Apesar de uma nova geração no exterior, ele ainda é uma boa opção por R$ 219.990
Nada como a competitividade de mercado. Nas últimas semanas, alguns carros elétricos foram apresentados em uma faixa de preço onde poucos tinham pisado neste segmento, o que levou a uma redução de preços em outros modelos. Um deles que entrou em uma faixa bem mais interessante de preço foi o Hyundai Kona EV, que chegou aos R$ 219.990 – ou R$ 70 mil a menos que seu preço inicial.
Ele não é tão barato quanto os chineses, como BYD Dolphin e Caoa Chery iCar, ou o subcompacto Renault Kwid, mas é maior e mais completo que eles. Com seu estilo de SUV, atrai a atenção do comprador da faixa dos R$ 200 mil, mas tem uma nova geração rodando no exterior. Afinal, vale a pena investir no Kona EV neste momento ou esperar mais um pouco por um mais novo?
Menor que o Creta e maior que o Pulse
Esta é a primeira geração do Hyundai Kona. Apresentado em 2017, usa uma plataforma baseada na K2, que está em diversos modelos médios da Kia-Hyundai ao redor do mundo, e dedicada para SUVs desse porte. Ele estreou essa plataforma que foi pensada para modelos a combustão e elétricos, mas já foi trocada no novo Kona por algo ainda mais moderno.
O Kona nasceu para ser um SUV menor que o Tucson onde não existe o Creta. Com 4.205 mm de comprimento, é menor que o nosso Creta (4.300 mm) e maior que um Fiat Pulse (4.099 mm), por exemplo. Tem um porte legal para o uso urbano com um espaço interno bom com 2.600 mm de entre-eixos – o Creta tem 2.610 mm e é uma referência em espaço dentro do segmento de SUVs compactos.
O visual até pode dividir as opiniões, mas não dá para negar que ainda é atual. Na dianteira, faróis fullLEDs fazem conjunto com as peças superiores, que fazem o papel de luz diurna e indicador de direção. Os apliques laterais na cor do carro são discretos, assim como as rodas de 17″ que tem até uma função aerodinâmica. A traseira tem as lanternas em LEDs que invadem a tampa, com a peça inferior com os indicadores de direção e luz de ré, tudo em LEDs. Como é elétrico, não há saídas de escape, obviamente.
Por dentro, até vemos elementos conhecidos, como o volante que está no nosso HB20 e a chave presencial, mesma peça do Creta. O painel de instrumentos é uma tela de 10,25″ de boa resolução e com grafismo que varia conforme o modo de condução selecionado. Para auxiliar, um HeadUp Display em uma placa de acrílico aparece logo acima do painel e mostra até mesmo se há radar próximo. O sistema multimídia tem 10,25″ com espelhamento Apple CarPlay e Android Auto por fios e navegador GPS nativo e um sistema de som assinado pela Krell, não muito conhecida por aqui, mas que faz sistemas de alta definição nos Estados Unidos.
O acabamento em si é bom. Bem montado, com boa qualidade de materiais e cores suaves, como os bancos em couro claro e o acabamento claro no console central e os botões que estão ali. A ergonomia é correta, como a posição de dirigir, e os comandos estão em boas posições, ou ao menos onde esperamos que eles estejam em um carro. É fácil de se entender com ele no dia a dia, além de confortável para quem vai ficar muito tempo ao volante.
Surpreendente como elétrico
Carros que nascem a combustão e recebem versões elétricas sempre apresentam algumas limitações, como autonomia ou alguma resposta dinâmica diferente. Lógico que isso melhorou com o passar dos anos e o Hyundai Kona EV é a prova. Visualmente, perde a grade dianteira para melhorar a aerodinâmica e recebe a tomada de recarga AC e DC, com capacidade máxima de 7,2 kW (AC) ou 44 kW (DC) – um carregador de bordo vem, com tomada de 3 pinos e 220V, com uso em uma tomada comum residencial.
Sob o capô, um conjunto elétrico com 136 cv e 40,3 kgfm de torque com tração dianteira. É um conjunto compacto guardado sob uma capa, que deixa o visual ainda bom, mesmo que não vá abrir o capô sempre. No assoalho, a bateria de 42 kWh, sendo 39,2 kWh úteis, fica aparente se olhar o carro de lado e exige um pouco de cuidado, apesar de protegida, em lombadas mais altas.
Eu já tinha lido boas avaliações sobre o Kona EV no exterior. Ao mesmo tempo, a curiosidade era grande para ver como um elétrico, nascido de um modelo a combustão, se comportaria em autonomia e desempenho, principalmente quando há concorrentes chineses tão evoluídos e alguns concorrentes europeus, como o Peugeot e-2008, nesta jogada dos elétricos de R$ 200 mil.
Aqui que o jogo começa. Não entrei com expectativas altas no Kona, principalmente por já existir uma outra geração no exterior, o que dá a impressão que ele não será tão moderno assim. Sim, achei o console central um pouco datado, mas funcional, e só. Ao volante, o Kona deixa muitos projetos mais modernos levemente defasados, ainda mais quando começo a entender seu funcionamento e exploro algumas funções.
O carro chegou com apenas 28 km. Ou seja, algumas coisas não estavam habilitadas na preparação da marca. Por exemplo, ele tem um modo automático de regeneração, que usa radar e câmera para calibrar, entre os 4 níveis, o quanto ele regenera ao tirar o pé do acelerador. Funciona muito bem, mas pode escolher pela aletas no volante ao seu gosto, se preferir. Também achei o HeadUp Display, que mostra velocidade e placas de velocidade que ele lê, além de radares com o GPS integrado do carro.
Bateria do Kona EV fica exposta, exigindo cuidado em algumas situações
A suavidade de funcionamento do Kona é outro ponto positivo. A entrega de força é linear e facilmente modulável pelo acelerador, o que facilita bastante o uso. Até mesmo o pedal de freio, uma deficiência em alguns elétricos, é bem calibrado e não tem a sensação de vazio, um pouco comum em carro com regeneração de energia. Sobre a alcance, consegui 8,5 km/kWh de consumo em ciclo urbano, ou seja, uma autonomia de 333 km considerando a capacidade útil das baterias – o Inmetro declara 252 km.
Por ser um crossover, a suspensão mais alta tem um bom curso e não reclama mesmo no pior asfalto. As rodas de 17″ com pneus 215/55 não chegam a ser problema no uso diário e as respostas de direção e suspensão são muito boas até mesmo para quem quer dirigir um pouco mais rápido, com a arquitetura multilink na traseira. Ele tem um bom compromisso entre conforto e dirigibilidade, colaborando com as respostas imediatas de um elétrico com mais de 40 kgfm de torque.
Vale a pena comprar um carro que mudou?
O Hyundai Kona EV tem uma boa autonomia, pacote de equipamentos bem completo e uma boa usabilidade no dia a dia urbano. As dimensões permitem até um uso familiar sem apertos e tem um estilo que não chama tanto a atenção, apesar de um pouco diferente. Se jogou no mercado por R$ 219.990, o que o torna uma grande opção para quem quer fugir dos novos chineses e de subcompactos – o mais próximo dele é o Peugeot e-2008, vendido promocionalmente por R$ 209.990.
Ele mudou no exterior. Mas considerando o tempo pra ele chegar aqui, principalmente por ainda estar em um processo de lançamento em diversos mercado e convivendo com este nas lojas, temos um espaço de cerca de dois anos até ele aparecer por aqui. Se você quer um modelo elétrico, de forma com que descrevi acima, é uma boa surpresa e merecia maior divulgação por ser um bom produto. Quando novo chegar, já será uma nova época para os EVs.
Hyundai Kona EV
Motor elétrico elétrico, síncrono de imãs permanentes
Transmissão automática, 1 marcha; tração dianteira
Suspensão McPherson na dianteira e multilink na traseira; rodas de liga-leve de 17″ com pneus 215/55 R17
Comprimento e entre-eixos 4.205 mm; 2.600 mm
Largura 1.800 mm
Altura 1.669 mm
Peso 1.610 kg em ordem de marcha
Capacidades 332 litros
Bateria 42 kWh (39,2 kWh úteis)
Tempo de recarga 7,2 kW (AC); 44 kW (DC)
Preço de entrada R$ 219.990
Autonomia elétrica urbano: 8,5 km/kWh (333 km, medição IEV), 252 km (Inmetro)
Comente!
Hyundai Kona EV
- Motor elétrico: elétrico, síncrono de imãs permanentes
- Potência e torque: 136 cv; 40,3 kgfm
- Transmissão: automática, 1 marcha; tração dianteira
- Suspensão: McPherson na dianteira e multilink na traseira; rodas de liga-leve de 17″ com pneus 215/55 R17
- Comprimento e entre-eixos: 4.205 mm; 2.600 mm
- Largura: 1.800 mm
- Altura: 1.669 mm
- Peso: 1.610 kg em ordem de marcha
- Capacidades: 332 litros
- Bateria: 42 kWh (39,2 kWh úteis)
- Tempo de recarga: 7,2 kW (AC); 44 kW (DC)
- Preço de entrada: R$ 219.990
- Autonomia elétrica: urbano: 8,5 km/kWh (333 km, medição IEV), 252 km (Inmetro)