SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Uma das missões do novo chefe da Ferrari, Fred Vasseur, é evitar que o time cometa os mesmos erros de estratégia que marcaram a última temporada. Mas o francês já avisou que não fará uma caça às bruxas. E levantou a tese de que os processos de decisão, e não as pessoas, podem ser o grande foco de problemas.
“Muitas vezes, quando você está falando sobre estratégia ou estrategistas, você vê apenas o topo do iceberg, e estratégia não é apenas uma questão da pessoa que está no topo do iceberg”, disse Vasseur, em sua primeira coletiva de imprensa como chefe ferrarista, cargo que assumiu no começo do mês.
A julgar pelo tipo de problema que levou a Ferrari a tomar decisões equivocadas, Vasseur tem razão. Em provas como no GP da Hungria, por exemplo, a opção de colocar pneus duros em Charles Leclerc foi tomada com base em informações interpretadas de forma equivocada a respeito da condição da pista. Neste texto, explico com detalhes como esse tipo de processo funciona.
Em outras provas, como na Itália, por exemplo, o torcedor pode ter ficado com impressão de erro de estratégia, mas na verdade a Ferrari tinha menos armas para se defender simplesmente porque o carro não era tão rápido quanto o da Red Bull. À medida que os rivais foram diminuindo o peso do carro, a vantagem inicial ferrarista foi desaparecendo, e Leclerc e Carlos Sainz foram tendo mais dificuldades de fazer seus pneus durarem em comparação com a Red Bull, algo fundamental para dar mais flexibilidade para a estratégia.
“Atualmente estamos discutindo sobre isso, sobre a organização. Quando você está falando sobre estratégia ou aerodinâmica ou outro assunto, você deve evitar focar apenas no topo da pirâmide. Muitas vezes, quando se fala em estratégia, é muito mais uma questão de organização do que do cara que está no pit wall”, defendeu.
“Estou tentando entender exatamente o que aconteceu em cada um dos erros, o que aconteceu ano passado. E procurar saber se é uma questão de tomada de decisão, uma questão de organização, de comunicação”, continuou.
“Muitas vezes, no pit wall, o maior problema é a comunicação e o número de pessoas envolvidas, e não o indivíduo. Se colocar muita gente discutindo sobre a mesma coisa, quando se chega ao resultado da decisão, o carro já está na próxima volta! Você precisa de um fluxo claro de discussão e um fluxo claro de comunicação entre boas pessoas na posição certa. É um trabalho que está em andamento”.