Por Satoshi Sugiyama e Tim Kelly
TÓQUIO (Reuters) – O presidente da Toyota, Akio Toyoda, deve permanecer uma força dominante dentro da maior montadora de veículos do mundo nos próximos anos e continuará a influenciar a agenda da empresa depois de deixar o cargo em abril, disseram especialistas e pessoas familiarizadas com a companhia.
Toyoda, de 66 anos, anunciou na quinta-feira que deixará o cargo de líder da empresa que seu avô fundou em 1º de abril para assumir o cargo de presidente do conselho de administração. Ele passará o bastão para Koji Sato, 53, presidente da Lexus, marca de luxo do grupo.
Enquanto a fabricante de veículos elétricos dos Estados Unidos Tesla roubava a atenção do mercado, a Toyota e o próprio Toyoda muitas vezes pareceram fora de sincronismo com o restante do setor ao defenderem veículos híbridos e, eventualmente, carros movidos a hidrogênio.
A reação do mercado ao anúncio de Toyoda foi silenciosa – as ações da montadora fecharam com pouca oscilação em Tóquio nesta sexta-feira – já que os investidores apostam que a empresa provavelmente não passará por uma grande reforma no futuro próximo.
“A nova nomeação é menos sobre uma mudança de direção e mais sobre uma consideração cuidadosa da melhor maneira possível de organizar a transferência de poder, evitando interrupções e caos”, disse Julie Boote, analista da Pelham Smithers Associates em Londres.
Aos 53 anos, Sato se tornará um dos poucos “estranhos” – não membros da família Toyoda – a ocupar o cargo mais alto em uma montadora cuja posição e influência no Japão corporativo não podem ser exageradas. A cadeia de suprimentos da Toyota se estende a cerca de 60 mil fornecedores, tornando-a crítica para empregos na terceira maior economia do mundo.
Mas resta saber quanta influência o relativamente jovem Sato poderá exercer, disseram analistas, já que muitos dos executivos ao seu redor serão mais velhos – algo que ainda conta muito no Japão.
O executivo pode não ser capaz de realizar uma grande mudança de estratégia no início, e os próximos anos podem ser uma espécie de “período de aprendizado”, disse Koji Endo, analista sênior da SBI Securities.
Um executivo da Toyota, que pediu para não ser identificado, disse que a montadora caminha para um período de “regra de clausura”, referindo-se a um período na história do Japão em que um imperador aposentado continuou a desempenhar um papel importante na tomada de decisões.
“A Toyota é uma empresa de capital aberto que gosta de fingir que é uma empresa familiar”, disse John Shook, um ex-executivo da Toyota que agora presta consultoria sobre as técnicas de gestão enxuta pioneiras da montadora.
“Escolher alguém muito mais jovem e com o histórico de Sato indica que Akio reconheceu que chegou a hora da mudança.”
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