid elétrico equivale a um sétimo do que gasta um veículo térmico equivalente.
Nós calculamos o custo do km rodado em Brasília, com base nos valores cobrados pela Neoenergia para o kwh, e do INMETRO para o consumo de energia, e obtivemos um custo de km rodado para o Kwid E-TECH de R$ 0,0397/km em uso urbano, e R$ 0,0446/km em uso misto, caso se recarregue o carro no horário fora da ponta de consumo (das 00:00 as 17:59 e das 21:00 as 23:59). Caso se use os valores da ponta de consumo (das 18:00 as 20:59) o custo do km rodado é de R$ 0,583/km fora da ponta, e de R$ 0,0656/km na ponta de consumo.
Para efeito de comparação, o Kwid 1.0 térmico tem custo de km rodado com gasolina (também levando em consideração o consumo do INMETRO) de R$ 0,3268/km em uso urbano, e de R$ 0,3185/km em rodovia.
Com base nisso, o
custo de rodar do km rodado do Kwid térmico (a gasolina) é 8,24 vezes maior
que o do Renault Kwid elétrico E-TECH em cidade, e 7,14 vezes maior que o E-TECH em rodovia. É importante apontar, porém, calculamos os valores levando em consideração que a pessoa pague por toda a energia de recarga, o que não é o caso, tendo em vista que os carregadores disponíveis nos shoppings e supermercados em Brasília são todos gratuitos.
Assim, o proprietário de um carro elétrico como o Kwid E-TECH pode usar a estratégia de deixar o carro carregando nas compras de supermercado, e, com isso, ter o curto do km rodado do Kwid E-TEC levado a zero!
Entretanto, é importante apontar que com o aumento de carros elétricos e híbridos em circulação, as poucas vagas com carregadores disponíveis em shoppings e supermercados faz com que seja, atualmente, relativamente difícil encontrar uma vaga vazia nesses locais – sobretudo em horários de pico. Em geral as vagas estão todas ocupadas.
Em nosso teste, conseguimos recarregar o Kwid uma vez no shopping Boulevard, na Asa Norte, e uma outra vez no Atacadista Assaí, também na Asa Norte.
Diante desse quadro de vagas com carregadores insuficientes para a quantidade de carros elétricos em circulação, consideramos que o consumidor que pensa em adquirir um Kwid E-TECH – ou qualquer outro modelo exclusivamente elétrico – deve necessariamente adquirir também o carregador wallbox para colocação em casa. No caso do Kwid E-TECH, esse carregador pode levar a carga do modelo de 15% a 80% em menos de 3 anos.
Como anda?
Como de costume em carros elétricos, a frenagem regenerativa do Kwid E-Tech recupera energia cada vez que o motorista solta o pedal do acelerador ou freia. Caso se opte pelo modo de condução “Eco”, a reneneração é mais intensa, e aumenta a autonomia. Este modo torna a frenagem regenerativa mais eficaz, e limita a potência a 33 kW (45 cv) e a velocidade máxima a 100 km/h.
O Kwid E-TECH se mostrou ágil no uso urbano. As respostas ao pedal do acelerador são rápidas, com força instantânea.
A sensação de força ao iniciar razoável, e a dirigibilidade é boa. A direção elétrica é bem leve e confortável e permite que o modelo seja manobrado com facilidade.
A suspensão tem ajuste para o conforto, e durante o teste nas ruas de Brasília (DF), proporcionou estabilidade nas curvas. A grande distância ao solo ajuda você a navegar por valas e buracos sem qualquer problema.
É possível verificar se o modo de condução é econômico olhando o “econômetro” no painel de instrumentos. Para economizar a bateria, pode ser usado o modo “Eco” – que limita a potência a 45 cv e velocidade máxima a 100 km/h e aumenta o desempenho da frenagem regenerativa. Nós rodamos a maior parte do tempo em “Eco” e a performance do carro foi mais do que adequada para uso urbano convencional, sem perda aparente de agilidade.
O Kwid E-Tech não possui o sistema “ePedal” ou “
One
Pedal”, presente em todos os veículos elétricos mais sofisticados, que permite acelerar e frear simplesmente pressionando ou soltando o pedal direito.
Alías, o Kwid E-TECH só lembra mesmo que se trata de um carro elétrico por não fazer barulho, pois toda a operação dele é como um carro automático convencional, inclusive a partida, que depende de colocar a chave no contato e girá-la, como que acionando o motor de partida. A diferença é, ante a ausência de barulho do motor, quando ele ativa, aparece um “OK” no painel. Basta colocar o “câmbio” em “D” ou “R” e acelerar como um carro convencional.
Em rodovia a regeneração da energia gerada pela frenagem é menor, a autonomia obviamente diminui. O ruído do motor é inaudível da cabine, apenas o ruído de rolamento dos pneus é perceptível.
Vale o adicional de preço?
O Kwid E-Tech é voltado para um consumidor preocupado com sustentabilidade e custo de combustível. Um motorista que percorre 20 mil quilômetros por ano levará 12 anos e 7 meses para amortizar a diferença de preço entre as versões convencional e elétrica. Quem roda 30.000 km por ano, levará 8 anos e 6 meses para recuperar o investimento adicional na versão elétrica.
Para que o investimento seja recuperado em 3 anos (e 2 meses), é necessário rodar cerca de 80.000 km por ano. Por fim, caso o motorista rode 100.000 km por ano – o que pode ser o caso de muitos motoristas de aplicativo, a diferença de preço pode ser recuperada em 2 anos e 7 meses.
Mas há vantagens adicionais em cidades como São Paulo, por exemplo, que isenta de rodízio o veículo elétrico. Ademais, há vantagens em termos tributários.
De qualquer forma, a imagem positiva de dirigir um veículo não poluente vem de imediato. Uma imagem que tem valor e pode justificar a compra, tanto para pessoas ricas (que têm outro carro) quanto para empresas.
Enfim, do ponto de vista estritamente de investimento, só faz sentido o Kwid E-TECH para quem roda mais de 50.000 por ano – neste caso recuperando a diferenca de preço entre as versões térmicas e elétricas (R$ 73.100) em 5 anos.
Concorrentes
Caoa Chery iCAR – R$ 149.990
Jac E-JS1 – R$ 145.900
Conclusão
O Renault Kwid E-TECH é um subcompacto urbano ágil e muito agradável de ser usado em ambiente urbano, ofertando grande agilidade nesses ambientes, e praticidade.
O fato de não fazer ruído é outro ponto de destaque, assim como o custo de km rodado de energia, em média 8 vezes menor que a de um Kwid a gasolina, podendo chegar a zero caso se opte por recarregar o E-TECH em carregadores gratuitos dos shoppins e supermercados.
A diferença de preço entre a versão a gasolina e o elétrico, da ordem de R$ 73 mil, demanda uma rodagem de cerca de 250 mil quilômetros para ser amortizada – o que nos leva a concluir que passa a ser financeiramente interessante para motoristas que rodam mais de de 50.000 km / por ano.
Entretanto, como citamos anteriormente, há locais com vantagens adicionais, como liberação de rodízio, isenções ou redução de IPVA, e, certamente, uma imagem positiva associado ao proprietário por estar conduzindo um carro amigável ao meio ambiente e não poluidor.
Ficha Técnica – Renault Kwid E-TECH
KWID E-TECH ELECTRIC | |||
Arquitetura | Carroceria monobloco, monovolume, 4 lugares, 4 portas | ||
Motor | Elétrico, síncrono de imãs permanentes com redutor integrado | ||
Alimentação | Baterias de íon-lítio | ||
Tração | Dianteira | ||
Bateria | 26,8 kWh | ||
Potência máxima (ABNT) | 65 cv a partir de 4.000 rpm | ||
Torque máximo (ABNT) | 11,5 kgfm entre 0 e 4.000 rpm | ||
Rodas e pneus | 175/70 R14 | ||
Freios | Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira | ||
Direção | Elétrica com assistência variável | ||
Câmbio | Uma marcha à frente e uma à ré | ||
Autonomia (SAE J1634) | 298 km (cidade) e 265 km (misto) | ||
Porta de carregamento | AC: CCS Type 2 DC: CCS Combo 2 |
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Carregador portátil | 127V/220V (2,2 kW max – 220V_10A) – Tomada com pino de 20A necessária | ||
Tempo de recarga | Recarga rápida DC 30 kW (15-80%) – 40 min | ||
Wallbox AC 7,4 kW (15-80%) – 2h54 | |||
Carregador portátil 220V 10A (15-80%) – 8h57 | |||
Dimensões | 3.734 mm de comprimento 1.770 mm de largura (com retrovisores abertos) 1.500 mm de altura (sem barras) 2.423 mm de entre-eixos |
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Porta-malas | 290 litros | ||
Peso em ordem de marcha | 977 kg | ||
Peso da bateria | 188 kg | ||
Velocidade máxima | 130 km/h | ||
Aceleração 0 – 50 km/h | 4,1 segundos | ||
Aceleração 0 – 100 km/h | 14,6 segundos |