O novo Mercedes-Benz GLA 200 AMG Line chega apostando em luxo e refinamento extremos, enquanto o Volvo XC40 agora é sempre híbrido plug-in. Qual é o melhor SUV premium?
- Galeria completa: Volvo XC40 Momentum 2021
- Galeria Completa: Mercedes-Benz GLA 200 AMG Line
- Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: os pacotes
- Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: por fora
- Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: por dentro
- Galeria: Mercedes-Benz GLA – interior
- Galeria: Volvo XC40 – interior
- Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: ao volante
- Qual é o seu perfil?
- MAIS NA MOTOR SHOW
Em fevereiro, publicamos em nosso site avaliações completas da nova geração do Mercedes-Benz GLA (leia aqui) e da grande novidade da linha 2021 do Volvo XC40 (leia aqui). São duas estreias significativas no segmento de SUVs premium – o primeiro por ser um modelo totalmente renovado, o segundo por “democratizar” os híbridos plugáveis.
Com a coincidência dos lançamentos, planejamos comparar os dois. Mas a surpresa veio no posicionamento do Mercedes, anunciado depois: o novo GLA chegou mais caro do que o esperado. Esperávamos que ficasse na faixa de preços de entrada do Volvo, que é híbrido, mas, mesmo com motor 1.3 turbo, a nova geração chegou, por enquanto, em versão única (e a marca diz que virão outras, porém mais caras, não mais baratas).
Galeria completa: Volvo XC40 Momentum 2021
Volvo XC40 MomentumRoberto Assunção
O Mercedes-Benz GLA 200 AMG Line custa salgados R$ 325.900, enquanto o Volvo XC40 Recharge – novo sobrenome para as configurações híbridas plugáveis, agora única mecânica disponível na linha – custa R$ 259.950 na versão de entrada Momentum, subindo a R$ 286.950 na Inscription e a indo a R$ 291.950 na topo de linha R-Design.
Galeria Completa: Mercedes-Benz GLA 200 AMG Line
Teto panorâmico é duplo; só parte dianteira abre
Painel tem duas telas de 10 polegadas totalmente integradas
Painel de intrumentos digital possibilita inúmeras configurações
Tela central mostra dados de desempenho, gráficos de consumo, Android Auto… são muitas opções, e com operação fácil
Carregador de celular sem fio
Comandos dos bancos ficam nas portas
Assim, o novo Mercedes-Benz GLA ficou mais caro que os rivais alemães Audi Q3 (leia aqui) e BMW X1, e também que o Volvo. São bastante expressivos R$ 65.950 a mais do que custa este novo XC40 Momentum que você vê nas fotos – e, mesmo considerando o Volvo XC40 topo de linha, são R$ 33.950 a mais. Esta grande diferença de valores se justifica?
Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: os pacotes
Adianto que não pela lista de equipamentos de série, pelo menos. Obviamente, os dois carros são muito completos, trazendo todos os mimos e tecnologias mais modernos disponíveis hoje no mercado – de sistemas semiautônomos sofisticados a seletor de modos de condução, passando por sensor de chuva, retrovisores eletrocrômicos, faróis full-LED e muito mais.
Aqui, cabe um parênteses. Embora ambos tenham sistemas semiautônomos que são capazes de guiar sozinhos por alguns momentos, nenhum deles permite que se tire a mão do volante por muito tempo, por questões de limitação dos sistemas também de legislação de trânsito. Mas, de qualquer forma, o XC40 consegue ser mais um pouco mais “independente” e eficiente no uso as funções de “assistente de direção”, seja no trânsito ou na estrada.
No mais, o XC40 na versão Momentum avaliada aqui é menos equipado que o GLA, obviamente – como você pode ver na tabela de equipamentos (os itens marcados com “O” estão só nas versões Inscription e/ou R-Line). Na versão mais cara, entretanto, o Volvo leva vantagem sobre o rival, ainda que custe menos: só ele tem faróis direcionais, assistente de descidas, leitura de placas de trânsito, luz alta automática, retrovisores externos antiofuscantes com desembaçador e serviço On Call, de concierge e socorro.
O novo GLA 200 AMG Line também tem suas exclusividades em relação ao Volvo XC40, mesmo considerando a vesão topo de linha, com preço mais próximo: estacionamento semiautônomo, banco do passageiro com ajuste elétrico e assistente de desembarque. Pouco, considerando a grande diferença de preço. Mas ele tem vantagens também no visual externo e na cabine. Vamos lá.
Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: por fora
O novo Mercedes-Benz GLA é o que constumamos chamar de “esportivado”. Apesar de a mecânica não ser de esportivo, traz um pacote visual que lhe garante o nobre sobrenome AMG (com o complemento “Line”, que entrega que é apenas uma questão de imagem). Os para-choques são os mesmos dos esportivos da preparadora oficial da Mercedes-Benz, com forma de A-wing (asa em formato de A), e dela também vêm a grade diamantada e cromada e as rodas com aro 20. Para completar, ele tem os “powerdomes” no capô – ressaltos que parecem abrigar um “motorzão” lá dentro (mas, no caso, vem apenas um quatro cilindros mesmo).
Vale notar que o Volvo XC40 na versão R-Design também tem uma pegada esportiva no visual, embora não seja tão agressiva. E o modelo sueco tem, ainda, a desvantagem de não ter o mesmo ar de frescor, não ser tão novidade quanto este novo GLA. Afinal, ele chegou ao mundo ainda em 2018, e mantém o mesmo design até hoje – ou seja, deve estar próximo de sua primeira reestilização. Olhando por fora, portanto, a vantagem é do SUV alemão.
Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: por dentro
O GLA aumenta a vantagem na cabine, e não apenas pelo pacote AMG Line – que inclui detalhes tipo fibra de carbono, pedaleiras esportivas, volante com base achatada (como nos Mercedes-AMG) e bancos esportivos. Estes, além de acomodarem bem o corpo, têm ajuste de comprimento do assento manual e os demais elétricos – como nos Mercedes maiores, com comandos na porta (só o do suporte lombar fica no próprio banco).
Mas o que chama mais atenção dentro do GLA são as partes com as quais se tem mais contato visual e tátil: acabamento e painel. Em relação ao primeiro, é nos materiais mais nobres e nos detalhes que o Mercedes garante um clima geral um pouco mais sofisticado do que se vê no rival.
Galeria: Mercedes-Benz GLA – interior
Na estrada, quanto mais se roda, mais a vantagem de consumo do Volvo diminui. Seu desempenho, porém, é sempre bastante superior
O GLA capricha no material dos bancos (Alcantara), que ainda têm mais suporte para pernas e corpo, tanto atrás quanto na dianteira
. Os porta-malas são quase iguais
A tela central, também de 10,2 polegadas, é sensível ao toque e instalada em total continuidade com a do cluster. Mostra de dados multimídia a informações do carro, com belos gráficos de potência/torque e de consumo, por exemplo. Após certa adaptação, fica fácil controlar tudo, seja pelos comandos de voz ou pelos botões e mini-touchpads no volante. Se não quiser usá-los, há também o touchpad grande no console, com os tradicionais atalhos – navegação, carro, etc. – agora perfeitamente integrados ao Android Auto.
Galeria: Volvo XC40 – interior
O Volvo XC40 tem um interior clean, obviamente com bom acabamento, mas que perde o brilho diante do Mercedes
O cluster digital com pouca versatilidade
A tela central vertical
O seletor dos modos de condução
Os comandos físicos do som (o ar só é controlado pela tela)
Para quem vai atrás, o XC40 é menos confortável, com o assoalho um pouco mais alto, assentos mais curtos e encosto mais vertical, além de ter uma visibilidade pior
O Mercedes-Benz tem o tipo de interior tão belo e tão bem construído que faz o do Volvo – que não é nada ruim, obviamente – perder o brilho. O quadro de instrumentos digital do rival sueco não tem tantas opções de visualização, permitindo só mudar o estilo geral. E a tela central de multimídia/funções é vertical, deixando a visualização do navegador, por exemplo, muito pequena. Além disso, algumas das opções não são tão fáceis de acessar, roubando mais a atenção do motorista, que precisa tirar os olhos da estrada. E, por fim, o acabamento também não impressiona tanto quanto o do rival.
Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: ao volante
Ao volante, no entanto, o Volvo vira o jogo. Porque se o GLA, apesar do sobrenome AMG, vem com um moderno – porém um tanto tímido – motor 1.3 turbinado de 163 cv e 25,5 kgfm que é capaz de desligar dos quatro cilindros para poupar combustível, o XC40 tem uma mecânica híbrida, com um motor a gasolina tricilíndrico 1.5 turbo de 180 cv e outro elétrico, de 82 cv – ambos dianteiros, totalizando 262 cv e 43,3 kgfm. Os dois SUVs têm câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas.
A diferença entre os motores é de significativos 99 cv e 17,8 kgfm, aproximadamente o que oferece o 1.0 turbo de um VW Up TSI. Ela não é exatamente refletida no 0-100 km/h: enquanto o Mercedes leva 8,7 segundos – o que não deixa de ser surpreendente para sua motorização –, o Volvo cumpre a mesma prova em 7,3 segundos.
Na prática, porém, a diferença é bem mais sentida: em retomadas, o XC40 é bem mais ágil do que o rival, e do que sugerem tais números, respondendo sempre com muito mais prontidão e sem parecer ter que se esforçar tanto quanto o GLA. Influencia nesta sensação também o fato do motor elétrico “preencher” os vazios do indesejado turbo lag – por mais tímido que ele seja no GLA.
Um dos focos principais de ambos, no entanto, é a economia. Neste ponto, o XC40 é sempre melhor – e, dependendo do uso, chega a humilhar o rival. Isso porque, carregando o XC40 sempre, seja na tomada comum (um uma noite), seja em pontos de recarga rápida (o que leva poucas horas), ele é capaz de alcançar marcas de consumo impressionantes.
Em trajetos urbanos com 15 a 20 quilômetros, as médias do XC40 ficaram entre 50 e 75 km/l nos testes práticos, porque ele aproveita ao máximo o uso da bateria. Já saindo de casa com carga total e rodando no modo híbrido até ela acabar – o que ocorreu apenas após circular por 75 quilômetros dentro da cidade (e, coincidentemente, a mesma distância na estrada), a média final de consumo – em ambas as situações – ficou em 25 km/l.
E, ainda, rodando até 100/150 quilômetros, a média se manteve acima dos 16 km/l. Depois disso, quanto mais você rodar sem recarregar, mais a média cai, então a vantagem do XC40 só se reduz em viagens mais longas (se não puder recarregar enquanto toma um café ou almoçar no caminho: algumas estradas em SP e RJ já têm carregadores).
O GLA não é híbrido, mas se esforça para poupar gasolina. No modo Eco, ao aliviar o pé direito nas desacelerações ou em descidas, ele desacopla o câmbio. Além disso, sem que se note, desativa dois cilindros. Na cidade, isso significa marcas de 10 a 11 km/l (como no PBEV/Inmetro). Já na estrada, a 120 km/h, o conta-giros marca 2.000 rpm em sétima marcha, com baixíssimo ruído, e o GLA também faz “banguela”. O consumo ficou em 15 km/l, melhor que o oficial.
No mais, a sofisticação maior da cabine do GLA também é vista na dirigibilidade: sistemas de direção e suspensões têm calibração e respostas mais satisfatórias e precisas. São pontos que se sente claramente ao volante, e que sempre destacaram os Mercedes-Benz mesmo diante de rivais “mais diretos” como BMW e Audi. Há um cuidado maior com os ajustes finos, o que se nota depois de algumas centenas de quilômetros e diferentes situações de uso – principalmente em uma serra sinuosa.
Qual é o seu perfil?
No fim, o ideal seria algo que não existe: um SUV com a construção – direção, suspensões, freios – e a cabine do GLA e a mecânica híbrida com potência e economia muito superiores do XC40.
Caindo na real, a melhor escolha, pensando apenas em custo-benefício, é o Volvo XC40 – eleito nossa Compra do Ano 2021 pela tecnologia híbrida, pelo preço mais baixo e pelo pacote como um todo. Além disso, para quem eventualmente encara estradas de terra, embora as suspensões do Mercedes atuem com mais silêncio, o Volvo leva uma boa vantagem no vão livre do solo (21,1 cm, ante apenas 14,2 do rival mais urbano).
Mas há também a questão do perfil. Se dinheiro não é problema, vamos lá: para quem quer um SUV para uso principalmente urbano e viagens de curtas ou médias distâncias, o Volvo XC40 amplia a vantagem. Já quem costuma fazer viagens mais longas e prioriza a vida a bordo, a beleza e o acabamento da cabine, a sofisticação e o ajuste fino da dirigibilidade, vai preferir o Mercedes GLA – a despeito do seu desempenho inferior.