- Quem é Jaqueline Loyal e como começa sua trajetória na moda
- LOYAL: um movimento e o presente futuro da moda
- O que vai rolar nos encontros imersivos
Tudo o que você precisa saber sobre
Lançado no início de outubro, o novo projeto das Fábricas de Cultura de São Paulo oferece formações teóricas e práticas sobre a produção de moda nas periferias. Com supervisão de Jaqueline Loyal, criadora do Movimento de Moda Periférica LOYAL, ele incentiva a produção artística local e o protagonismo dos frequentadores das unidades localizadas nas zonas Norte e Sul da cidade, região metropolitana (Osasco e Diadema) e Vale do Ribeira (Iguape).
Quem é Jaqueline Loyal e como começa sua trajetória na moda
Jaqueline conta que sempre gostou de moda e iniciou sua carreira em uma agência de modelos, trabalhando na produção de desfiles e na preparação dos modelos dando oficinas de passarela, em meados de 2014. “Acredito que ela [a moda] sempre foi o meu viés de expressão. Sempre fui a diferentona da escola. Ninguém definia o seu estilo a partir do que eu me vestia, mas as pessoas curtiam!”, conta a publicitária e produtora cultural.
Ainda em 2014, Jaqueline entrou para um projeto dentro da Fábrica de Cultura, conhecido como Projeto Espetáculo, que atravessa, principalmente, a linguagem do teatro, e foi nesse ano também que ela conheceu os brechós. “Eu falei: ‘É melhor eu comprar em brechó, porque eu só pagaria um real na peça e conseguiria customizá-la da maneira que eu quisesse.’” E, a partir daí, surge o LOYAL, neste primeiro momento, um brechó.
LOYAL: um movimento e o presente futuro da moda
Em 2017, Jaqueline e seus amigos fizeram o primeiro desfile do até então brechó, na Fábrica de Cultura Capão Redondo, com um público de mais ou menos 40 participantes, dentre artistas que cantaram e dançaram e modelos. “A gente teve um público de mais de 100 pessoas, que, para um primeiro evento, achamos estrondoso. O que foi muito importante, porque não se fazia desfile no território com essa linguagem que o LOYAL trazia de outros caminhos artísticos”, lembra.
A partir daí, o que antes era um brechó, ganhou ainda mais forma e tornou-se um movimento para além da moda. “Outros brechós surgiram, outros coletivos de moda surgiram e isso mostrou para a gente o quanto a periferia movimenta a moda. Então, tem sido tudo muito potente! Nós observamos essa crescente de interesse por moda, da galera criar seus próprios brechós e marcas. Dentre o coletivo, que é formado por diversas pessoas, eu sou essa idealizadora que tem mais essa frente de liderança”, explica a profissional, que diz que, a cada edição, o LOYAL movimenta novas pessoas. “Costumamos dizer que o LOYAL é um espaço de experimentação artística, porque, para além da moda, as pessoas me procuram dizendo que gostariam de fazer produção e iluminação de desfiles. Então, sempre atingimos outras linguagens.”
O que vai rolar nos encontros imersivos
Ao todo, serão 11 encontros, todos programados para ocorrer aos sábados, com a participação de estilistas de diversas localidades do país e cujas produções de moda periférica são referências e reconhecidas internacionalmente. Dentre eles, Hisan Silva, natural da Bahia, um dos idealizadores e estilista da marca Dendezeiro, que participa de forma online do 4º encontro intitulado “Qual sua Moda? Por uma moda agênero, ajustável e atemporal”, e a artista, ativista e estilista trans Vicenta Perrotta, que faz um trabalho genuíno com upcycling e dará uma palestra e a oficina “Transmutação Têxtil e a Pedagogia do Lixo”, no 6º encontro.
“A ideia é que, nessa residência artística, a gente possa trazer debates sobre o fast fashion e a indústria da moda e também potencializar criações já dentro do território. Após a participação do Hisan, que é remota, queremos começar a criar um discurso e conceito para uma coleção colaborativa. No 5º encontro, daremos continuidade nesse moodboard e referências que esses criadores e participantes vão trazer. No 6º encontro, a gente começa a colocar a mão na massa através de uma palestra e oficina da Vicenta Perrotta, que traz esse discurso do upcycling de pegar peças utilizadas e já existentes e transformá-las em uma outra coisa”, afirma Jaqueline Loyal.
Para o ano que vem, o núcleo planeja um curso de dois anos, que, possivelmente, terá uma pré-seleção de acordo com a demanda. Serão abertas inscrições para a 1ª turma anual do projeto, que prevê módulos bimestrais teóricos, com criação, negócios e indústria da moda, e práticos em laboratórios de corte e costura. O curso anual também busca colaborar com construção crítica e sociocultural dos estudantes ao abordar questões relacionadas à representatividade, o espaço das periferias no mercado de moda, padrões corporais e o manifesto contra moda.
Serviço
As inscrições, que são presenciais, para os encontros formativos da imersão “Troca de saberes: qual a sua moda?”, acontecem até o 3° encontro (15/10) ou até o preenchimento das 30 vagas. Para participar, você deve ter no mínimo 16 anos. “Estamos localizados na Zona Sul, mas se a pessoa tiver disponibilidade, orçamento e tempo para chegar até a Fábrica de Cultura Jardim São Luís todos os sábados para participarem dessa imersão, ela será bem-vinda também”, finaliza Jaqueline, incentivando a participação de todes.
A imersão e seus respectivos encontros formativos acontecem de 1 de outubro a 10 de dezembro, todos os sábados das 15h às 18h. E atenção: as inscrições devem ser feitas diretamente na Fábrica de Cultura Jardim São Luís, localizada na Rua Antônio Ramos Rosa, 651. Para mais informações, entre em contato: (11) 5510-5530.