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Teste Mercedes-AMG CLA 45S: 2 litros fazem 421 cv

Com direito a motor assinado pelo engenheiro, é um esportivo em pacote concentrado

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De certa forma, uma pena as montadoras não investirem mais no desenvolvimento de motores a combustão. A eletrificação chegou, sabemos disso, mas onde a engenharia estava chegando é algo para se admirar. Um belo exemplo está no Mercedes-AMG CLA 45S, o cupê de 4 portas equipado com o motor 2.0 mais potente produzido em linha, com nada menos que 421 cv. Lógico que muito foi aplicado pra chegar a isso.

Apesar de ser, ao lado do A 45S, uma quase porta de entrada para o mundo AMG, a divisão esportiva não economizou nem um pouco para fazer um legítimo esportivo em um pacote concentrado, praticamente na medida certa para agradar até o mais exigente motorista/piloto sem dever aos irmãos maiores. 

Obrigado, Tobias Römer

Não tenho idéia de como o alemão chamado Tobias é. Só sei que ele é um engenheiro que trabalha em Affalterbach, na planta da Mercedes-AMG, produzindo motores. O CLA 45 S é um dos que recebe o “one man, one engine”, onde um engenheiro é o responsável pela montagem completa do motor, que depois recebe uma plaqueta assinada por ele na capa. Achou que isso seria exclusividade dos motores V8 da AMG? Negativo.

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Tive que parar alguns bons minutos para estudar toda a engenharia envolvida nesse motor, chamado M139 – o sucessor do M133 que estava na geração anterior dos AMG compactos. Do M260, o 2.0 “normal” da Mercedes-Benz, ele usa apenas o bloco e as dimensões de curso e diâmetro – 92 mm e 83 mm, respectivamente, com 1.991 cm3 de litragem. De resto, nada é compartilhado, nem mesmo o cabeçote, que é talvez uma das grandes “mágicas” do M139.

Os engenheiros resolveram inverter a posição de escape e admissão no novo motor. Ou seja, temos escape – com o turbo – virado para a parede corta-fogo, e a admissão para frente. Genial! Com isso, eles puderam encurtar o tamanho do caminho percorrido pelo ar, além de fazer um trabalho de aerodinâmica para a admissão. No escape, o turbo ao fundo permite uma tubulação mais curta – e rápida -, detalhes que fazem a diferença quando você quer ultrapassar os 400 cv em um motor apenas 2.0.

Por dentro do motor, pistões forjados e anéis de baixa fricção, mas tudo pensado para trabalhar com 2,1 bar de pressão de turbo. Cilindros revestidos em material vindo da Formula 1 para reduzir atritos. O próprio bloco tem reforços e totalmente em alumínio. No cárter, refletores para garantir lubrificação mesmo em curvas e usos mais severos. Tudo o que um V8 biturbo dos AMG maiores possuem, ele também tem direito a carregar. 

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O sistema de injeção é composto pela injeção direta, que trabalha em boa parte do tempo, e mais 4 bicos indiretos, no coletor de admissão, para alimentar os 421 cv. Toda a refrigeração foi pensada no uso em pistas, e até a capa do motor tem a missão de direcionar ar para o turbo, lá no fundo do motor, além da própria refrigeração dele com líquido – afinal, é peça fundamental nisso tudo. Falando nele, é de duplo fluxo, roletado e chega a 169.000 rpm. O resultado: 421 cv e 51 kgfm de torque.

Não basta andar…

Mesmo se o CLA 45 não estivesse vestido de Amarelo Sol, por si só ele chama a atenção. A carroceria cupê encanta, além de remeter aos modelos mais caros, como o AMG-GT 4 Door, com a dianteira baixa, grade destacada e faróis finos. As grandes entradas de ar reforçam que ali não está um carro simples, mas um esportivo de verdade. Na traseira, 4 saídas de escape em preto com a inscrição AMG são o ponto final de um belo ronco, digno de um esportivo.

Mas o mais incrível é como o CLA 45S demonstra ser um esportivo. Por dentro, volante de base reta vindo dos irmãos maiores, com seletor de modos de condução e de escape, aletas para trocas de marchas e o painel de instrumentos digital que assume um visual exclusivo AMG, destacando o conta-giros, entre as configurações. Há o sistema MBUX, com comandos por voz e espelhamento de smartphones, e sistema de som assinado pela Burmester. Bancos te abraçam, mas não só isso.

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É difícil passar mais de 400 cv para o chão, principalmente em um carro menor. Mas o CLA consegue fazer isso com o câmbio Speedshift, o dupla embreagem com 8 marchas e o sistema de tração integral que permite distribuir não apenas a força entre os eixos, mas para cada roda no eixo traseiro. Ainda é um carro desafiador para andar rápido, mas muito mais controlável que um Porsche 911 ou BMW M3, por exemplo – e estamos falando de duas boas referências.

A suspensão tem um papel fundamental nessa equação. Amortecedores adaptativos e molas foram projetados especificamente para os AMG 45S. Partes usam alumínio para reduzir o peso sem perder capacidade de rigidez, e até mesmo os freios, com pinças de 6 pistões na dianteira, são presos com um sistema vindo das competições. Na traseira, multilink. E apesar de usar a mesma plataforma dos demais A/CLA/GLA, o 45S tem uma barra estrutural extra ligando os amortecedores dianteiro e uma placa abaixo do motor, aumentando a rigidez torcional e a geometria da suspensão. Ufa.

Levando os 421 cv para passear

Uma coisa que o CLA 45S, assim como outros esportivos, estão conseguindo é se tornarem usáveis no dia a dia. Ao mesmo tempo em que toda esse eletrônica e tecnologias são parceiros para ter o melhor desempenho, também tornam o carro amigável para o uso. Esses 421 cv se tornam dóceis (e alguns até dormem) o suficiente para fazer de um AMG um bom carro para seu uso diário. Lógico que ainda há alguns pontos a observar.

Na onda dos SUVs, carros baixos sofrem ainda mais – parece que a cada dia o asfalto piora e aparecem cada vez mais lombadas e valetas nas cidades, quase que propositalmente. O CLA tem um grande parachoque dianteiro, rodas de 19″ com 9″ de largura e pneus 255/35, a suspensão é baixa. A não ser o cuidado para não perder um pedaço do bodykit ou perder uma roda ou pneu, é um carro normal – e amarelo, nesse caso. 

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Apesar de toda essa força, uma das preocupações da engenharia da AMG foi justamente essa. O 2.0 turbo entrega seus números em rotações altas, mas as baixas tem força o suficiente. Turbo de duplo fluxo roletado, variador nos comandos e diversos outros pontos jogam a favor, assim como a própria relação do câmbio de 8 marchas. Em modos de condução normais (são 6 modos: Slippery, para pistas escorregadias, Comfort, Sport, Sport+, Indivudual, que é configurável, e RACE), as trocas de marchas são suaves, quietas, assim como as respostas do acelerador e motor são suavizadas. O consumo urbano é até aceitável: 8,9 km/litro!

Vai para a estrada? Piloto automático adaptativo, assistente de faixa, alerta de ponto-cego, frenagem automática e, se precisar, sistema de estacionamento automático. Há o Head-Up Display e sistema de som assinado pela Burmester, um pacote de equipamentos de conforto dignos de um Mercedes-Benz. 

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Mas eu ainda precisava de uma chance para realmente curtir o CLA 45S. Estradas dos Romeiros, você será mais uma vez minha Montanha-Russa. Não é o ambiente perfeito para um carro com mais de 400 cv, mas uma dose de diversão deverá conseguir me dar…deve? Conseguiu, tenham total certeza disso. 

Sábado de sol, aluguei um caminhão…

…mentira, não aluguei. Começo a entender o CLA e a estrada no modo Sport. O acelerador já fica mais sensível, o escape ganha um ronco mais encorpado, as trocas de marchas estão mais ariscas e rápidas. Que posição para dirigir espetacular, um banco que te abraça – apesar de não ser os opcionais semi-concha disponíveis na Alemanha -, o volante de base reta com tudo nas mãos, fácil de aplicar. Grandes aletas para trocas de marchas, que ainda não vou usar.

A suspensão fica mais firme. Que espetacular como a carroceria não dobra e a tração distribui a força para me ajudar a entrar e sair das fechadas curvas. O motor parece ainda não me dar os 421 cv, mas já me empurra mais contra o banco, fornecendo mais torque. Ainda está manso, mas já te desafia um pouco mais sua atenção. Os controles de tração a estabilidade ainda estão bem atentos, mas o carro em si não precisa dessa intervenção ainda. 

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Sport+, mais potência e o câmbio já começa a me dar alguns “socos” nas trocas. O escape já estoura a cada troca e os controles deixam o CLA escapar um pouco mais. Os pneus largos fazem um papel fundamental, assim como os freios que, mesmo no limite, estão me respondendo perfeitamente, sem sinal de fadding. O câmbio, aliás, tem sempre um comportamento de dupla embreagem, não tentando simular um automático tradicional – ótimo.

Já rola uma confiança maior entre eu e o CLA. Hora do RACE. Um trecho mais livre da estrada, com curvas mais abertas, basta virar o seletor e agora sim, temos 421 cv. O câmbio? Assume a operação de segurar as trocas para além das 7.000 rpm. O sistema de tração faz os pneus segurarem tudo e, incrível, mesmo no controle de largada, ele não patina rodas a qualquer momento. Que coisa linda, 0 a 100 km/h em 4,2 segundos, retomadas na faixa dos 3 segundos. 

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Mais do que isso, como ganha velocidade facilmente. Quando vi, estava entrando e saindo das curvas em velocidades mais altas do que um carro normal poderia fazer – apenas 911 e M3 fizeram a mesma coisa. Na mão, equilibrado, rápido, divertido. Na rodovia aberta, ele se sente em uma Autobahn. Direção, freios, acelerador afiados e afinados. Os controles eletrônicos não atuam mais como nos outros modos, deixando o CLA escorregar um pouco mais – há um modo Drift, mas achei melhor poupar os pneus de 19″ e limitar meu excesso de confiança. Na volta pra casa, 120 km/h – e chega aos 270 km/h limitado eletronicamente, segundo a AMG.

Mas, como o Porsche 911 e o BMW M3, o Mercedes-AMG CLA 45S tem seu preço: R$ 546.900. Com tudo o que ele fez, além do trabalho dos engenheiros e do Tobias, além de um pacote de equipamentos digno de um Mercedes-Benz, não tinha como ser um carro barato. É um carro para iniciantes? Não, mas não é um carro tão impossível de ser utilizado e tem uma boa linha de aprendizado. Particularmente, nem pensaria em um CLA 35. De troco, nem no A 45S, já que o cupê tem a vantagem do porta-malas de 460 litros sem prejudicar o desempenho. E obrigado, Tobias.

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