Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – As operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) em energia elétrica renovável no Brasil desaceleraram em 2023, mas o setor se mantém atrativo e a expectativa é de melhora do cenário para este ano, disse a Clean Energy Latin America (CELA) nesta terça-feira.
Marília Rabassa, diretora e head de consultoria da CELA, afirma que esse desempenho refletiu o “cenário macro” do setor elétrico, com os preços baixos da energia no mercado livre afetando a assinatura de contratos de compra e venda de energia, e a alta de custos das tecnologias solar e eólica.
“Para este ano, o capex da eólica ainda deve se manter alto, mas o solar já deu uma arrefecida, já voltou a cair um pouco. E o cenário de preços (da energia) está dando uma subida nas últimas semanas, isso dá uma impulsionada no mercado. Mais PPAs (contratos de energia) fechados, mais M&A acontece no setor”, explicou a jornalistas, após evento organizado pela CELA.
Apesar da queda no ano passado, o setor de renováveis do Brasil segue aquecido, com volumes financeiros e de capacidade instalada dos emprendimentos negociados muito superiores aos vistos até 2019, apontou a CELA.
No estudo, a consultoria mapeou 193 transações de projetos de geração de energia renovável de 2014 até 2023, que somam 49,4 bilhões de reais e 52,4 GW em capacidade instalada.
COMPRADORES
Pelo estudo, as instituições financeiras e empresas de petróleo e gás têm sido importantes compradoras de projetos de energia renovável, visando cumprir com suas metas de descarbonização.
Segundo a CELA, outras indústrias que também buscam reduzir emissões de suas operações têm baixa participação nos M&As do setor por darem preferência por parcerias no modelo de autoprodução de energia.
Nesses casos, as indústrias contratam energia por meio dos chamados “PPAs”, compromissos de longo prazo fechados no mercado livre entre geradores e consumidores. Os acordos na modalidade de autoprodução geralmente envolvem investimentos no projeto por parte do consumidor para que ele se enquadre na figura de gerador da própria energia, o que lhe confere benefícios como isenção de pagamento de encargos setoriais.
No ano passado, projetos de autoprodução elevaram sua fatia nos contratos das fontes solar e eólica assinados no Brasil, somando 86,9% do total, segundo levantamento da CELA.