Greve do sindicato dos trabalhadores do setor automotivo nos EUA é ampliada em busca de um aumento salarial de 40%
O sindicato de trabalhadores do setor automotivo dos Estados Unidos ampliou, nesta sexta-feira (22), uma greve contra duas das três maiores montadoras do país e convidou o presidente Joe Biden a apoiar os trabalhadores nos piquetes.
O presidente do sindicato United Auto Workers (UAW), Shawn Fain, anunciou uma greve nos 38 centros de distribuição e de peças de reposição americanos de General Motors e Stellantis, as duas montadoras com as quais as negociações estão paralisadas.
Cerca de 5.600 trabalhadores de 20 estados aderiram à paralisação, segundo estimativas do UAW.
“Como vínhamos dizendo há semanas, não vamos esperar eternamente para conseguir contratos justos” nas três grandes montadoras do país, disse Fain em uma sessão informativa.
“Convidamos e incentivamos qualquer um que apoie a nossa causa a se juntar a nós nos piquetes, desde amigos e familiares até o presidente dos Estados Unidos”, acrescentou Fain. “Podem ajudar a construir nosso movimento e mostrar para as empresas que a população nos apoia.”
Este aceno de Fain a Biden chega depois que o presidente americano manifestou apoio às reivindicações dos trabalhadores e afirmou esta semana, em evento na ONU, que “o recorde nos lucros das empresas deveria refletir em melhores contratos para os trabalhadores”.
Ao contrário de outros grandes sindicatos, o UAW ainda não declarou apoio a Biden para a reeleição.
– Ford cede terreno –
“Ainda não acabamos na Ford”, acrescentou o presidente do sindicato. Contudo, reconheceu que a montadora “está levando a sério o desejo de chegar a um acordo”, assinalou. “Na GM e na Stellantis a história é diferente”, acrescentou.
Em nota, a Ford disse que “está trabalhando diligentemente com o UAW para chegar a um acordo que recompense” seus trabalhadores e permita à companhia “investir em um futuro vibrante e no crescimento”.
“Embora estejamos conseguindo avanços em algumas áreas, ainda temos diferença significativas a resolver nas questões econômicas cruciais”, diz o comunicado.
GM e Stellantis, por sua vez, não responderam de imediato a um pedido de comentário.
A estratégia do UAW de ampliar gradualmente a sua ação é parte do que Fain chamou de “greve de pé” – em alusão à histórica greve de “sentados” do UAW na década de 1930 – que tem como objetivo maximizar a influência negociadora do sindicato.
Fain também deixou de lado a convenção do UAW de escolher uma das três empresas como alvo da greve e, ao invés disso, lançou três séries independentes de conversas que pegaram as montadoras desprevenidas.
O UAW busca aumentos salariais de 40%, que igualariam a média dos aumentos recebidos pelos diretores-gerais nos últimos quatro anos.
Outras reivindicações chaves são a eliminação dos diferentes “níveis” salariais, um ajuste do custo de vida e o restabelecimento dos benefícios médicos para aposentados e de uma pensão para os funcionários de menor antiguidade.
Até agora, a greve que já dura uma semana teve efeito limitado nos lucros das empresas, pois nas três plantas onde começou a paralisação são produzidas caminhonetes de médio porte que são rentáveis, mas não constituem as maiores fontes de receita.
Os analistas consideram que o UAW deve ampliar ainda mais a greve, para plantas mais rentáveis, dependendo das negociações.
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