Era difícil imaginar um desfecho mais perfeito para o fim de semana de Carlos Sainz. Alguns dias após uma cirurgia de emergência para retirada do apêndice que o colocou fora do grid na Arábia Saudita, Sainz chegou a Melbourne como dúvida. Só foi confirmado após os treinos da sexta-feira, voou no sábado e brilhou neste domingo (24). O piloto da Ferrari furou uma vez mais o domínio da Red Bull e venceu o GP da Austrália da Fórmula 1 2024.
O resultado marca a terceira vitória de Sainz na categoria, após Inglaterra 2022 e Singapura 2023. Mesmo sem estar fisicamente 100%, soube controlar as ações, uma vantagem grande que conquistou na comparação ao companheiro de equipe Charles Leclerc ao se dar melhor na classificação. Como gente grande, aproveitou a sorte do abandono de Max Verstappen e controlou a prova no Albert Park.
Logo na segunda volta, Verstappen escapou no miolo da pista e mostrou que estava vulnerável. Sainz sentiu e atacou por fora no contorno da curva nove para assumir a liderança. Verstappen, então, avisou que tinha problemas nos freios e o carro estava difícil. Em seguida, fogo na traseira. O abandono foi inevitável. O dia do tricampeão terminou em quatro voltas.
Leclerc foi outro a fazer corrida honesta e garantir uma segunda colocação até tranquila. É a primeira dobradinha da Ferrari desde o GP do Bahrein de 2022. Leclerc terminou próximo de Sainz e certamente com uma pulga atrás da orelha: era possível vencer não fosse pelo erro na última volta da classificação.
Carlos Sainz conquistou a terceira vitória na F1 (Foto: AFP)
Lando Norris ficou com a terceira colocação para a McLaren e chegou a 14 pódios na Fórmula 1. É uma marca, porque supera Nick Heidfeld e se torna o piloto com mais pódios sem uma vitória em toda a história da Fórmula 1.
Em frente ao público de casa, Oscar Piastri ficou com a quarta colocação. Sergio Pérez foi apenas o quinto, após nunca se entender realmente com o carro. Fernando Alonso, Lance Stroll, Yuki Tsunoda, Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen fecharam os pontos.
A corrida ainda contou com dois outros abandonos: Lewis Hamilton e George Russell, a dupla da Mercedes. Hamilton sofreu com problema no motor ainda na parte inicial da corrida, enquanto Russell deu uma pancada violenta na penúltima volta, enquanto perseguia as Aston Martin. Pancada forte e que fez a corrida terminar em bandeira amarela.
Confira como foi o GP da Austrália:
Chegou o dia! Pela primeira vez na temporada, a Fórmula 1 corria num domingo. O clima era bastante semelhante ao dos últimos dois dias. A temperatura ambiente era de 21°C, mas o asfalto chegava a 39°C. As rajadas de vento chegava a até 33km/h. Não havia qualquer chance de chuva ao longo do dia.
A corrida tinha baixas: a Williams tinha apenas um carro na pista, com Alexander Albon. Isso, porque Albon bateu tão forte na sexta-feira que não deu para consertar o chassi. Como a equipe não tinha um reserva, precisou aceitar que teria somente um carro. Aí, porém, decidiu tirar a vaga de Logan Sargeant e passar o outro carro para Albon.
Além disso, o grid tinha duas mudanças em relação à classificação do sábado: Sergio Pérez caiu de terceiro para sexto após bloquear Nico Hülkenberg, enquanto Guanyu Zhou teria de largar dos boxes por conta da decisão da Sauber de colocar uma especificação diferente de asa dianteira no Parque Fechado.
A largada do GP da Austrália (Foto: Reprodução/F1)
Max Verstappen era o pole e grande favorito, seguido por Carlos Sainz, Lando Norris, Charles Leclerc, Oscar Piastri, Sergio Pérez, George Russell, Yuki Tsunoda, Lance Stroll e Fernando Alonso formavam o top-10. Atrás disso, Lewis Hamilton, Alexander Albon, Valtteri Bottas, Kevin Magnussen, Esteban Ocon, Nico Hülkenberg, Pierre Gasly, Daniel Ricciardo e, do pit-lane, Guanyu Zhou.
A escolha dos pneus era diversa. A grande maioria optara pelos pneus médios, enquanto Hamilton, Ricciardo e Zhou tentavam partir de macios. Alonso e Hülkenberg já saíam de duros.
A largada mostrou Verstappen defendendo a primeira colocação, com Sainz, Norris, Leclerc e Piastri segurando os postos. Russell foi bem e tirou Pérez da frente, ao passo que Stroll passou Tsunoda. Hamilton sacou Alonso da frente para assumir um espaço do top-10.
O DRS foi liberado na segunda volta e logo algumas curvas na frente, Sainz sentiu que Verstappen era alvo possível, ajeitou o carro e passou por fora na curva nove. “Perdi o carro, muito estranho”, relatou Max. De qualquer maneira, o GP da Austrália tinha novo líder.
Era apenas o começo da infelicidade do tricampeão mundial. Duas voltas depois, quando Verstappen já começava a ficar para trás de Sainz, a traseira do carro começou a soltar fumaça. “Tenho fumaça e fogo”, avisou. E já recolheu. pela primeira vez desde 2022, Verstappen estava fora de uma prova e via acabar o sonho de 24 vitórias na temporada. Desde o começo, a suspeita da Red Bull era que se tratava de problema nos freios.
Ainda na pista, Leclerc atacava Norris, que lutava para manter a McLaren na frente. Piastri encostava nos dois, mostrando que a briga pelo segundo posto era tripla. Na décima volta, porém, Leclerc entrou e Piastri foi junto. Uma resposta ao pit-stop de Russell, que vinha atrás dele e tinha chance de fazer uma undercut.
Sainz continuava na pista e avisava para a Ferrari que queria alongar o stint de pneus médios. Afinal, tinha controle das ações. Norris, em segundo, era outro que mantinha posição na pista.
Já Hamilton escapava brevemente na curva um, enquanto Pérez reclamava com a Red Bull que a traseira escorregava. O mexicano pararia nos boxes na 15ª de 58 voltas, bem como Norris — que se deu mal e retornou colocado em Piastri, mas atrás. Alonso, que largou de pneus duros, permanecia em atividade e assumia a segunda colocação momentânea.
Hamilton se aproximava de Pérez e buscava o ataque. Inicialmente, parecia que passaria, mas nas retas do Albert Park, ‘Checo’ fazia valer a Red Bull e seu motor Honda. “Esse carro é rápido”, admitia Lewis para os rivais. Mas o que parecia boa notícia para si, por estar atacando a Red Bull, virou pesadelo. O carro simplesmente apagou e obrigou um lento Hamilton a buscar lugar para estacionar. Fim de corrida para ele.
Foi, inclusive, a primeira vez que Hamilton e Verstappen abandonaram a mesma corrida por problemas mecânicos. E o safety-car virtual era acionado. Foi a chance de Sainz e Alonso finalmente pararem nos boxes, na volta 18.
Com a normalidade estabelecida após todas as paradas, Sainz tinha cerca de 1s de vantagem para Leclerc, embora pneus nove voltas mais novos. A Ferrari deu a ordem, então, para que os dois evitassem qualquer embate. Atrás dos dois, Piastri, Norris, Alonso, Russell, Pérez, Stroll, Tsunoda e Albon formavam o top-10.
Carlos Sainz assumiu a liderança na segunda volta (Foto: Ferrari)
Após um momento em que Leclerc era visivelmente mais rápido, Sainz partia para a volta mais veloz da prova três vezes seguidas. E Russell chegava à mesma conclusão de Hamilton voltas antes, ao ver Pérez chegando na traseira no setor de retas da pista. “Esse carro é um foguete”, falou. Pérez logo passou por ele e por Alonso também.
A briga pelo décimo lugar era outra que esquentava. Albon ocupava a posição, mas Hülkenberg atacava. Demorou um pouco, só que claramente passaria uma hora. E passou mesmo, como fariam Magnussen, Zhou e Gasly quando a Williams chamou aos boxes. Mais uma prova em que Zhou escalava o pelotão, inclusive.
Em entrevista na transmissão inglesa da F1, na emissora de TV Sky Sports, Verstappen afirmava que o freio travou logo após a largada. Agora, restava a equipe investigar o fogo.
O fogo em questão no carro de Max Verstappen (Foto: AFP)
Ao passar da volta 32, Leclerc dizia que o desgaste no meu traseiro esquerdo era grande e a Ferrari não poderia esperar muito tempo. Então, na volta 35, foi chamado e parou para colocar novo jogo de pneus duros. Voltou logo na frente de Alonso e Pérez, mas escapou.
Zhou, que fazia boa corrida, parou nos boxes e mais uma vez a Sauber fez uma parada inacreditavelmente lenta por conta de problemas relacionados à porca da roda. Enfim, jogou o piloto para a última posição.
A briga entre Albon e Hülkenberg era retomada e enfurecia Alex. Hülkenberg passou de novo e, quando Albon atacou de volta na curva 12, sentiu que o alemão o apertou para fora. “É muito perigoso”, disse no rádio.
Ainda na pista com o mesmo jogo de pneus que estava bastante desgastado dez voltas antes, Piastri errou na penúltima volta do Albert Park e perdeu muito tempo. Já no giro seguinte, foi trocar os pneus. Na volta seguinte, a 41, Sainz e Norris entraram também.
Sainz voltava com cerca de 6s de frente para Leclerc, que acelerava o passo e cravava a melhor volta da corrida até o momento. Agora, o único piloto na pista com apenas uma parada era Russell, que avaliava com a Mercedes a possibilidade de terminar sem parar de novo. De qualquer maneira, o top-10 tinha Sainz, Leclerc, Norris, Piastri, Pérez, Alonso, Russell, Stroll, Tsunoda e Hülkenberg.
▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!
Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.
