O Jeep Wrangler é um ícone do fora de estrada. Em nova geração, ganhou motor turbo, novo visual, e uma cabine transformada, mas não perdeu sua essência. Aceleramos a grandalhona versão Unlimited
Jeep Wrangler
Roberto Assunção
Roberto AssunçãoO carro sem parte da capota, que pode ser toda retirada
Roberto AssunçãoO visual mudou pouco as clássicas linhas quadradas
Foi difícil relaxar na noite que precedeu o teste do Jeep Wrangler. Sentia um misto de inquietação e entusiasmo em rever esse “velho amigo”, com quem me encontrei pela última vez há dois anos, à época na sua terceira geração (chamada JK). Acordei às 4h30 e iniciei uma tensa contagem regressiva até o horário do test-drive. Pode parecer exagero para a maioria, mas não é: estaria novamente ao volante deste ícone do fora de estrada.
A cor laranja Punk’n Metallic destaca a carroceria “quadradona” e os robustos para-lamas estão mais altos e ganharam luzes diurnas. Outras novidades aparecem nos faróis arredondados, com arranjo interno semelhante ao do Renegade. A clássica grade de sete barras fica saltada, o capô foi arredondado e o para-brisa mais inclinado ajudou na aerodinâmica (uma concessão). Atrás, destaque para as novas lanternas. Os tradicionais easter eggs (pequenas surpresas de design) do exterior estão nas rodas e no vidro do para-brisa, fazendo uma referência ao modelo CJ (estão destacados na foto ao lado). Um charme à parte!
Diferente, mas sem perder a essência, o Wrangler ficou 90 kg mais leve com o uso de alumínio na estrutura, capô, portas, tampa do porta-malas e moldura do para-brisa. Do alto dos meus 1,70 m, precisei me arremessar para dentro da cabine – são 27,4 cm de vão livre do solo. Lá dentro, tudo mudou. O quadro de instrumentos possui tela TFT de 7” e a central multimídia é a UConnect de 8,4”. Com Android Auto e Apple CarPlay, ainda mostra informações do funcionamento do motor e do fora de estrada (inclinômetro longitudinal/transversal e ângulo de esterço, por exemplo). O tradicional interior lavável possui drenos no assoalho para escoar a água.
O comprimento de 4,785 m deste novo Wrangler com quatro portas (que ganha o sobrenome Unlimited) é um pouco menor que o do Fiat Toro (4,915 m), e o entre-eixos de 3,008 m ajuda no espaço para as pernas de quem viaja no banco traseiro. Semelhante a um Lego, é possível remover suas portas, baixar seu para-brisa – após soltar quatro pontos de fixação – e, com a ajuda de amigos, até tirar o teto. Tudo de modo bem simples e sem complicações.
O desbravador de trilhas
Sem a capota, com os cabelos ao vento, tentava conter minha empolgação, pois estávamos na mesma unidade exibida no Salão do Automóvel de São Paulo, no ano passado – ou seja, “filho único”. Sob o enorme capô, uma das grandes inovações dessa geração: um motor 2.0 turbo de 271 cv de potência a 5.250 rpm e 40,8 kgfm de torque a 3.000 rpm, associado a um também novo câmbio automático de oito marchas (o anterior tinha um V6 Pentastar 3.6 de 284 cv e 35,3 kgfm e câmbio de cinco marchas). Embora a potência tenha diminuído, é o torque mais alto que faz a diferença. No uso urbano ou rodoviário, o Wrangler anda com desenvoltura e as suspensões macias não deixam a carroceria inclinar demais, além de deixá-lo bastante equilibrado. Uma experiência de condução única.
Jeep Wrangler – Equipamentos
Roberto AssunçãoA cabine foi toda revigorada, com destaque para o novo volante padrão da marca
Roberto AssunçãoO novo quadro de instrumentos tem leitura descomplicada e tela TFT central
Roberto AssunçãoNo momento da partida aparecem a imagem do CJ e do novo Wrangler (acima e próxima foto)
Roberto AssunçãoA central multimídia com tela de 8,4” exibe inclinômetro
Roberto AssunçãoBotão para travar os diferenciais dianteiro e traseiro
Roberto AssunçãoA versatilidade do Wrangler é ajudada pelo amplo porta-malas
Roberto AssunçãoUma placa na tampa do porta-malas traz úteis informações off-road do jipe
Saindo do asfalto, encaramos um trajeto de fora de estrada que não usou 5% de sua capacidade off-road. A configuração avaliada ostenta no capô o logotipo Rubicon, referência a uma das trilhas mais radicais e difíceis do mundo. Localizada na região do Lake Tahoe entre a Califórnia e Nevada, tem 35,4 km de extensão e recebeu nota 10 em grau de dificuldade. Essa versão será oferecida – pela primeira vez no Brasil – a partir do segundo semestre deste ano (sem valor divulgado). Comparado ao Sahara, cujo preço sugerido é de R$ 259.990 (duas portas) e R$ 274.990 (quatro portas), se diferencia pelos para-choques em aço com os ganchos para reboque, pneus lameiros BF Goodrich de 33 polegadas e suspensão elevada em 5 cm. Além disso, o Rubicon possui a tração Rock Trac com os eixos Dana 44, assim como chapas grossas instaladas embaixo do veículo para proteger contra batidas.
Voltando à trilha: a alavanca da tração tem quatro posições (2WD traseira, 4WD High, Neutro e 4WD Low). Um recurso bastante interessante é o Tru-lok – bloqueio eletrônico dos diferenciais dianteiro e traseiro, ou mesmo dos dois, por meio de um botão no console central. A caixa de transferência tem relação reduzida de 4:1 e, ao pressionar a tecla Sway Bar, a barra estabilizadora dianteira é desconectada eletronicamente, permitindo maior articulação da suspensão no uso em trilha – o que ajuda bem na tração. Os ângulos de ataque e de saída são de 43,9° e 37°, respectivamente, e sua capacidade de imersão é de até 76 cm (a até 8 km/h). Foi um teste curto, mas intenso. E mostrou que esse Jeep é como um bom vinho: os anos passam e ele fica cada vez melhor.
Ficha técnica:
Jeep Wrangler Rubicon
Preço básico (2p): R$ 259.990
Carro avaliado: R$ 290.000*
Motor: quatro cilindros em linha 2.0, 16V, injeção direta, turbo
Cilindrada: 1995 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 271 cv a 5.250 rpm
Torque: 40,8 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Direção: eletro-hidráulica
Suspensões: eixos rígidos (d/t)
Freios: disco ventilado (d) e sólidos (t)
Tração: 4×2, 4×4 sob demanda, 4×4 part-time e 4×4 com reduzida
Dimensões: 4,785 m (c), 1,877 m (l), 1,868 m (a)
Entre-eixos: 3,008 m
Pneus: 255/75 R17
Porta-malas: 548 litros
Tanque: 81 litros
Peso: 2.034 kg
0-100 km/h: 7s6**
Velocidade máxima: 180 km/h**
Consumo cidade: 9,3 km/l*
Consumo estrada: 10,2 km/l*
Emissão de CO²: 245 g/km
Nota do Inmetro: C*
Classificação na categoria: D (Fora de Estrada Grande)*
*estimado
AVALIAÇÃO | |
Motor | 5 |
Câmbio | 5 |
Desempenho | 4 |
Consumo | 2.5 |
Segurança | 3 |
Equipamentos | 3.5 |
Multimídia | 4.5 |
Conforto | 3 |
Porta-malas | 4 |
Prazer ao dirigir | 4 |
RESUMO
Um ícone atualizado. O motor 2.0 turbo e o novo câmbio melhoraram bastante sua desenvoltura. |
3.9
OVERALL SCORE |