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M&As em energia renovável desaceleram no Brasil em 2023, mas seguem atrativos, diz CELA

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – As operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) em energia elétrica renovável no Brasil desaceleraram em 2023, mas o setor se mantém atrativo e a expectativa é de melhora do cenário para este ano, disse a Clean Energy Latin America (CELA) nesta terça-feira.

De acordo com um estudo divulgado pela consultoria, os negócios fechados no ano passado somaram 9,29 bilhões de reais, contra 15,5 bilhões de reais registrados no acumulado de 2022. Já em capacidade instalada dos projetos transacionados, foram 9,14 GW em 2023, contra cerca de 20 GW no ano anterior.

Marília Rabassa, diretora e head de consultoria da CELA, afirma que esse desempenho refletiu o “cenário macro” do setor elétrico, com os preços baixos da energia no mercado livre afetando a assinatura de contratos de compra e venda de energia, e a alta de custos das tecnologias solar e eólica.

“Para este ano, o capex da eólica ainda deve se manter alto, mas o solar já deu uma arrefecida, já voltou a cair um pouco. E o cenário de preços (da energia) está dando uma subida nas últimas semanas, isso dá uma impulsionada no mercado. Mais PPAs (contratos de energia) fechados, mais M&A acontece no setor”, explicou a jornalistas, após evento organizado pela CELA.

Ela lembrou ainda que há uma janela de oportunidade para negociação de projetos com benefícios econômicos que obtiveram outorgas antes da mudança para regras menos favoráveis. É o caso, por exemplo, dos grandes empreendimentos de geração centralizada solar e eólica com descontos nas tarifas de distribuição e transmissão (Tusd e Tust).

Apesar da queda no ano passado, o setor de renováveis do Brasil segue aquecido, com volumes financeiros e de capacidade instalada dos emprendimentos negociados muito superiores aos vistos até 2019, apontou a CELA.

No estudo, a consultoria mapeou 193 transações de projetos de geração de energia renovável de 2014 até 2023, que somam 49,4 bilhões de reais e 52,4 GW em capacidade instalada.

Os dados mostram que o mercado cresceu fortemente nos últimos três anos. Entre 2021 e 2023, foi verificada uma média de 29 transações ao ano, com um total transacionado de 33,5 GW e de 29,5 bilhões de reais, bem acima dos números apurados de 2014 e 2016, quando a média de operações era de 11 ao ano, com volumes somados de 3,2 GW e 1,2 bilhão de reais.

COMPRADORES

Pelo estudo, as instituições financeiras e empresas de petróleo e gás têm sido importantes compradoras de projetos de energia renovável, visando cumprir com suas metas de descarbonização.

Segundo a CELA, outras indústrias que também buscam reduzir emissões de suas operações têm baixa participação nos M&As do setor por darem preferência por parcerias no modelo de autoprodução de energia.

Nesses casos, as indústrias contratam energia por meio dos chamados “PPAs”, compromissos de longo prazo fechados no mercado livre entre geradores e consumidores. Os acordos na modalidade de autoprodução geralmente envolvem investimentos no projeto por parte do consumidor para que ele se enquadre na figura de gerador da própria energia, o que lhe confere benefícios como isenção de pagamento de encargos setoriais.

No ano passado, projetos de autoprodução elevaram sua fatia nos contratos das fontes solar e eólica assinados no Brasil, somando 86,9% do total, segundo levantamento da CELA.

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