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Abt Cupra concentra críticas na Fórmula E. Mas Mahindra tem culpa no cartório

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A Fórmula E já realizou seis corridas em cinco países diferentes ao longo da temporada 2022/23, que vai se aproximando de sua metade no fim de abril. Com tantas pistas características, vencedores diferentes e um pole em cada corrida, apenas um denominador comum se mantém da Cidade do México até São Paulo: a Abt Cupra não consegue somar pontos. E, apesar do que pode parecer, a culpa não é apenas da equipe alemã — e a Mahindra precisa assumir sua parcela de responsabilidade.

A explicação é simples: o conjunto utilizado pelo time de Robin Frijns e Nico Müller é absolutamente o mesmo da escuderia indiana, que conta com Lucas Di Grassi e Oliver Rowland como titulares. As mudanças ficam por conta dos acertos, e a parceria técnica entre as partes prevê a troca de experiências e evoluções para os dois lados. Claramente, tem sido muito pouco até aqui — e pegou muita gente de surpresa.

“Não, é claro que não [esperava tantas dificuldades]”, admitiu Müller ao braço italiano do portal Motorsport. “Eu sabia que seria um grande desafio. Esse projeto novo sempre teve desafios, que talvez sejam maiores que os de um time que esteja competindo nisso por anos. Isso é claro, mas eu sabia que estava apostando em um time que tem pessoas de alto nível e que sabe exatamente como ter sucesso na Fórmula E”, explicou.

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De todas as 11 equipes do grid, a Abt é a única que ainda não conseguiu um ponto sequer (Foto: Fórmula E)

Esse é o ponto principal: a Abt não é nenhuma novata na Fórmula E. Parceira da Audi na primeira temporada da história da categoria, a marca alemã teve, em seus cinco primeiros anos de competição, uma terceira posição no Mundial de Construtores como pior resultado — e logo na estreia. Nos anos seguintes, três segundos lugares e o tão sonhado título em 2017/18, um ano depois de Di Grassi levantar o de Pilotos em 2016/17.

Assim, o começo difícil até era esperado pelo fato de uma nova fase estar se iniciando, como equipe própria pela primeira vez. A Abt não é a única escuderia nova na Fórmula E em 2023, mas vale destacar que todas as outras incorporaram estruturas já definidas: a McLaren substituiu a Mercedes; a DS Penske ocupa o lugar da Dragon; e a Maserati é uma nova versão da Venturi. Os percalços, de fato, eram esperados. Mas a ponto de ser o único time zerado após seis corridas, definitivamente, não. E Müller admite isso.

“Eu não pensei que seria tão difícil”, reconheceu. “Mas sempre que há uma renovação e você começa do zero em algo, é um desafio. É por isso que eu sabia que não seria um passeio no parque. Mas, é claro, todos esperávamos estar entre os primeiros no início. Mas existem tantos fatores em jogo, muitos deles fora do controle da Abt, que você precisa aceitar a situação, trabalhar e tirar o melhor disso”, destacou.

A fala do piloto deixa escapar um quê de inconformismo com os “fatores fora de controle”, que têm nome e sobrenome definidos: Mahindra Racing. A equipe indiana, que fabrica o trem de força da Abt e praticamente o conjunto inteiro do carro, buscava uma cliente desde o ano passado para se tornar uma das fornecedoras do grid. Disse, inclusive, que devido aos problemas financeiros, a parceria técnica seria uma “fuga de beco”. Se conseguiu fugir de um, no entanto, o time indiano já quebra a cabeça ao se encontrar em outro.

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Lucas Di Grassi sofre com a falta de competitividade da Mahindra em 2023 e precisa forçar além do limite (Foto: Fórmula E)

A Mahindra já chegou ao ponto de se retirar de uma corrida nessa temporada, na Cidade do Cabo, logo após ficar comprovado que a suspensão traseira do carro indiano — uma das poucas áreas em que as equipes estão autorizadas a mexer — corria o risco de não aguentar as oscilações da pista africana. Oscilações essas que são absolutamente comuns em todas as etapas do calendário. Em suma, uma vergonha.

A questão é que a Mahindra não passa vergonha sozinha. Praticamente tudo que afeta o time indiano também resvala em sua cliente, afinal, o conjunto é o mesmo. Assim, a Abt também ficou de fora da estreia da África do Sul na Fórmula E, o que impediu até a participação do piloto da casa, Kelvin van der Linde. Vergonha dobrada. E, ainda que tente manter a cordialidade entre as partes, Nico já dá mostras claras de insatisfação.

“Nossa parceira, Mahindra, também começou tarde”, criticou. “Você pode dizer que eles chegaram tarde ao momento em que os conjuntos estavam prontos e você podia começar a se preparar para a corrida. Sendo direto, não estamos completamente sozinhos, você consegue ver isso neles também”, lamentou.

A equipe indiana até conseguiu um resultado de destaque na abertura do campeonato, com uma pole inesperada de Lucas Di Grassi e um terceiro lugar que foi muito além do verdadeiro nível do conjunto. O contexto, entretanto, ajuda a explicar a situação, assim como na vitória surpreendente de Jean-Èric Vergne em Hyderabad.

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Van der Linde se preparava para substituir Frijns na Cidade do Cabo, mas a suspensão traseira da Mahindra impediu (Foto: Fórmula E)

Na Cidade do México, todas as equipes chegaram absolutamente cruas, com pouquíssima experiência com o Gen3 — que apresenta problemas de confiabilidade desde o surgimento — e os pneus Hankook, o que trouxe uma vontade ainda menor de arriscar movimentos ousados. Assim, em uma prova que praticamente não teve momentos de emoção ou grandes ultrapassagens, a luta do brasileiro para se manter entre os três primeiros foi o grande ponto alto no Hermanos Rodríguez.

Se o início foi animador, a realidade bateu à porta a partir daí. Os 18 pontos somados por Di Grassi no México equivalem a simplesmente quase 70% dos pontos totais da Mahindra na temporada: 26. Ou seja, nas cinco corridas posteriores à estreia, apenas oito tentos foram somados. Fica mais do que evidente que, se não fosse pelo resultado excepcional do brasileiro e pelo caos que vive a Maserati, a equipe faria companhia à sua cliente na rabeira da tabela. Ainda assim, é apenas a sétima e vê NIO e Nissan cada vez mais próximas.

O ritmo de corrida não está lá, então é necessário que os pilotos façam uma grande classificação em todas as etapas para sonharem com os pontos. Qualquer erro significa o fim do sonho de um top-10, como Di Grassi experimentou em São Paulo, assim como uma excelente posição de largada também não garante bons resultados — já que a falta de eficiência do trem de força quase sempre faz o carro andar para trás durante as provas.

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No escuro, Mahindra precisa encontrar meios de buscar a luz na Fórmula E (Foto: Fórmula E)

A missão, daqui em diante, é complicada. A Mahindra precisa, com urgência, entender os motivos que causam a falta de competitividade alarmante desta temporada. O erro da suspensão traseira traz uma sensação de que o problema é mais profundo, diretamente ligado ao conceito do carro, o que dificulta ainda mais a solução.

Focar em alterar a suspensão entre uma temporada e outra vai fazer com que a equipe perca um tempo precioso, que estará sendo usado pelas concorrentes para buscar evoluções em seus conjuntos. No fim, mesmo que melhore, ainda estará um passo atrás das outras — e é isso que preocupa.

A falta de experiência da Abt na operação da Fórmula E como equipe própria é evidente e atrapalha consideravelmente o andamento do campeonato, como atestado por Müller. No entanto, por trás de tantas performances ruins, há muito mais a ser descoberto. E, se não quiser estragar sua história como fornecedora logo no primeiro ano, a Mahindra precisa assumir sua parcela de responsabilidade urgentemente.

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