Quando a sexta geração do VW Polo foi lançada no Brasil, em 2017, a campanha de televisão (veja aqui) de lançamento chamava o modelo de “Mini Golf” – uma estratégia de marketing para destacar as semelhanças entre os dois modelos e mostrar que o Polo compartilha muitas das qualidades e recursos do Golf, mas em um pacote mais compacto e acessível.
Agora em 2023 a Volkswagen lança o Polo Track, como sucessor do Gol, com uma abordagem de comunicação (veja aqui) que associa o Polo Track com características reconhecidas do Gol, como robustez e resistência.
Plataforma MQB
Afinal, o Polo Track é um Mini Golf ou um sucessor do Gol? As duas coisas. O Polo Track mantém a plataforma MQB da Volkswagen – que estreou em 2012, no Golf de 7ª geração, uma arquitetura que é usada atualmente em carros premium como o Audi A3 Sedan 2023.
Desssa forma, do ponto de vista estrutural de monobloco, o Polo Track continua sendo derivado do Golf, e isso significa características como elevada rigidez estrutural, padrão mundial de segurança, e excelência em dinâmica de condução. O Polo Track, porém, é o carro da Volkswagen mais simplificado e acessível criado com base na plataforma MQB, e nesta verão ele incorpora alterações na suspensão para reforçar qualidades do Gol.
O Polo Track tem uma suspensão 1,7 cm mais alta que as demais versões do Polo 2023, além de melhores ângulos de entrada e saída. Isso o torna adequado para pessoas que usam o carro em pisos deteriorados, e para uso profissional.
O Polo Track tem altura livre do solo de 16,6 cm – 1,7 cm a mais que o Polo 1.0 MPI (14,9 cm). O ângulo de entrada do Polo Track é de 17,2 graus, e o de saída é de 28,8 graus. Esses indicadores tornam o Polo Track melhor preparado para enfrentar buracos, valetas, lombadas e entradas íngrimes de prédios. Praticamente impossível raspar a dianteira – nesse aspecto ele se assemlha a um SUV, e ao Gol (altura mínima do solo de 16,3 cm).
Entretanto, mesmo com a suspensão elevada, o Polo Track mantém uma característica que ele herda do Golf (via plataforma MQB) que é a excelência em dinâmica de condução – e nesse aspecto ele é muito superior ao Gol. Isso decorre, em parte, da maior largura. O Polo Track, com 1,75 metros de largura é 10 cm mais largo que o Gol, que mede 1,65 metros na dimensão transversal.
Isso se reflete nas bitolas – distância entre as rodas. O Polo Track tem bitola dianteira de 1,52 metros – 10 cm maior que o Gol (1,43 metros), e bitola traseira de 1,506 metros, contra 1,41 metros do Gol. Some-se a isso pneus mais largos no Polo (Polo – 185/65 R15; Gol – 175/70 R 14), e uma distância entre-eixos que é 11 cm maior (2,57 cm no Polo, contra 2,46 metros no Gol), e o resultado é um carro muito mais estável em curvas, mais plantado no chão, e com estabilidade direcional superior – características típicas de Golf.
Motorização
O Polo Track vem equipado exclusivamente com o motor 1.0 MPI (naturalmente aspirado), com 84 cv e 10,6 kgfm de torque quando abastecido com etanol, e 77 cv e 9,6 kgfm com gasolina, associado sempre com uma transmissão manual de 5 marchas (também a mesma do Gol). O resultado é uma performance contida, tendo que empurrar um carro com 1.054 Kg – 45 Kg a mais que o Gol 1.0 (1.009).
Consumo e desempenho
Segundo dados oficiais, o Polo Track acelera de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos (mesmo número do Gol 1.0), mas é mais veloz (169 Km/h, contra 164 km/h do Gol) em função da melhor aerodinâmica. Entretanto, andando em Brasília, a mais de 1.000 metros de altitude, os 13,4 segundos parecem bem otimistas. O número real deve ficar em torno de 16,6 segundos – como o medido pela revista Auto Esporte.
Na prática o Polo Track é um carro relativamente ágil ao sair da imobilidade – até uns 50 km/h, mas quando continuamos a acelerar a limitação do motor fica clara, já que o carro demora a ganhar velocidade, e exige certo cuidado em monobras de ultrapassagem em ambiente urbano. Em rodovia o Polo Track vai bem, mas também ultrapassagens em vias de mão única exigem cuidados adicionais.
Consumo
O consumo, porém, é um aspecto bem positivo. Conseguimos médias de uso em Brasília sempre superiores a 15,5 km/l – números melhores que os do INMETRO. Em rodovia obtivemos 19 km/l.
Quadro Comparativo – Polo x Onix x HB20 Sense (grifo azul para o vencedor, grifo vermelho no perdedor)
Dimensão | Polo Track | Onix 1.0 | HB20 Sense | |
Preço | básico | R$80.490 | R$82.490 | R$79.490 |
completo | R$84.640 | R$84.140 | R$81.090 | |
Dimensões | Comprimento (metros) | 4,07 | 4,16 | 4,01 |
Entre eixos (metros) | 2,56 | 2,55 | 2,53 | |
Largura (metros) | 1,75 | 1,73 | 1,72 | |
Vão livre do solo (cm) | 16,6 | 12,7 | 16 | |
Pneus | 185/65 R 15 | 185/70 R 14 | 175/70 R 14 | |
Motor | Potência | 77 cv / 84 cv | 78 cv / 82 cv | 75 cv / 80 cv |
Torque | 9,6 / 10,3 kgfm | 9,6 / 10,6 kgfm | 9,4 / 9,6 kgfm | |
0 a 100 km/h (s) | 13,8 / 13,4 | 14,4 / 13,3 | 15,4 / 14,5 | |
Consumo (km/l) | urbano – gasolina | 14 | 13,3 | 13,3 |
urbano – etanol | 9,6 | 9,4 | 9,6 | |
rodoviário – gasolina | 15,4 | 16,6 | 14,6 | |
rodoviário – etanol | 10,9 | 11,6 | 10,4 |
Equipamentos
O Polo Track vem de série com quatro airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e bloqueio eletrônico do diferencial (XDS+). Freios a disco na dianteira, e a tambor na traseira.
As rodas são sempre de aço de 15 polegadas, montadas em pneus 185/65 R15, com calotas em preto. Os faróis são de halogênio.
No quesito conforto, o Polo Track traz ar condicionado, direção com assistência elétrica, vidros dianteiros elétricos. As portas tem travamento central elétrico, assim como o porta-malas e bocal do tanque de combustível.
Já os retrovisores tem controle manual, mas interno. O volante não tem ajuste de altura ou profundidade, mas o banco do motorista pode ter seu assento ajustado em altura.
O modelo testado conta com o pacote de opcionais Rádio Media Plus, de R$ 900, que agrega 4 alto falantes, indicador multifunções, rádio Media Plus II, tomada USB tipo C e volante de direção multifuncional.
Comportamento dinâmico
O Volkswagen Polo Track é um carro de rodar sólido, que transmite se tratar de um carro robusto. A carroceria não torce – revelando uma elevada rigidez torcional.
A suspensão de 16,7 cm de altura livre do solo se mostra excelente para uso em vias esburacadas – situação que o Polo Track parece flutuar sobre os buracos e crateras. De fato, a suspensão mais robusta do Track é o grande diferencial em relação às demais versões (que não mais baixas).
A posição de dirigir, mesmo sem ajuste de volante, é excelente para pessoas de estatura mediana. O conforto interno bom, e a transmissão se mostra muito suave.
O motor 1.0 não faz milagre, e o desempenho é contido, mas compensa no consumo – relativamente baixo na categoria.
Um aspecto que não gostamos foram os faróis de halogênio com performance de iluminação muito inferior às versões de LED das demais versões do Polo. Seria interessante a VW colocar, ao menos como opcionais, os faróis de LED – que são bem superiores em termos de facho e de qualidade de luz.
Conclusão
O Polo Track, como sucessor do Gol, representa um enorme avanço. Mantendo o mesmo preço, é um carro maior, mais espaçoso, dinamicamente incomparavelmente melhor, e mantém as características de robustez e confiabilidade do Gol, com consumo similar.
Vídeo – Teste drive Novo Polo Track 2023