Marca japonesa foi criticada pela demora em se comprometer somente com carros 100% elétricos. Agora ela está rebatendo
A Toyota é conhecida sobretudo pelos seus veículos híbridos, com o Prius sendo o que mais surge à mente. Mas, com todos os outros fabricantes correndo em direção a um futuro totalmente elétrico, a marca japonesa parece estar atrasada em termos de uma adopção em maior escala de veículos 100% movidos por baterias.
De fato, esta é uma das razões pelas quais o seu CEO, Akio Toyoda, que é neto do fundador da empresa, irá abandonar a empresa em abril. Mas mesmo quando a Toyota se movimenta para desenvolver a sua primeira plataforma dedicada de veículos elétricos, ainda não vai fazer a mudança para uma linha totalmente elétrica e agora está usando a ciência para dizer aos extremistas que vislumbram um futuro com somente carros elétricos que eles estão errados.
Com alguns fatos e números sólidos à mão, o cientista chefe do fabricante de automóveis, Gill Pratt, diz que a melhor abordagem para um futuro sustentável é multifacetada, misturando elétricos com híbridos e outras tecnologias verdes, e não um compromisso completo apenas com carros movidos a bateria.
Automotive News informou em artigo que esta afirmação foi feita pela primeira vez no Fórum Económico Mundial em Davos e, mais recentemente, Pratt repetiu a mensagem de Tóquio, numa tentativa de oferecer algum contexto à estratégia de longo prazo da Toyota.
“O tempo mostrará que o nosso ponto de vista é realmente o correto”, disse Pratt em Tóquio. “De uma forma ou de outra, haverá uma diversidade de grupos motopropulsores utilizados em todo o mundo”.
Em contraste, a Toyota quer vender cerca de 5,5 milhões de automóveis híbridos convencionais e plugáveis por ano a partir de 2030, bem como 3,5 milhões de elétricos, incluindo 1 milhão de automóveis da marca Lexus.
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Portanto, a Toyota não é anti-elétricos, mas acredita numa abordagem diversificada e prevê uma escassez global de lítio, que é o material mais importante utilizado nas atuais baterias encontradas em modelos elétricos e eletrificados. Gill Pratt e a sua equipe concluíram que, para reduzir ao máximo as emissões de carbono, faz mais sentido espalhar a oferta limitada de lítio entre o maior número possível de carros, eletrificando o maior número possível de veículos.
Mas se a pequena quantidade de lítio fosse distribuída por baterias menores, de 1,1 kWh, seria possível fabricar 90 carros híbridos, o que ainda deixaria 10 carros de combustão tradicionais, mas as emissões médias da frota teórica baixariam para 205 g/km. Uma redução maior do que se introduzindo apenas um carro 100% elétrico na frota.
É uma ideia contra-intuitiva, que uma grande frota de híbridos teria um maior impacto positivo nas emissões do que uma frota menor de elétricos, e a Toyota diz que esta nuance se perde nas conversações sobre a adoção de carros elétricos em escala global. Pratt também criticou as ambições das empresas automóveis rivais, chamando-as de “otimistas” e dizendo que as suas declarações normalmente são acompanhadas por uma observação dizendo “se as condições o permitirem”.
“O que tem de mudar é que temos de amadurecer um pouco, e temos de deixar de confiar somente em intenções”, disse ele. “Uma verdadeira discussão é que estas são as limitações no desenvolvimento dos recursos no mundo, tanto os recursos materiais como as infra-estruturas de carregamento e a energia renovável… Se isso for verdade, como é que reduzimos a quantidade total de dióxido de carbono que se vai acumular? Essa é uma discussão madura, não uma espécie de discussão de sonho”.
Segundo a Automotive News, Gill Pratt foi inspirado a aprofundar a questão da bateria pela experiência da sua própria família com um Tesla Model X, que tem mais de 300 milhas de alcance, mas o carro é normalmente conduzido a menos de 30 milhas por dia, o que significa que 90 por cento da bateria é “peso morto”.
Fonte: Automotive News