MÃO NO ACELERADOR Julian Mallea comanda plano de expansão da marca no Brasil. Uma das apostas para 2023 é a R 18, estradeira ícone de 1800cc. Claudio Gatti
Globalmente, a BMW Motorrad atingiu o seu recorde histórico de vendas no ano passado, com 202.895 unidades, crescimento de 4,4% em comparação com 2021. A Alemanha, onde está a matriz, segue como o principal ponto de comercialização, com 24.129 motocicletas em 2022. Na sequência estão França (21.223 unidades), Estados Unidos (17.690) e China (15.404).
Destaque para o Brasil, que liderou as vendas na América Latina e ampliou sua participação no mercado premium de motocicletas, com comercialização recorde de 13.051 unidades em 2022 — incremento de 17% em comparação com o ano anterior e equivalente a 51,2% de todas as motos vendidas naregião. As pouco mais de 13 mil motos BMW vendidas ano passado são o dobro das 6,4 mil que chegaram aos consumidores brasileiros em 2016, quando foi inaugurada o parque fabril de Manaus. Seis anos atrás, a marca era a oitava no ranking de vendas da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), com 0,65% de market share — ressalte-se que a marca é de nicho, voltada ao mercado premium. E fechou 2022 com 0,93% de participação geral, na quarta posição atrás de Honda (1ª, com 75% de share), Yamaha (2ª, com 16%) e Shineray (3ª, com 1,61%). No principal segmento em que atua, o Maxtrailm a BMW é líder com a R 1250 GS (5.352 unidades emplacadas e 21,6% de share). Somadas às 2.879 vendidas do modelo F 850 GS e as 541 da F 750 GS, a BMW Motorrad abocanha 35% da categoria. Outro destaque do ano passado foi a G 310 GS, a versátil motocicleta de entrada da empresa, da categoria trail/fun da Fenabrave, com 2.241 unidades emplacadas. “Montamos um programa para atender a garantia de três 3 anos e incorporar revisões sem custo para clientes. Isso facilitou a possibilidade de compra e criou demanda maior”, disse Mallea.
ALTOS E BAIXOS Os modelos S 1000 RR (esportiva), R 1250 GS Adventure (maxtrail) e G 310 (de entrada) são destaques de vendas no Brasil.
1 de 2 ALTOS E BAIXOS Os modelos S 1000 RR (esportiva), R 1250 GS Adventure (maxtrail) e G 310 (de entrada) são destaques de vendas no Brasil.
Foto: Divulgação
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PRODUTIVIDADE A BMW Motorrad investe desde outubro R$ 50 milhões em diversos projetos no Brasil — o aporte se estenderá até 2025. O principal deles é a modernização da fábrica de Manaus, para incremento das áreas de qualidade, produção, logística e expedição. O objetivo é ampliar em mais de 25% a capacidade produtiva, que vai subir de 15 mil para 19 mil motocicletas por ano. A mão de obra vai ser incrementada em 20%. E a integração de um novo galpão à fábrica, em ampliação de 50% da área para 15 mil m², totalizando três armazéns. Com isso, aos poucos, o centro logístico de Itajaí (SC) está sendo transferido para Manaus, ao lado da fábrica. “Isso proporciona melhor integração entre a produção e a distribuição pra nossas concessionárias”, disse o executivo.
Para Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, representante das fabricantes de motocicletas e bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus, os investimentos da BMW Motorrad reflete uma tendência no País. “O Brasil tem grande relevância no mercado global de motocicletas. Hoje somos o sétimo maior produtor mundial, com grande potencial de crescimento”, disse. “Desta forma, o Brasil consolida sua posição de referência internacional, oferecendo ao mercado produtos cada vez mais competitivos.”
Outro foco de investimento da marca é na relação com o cliente e a atenção ao pós-venda. Segundo Julian Mallea, o consumidor brasileiro é mais exigente e conhecedor do produto, em comparação a clientes de outros países, inclusive europeus e americanos. “São pessoas que sabem as características técnicas e nos acionam por diversos canais. Inclusive temos especialistas para interagir nas nossas redes sociais de maneira mais efetiva.” O executivo visa promover mais eventos da marca em 2023 junto às revendedoras — como viagens em grupos —, para fazer os clientes andarem mais de moto e “cumprir o sonho” de estar em cima de uma BMW nas ruas e estradas. “Queremos ampliar essa experiência para os fãs da marca.” As iniciativas vão integrar cada vez mais as mulheres, que já são 16% dos clientes da companhia, índice que aumenta ano a ano — 10 anos atrás era quase zero. “Esse movimento de sair da garupa para ter sua própria motocicleta é muito empoderado e vem crescendo”, afirmou o CEO. “Moto deixou de ser produto etiquetado como masculino.”
Sobre as perspectiva para os resultados ao final do ano de centenário da marca, Mallea avalia que é de “otimismo moderado”. É um período de transição de governo no País, a economia está em ebulição global, com inflação e juros em alta, câmbio volátil e cadeia de supply chain em alerta com a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Mas vamos aproveitar as oportunidades para continuar em evolução.” Nessa estrada de crescimento para a BMW Motorrad chamada Brasil.