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Qual a troca de motores para o PIB neste ano, segundo Rachel de Sá, da Rico

qual a troca de motores para o pib neste ano, segundo rachel de sá, da rico

Qual a troca de motores para o PIB neste ano, segundo Rachel de Sá, da Rico

Investing.com – Os motores que impulsionaram a economia brasileira em 2023 devem ser alterados neste ano. Após um boom do agro, a indústria extrativa, principalmente do petróleo, além de setores mais cíclicos e que estavam pressionados diante de juros e inadimplência em patamares elevados, podem ser mais favorecidos com a diminuição na taxa Selic, segundo Rachel Borges de Sá, chefe de economia na Rico.

“Começamos a ver o crédito, as concessões melhorarem, a situação das famílias melhorarem um pouco, gradativamente, e isso vai ser um motor por meio da indústria de construção, da indústria manufatureira, que esse ano devem crescer, ganhar e recuperar um pouco de força”, reforça.

Neste mês de março, em referência ao período de comemoração do mês da mulher, o Investing.com Brasil publica uma série de entrevistas com economistas-chefe de referência no mercado financeiro. Antes de Sá, publicamos entrevistas com Helena Veronese, da B.Side Investimentos, e Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos. As três economistas também contaram suas experiências para alcançar o cobiçado cargo em conteúdo publicado pela equipe.

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Investing.com – O mercado ainda pode revisar o crescimento de 2024 para cima? Qual pode ser o motor da economia neste ano?

Rachel de Sá – 2023 foi um ano de surpresas positivas na atividade econômica em vários aspectos, tanto na parte do agro, pois ninguém esperava que fosse ter uma supersafra e que o setor fosse crescer 15%. Quando a agropecuária cresce, carrega uma outra parte da economia, tanto de serviços quanto de indústria. Isso fica muito claro na primeira metade do ano, com serviços de transporte de carga e indústria de processamento bombando. Na virada do ano, começou a ter uma troca de motores, tanto que o agro contraiu no último trimestre.

Tivemos uma surpresa forte no mercado de trabalho, que veio muito resiliente no pós-pandemia, estamos com desemprego nas mínimas desde 2015, o salário real está crescendo bastante. Mas, o crédito ainda está caro. No ano passado, a Selic começou a cair, mas isso demora para ser sentido na economia, ainda era um momento de aperto monetário, mas vemos as famílias com uma renda impulsionada, tanto por mercado de trabalho aquecido, com pessoas empregadas, com maior poder de barganha para aumentar os salários, além de benefícios fiscais aumentados desde 2022, que continuaram e foram elevados em 2023.

Além disso, percebemos um setor de serviços que ainda estava em recuperação pós-pandemia, ainda tinha uma demanda reprimida por serviços. A segunda metade do ano foi muito impulsionada por serviços e, pelo do lado da demanda, pelo consumo das famílias. Teve um outro ponto importante, que foi a queda da inflação, o que ajuda a manter o poder de compra das famílias.

Na parte de indústria, o que puxou foi a indústria extrativa. O setor teve principalmente uma segunda metade do ano muito forte, puxada pela extração e produção de petróleo e, em menor grau, de minério de ferro. Um dos poucos motores que a economia brasileira vai carregar de um ano para o outro é a parte da indústria extrativa, principalmente do petróleo, um pouco menos do minério, neste caso devido a uma desaceleração da economia chinesa. A indústria extrativa deve continuar um motor importante, já a indústria de transformação e a indústria de construção deram um ensaio de recuperação no final do ano e elas devem se recuperar um pouco mais nesse ano.

O crédito e as concessões começaram a melhorar, a situação das famílias melhoram um pouco, gradativamente, e isso vai ser um motor, por meio da indústria de construção, da indústria manufatureira, que esse ano devem crescer e recuperar um pouco de força. O agro deve, inclusive, contrair e, do lado de consumo, seguir forte o consumo das famílias, deve ser um motor importante porque o mercado de trabalho deve seguir resiliente. Os setores mais cíclicos da economia, que dependem mais do crédito, do ciclo de crescimento, devem se tornar protagonistas, além da indústria extrativa.

Inv.com – O patamar do investimento preocupa?

Sá – A expectativa é que o investimento retorne, só que ainda aquém do que já foi observado historicamente, principalmente o investimento privado, porque junto com todos esses movimentos, temos um possível maior papel para bancos públicos. O investimento só acontece quando tiver tanto ambiente de negócios quanto o ambiente macroeconômico e parafiscal que favoreça.

A política parafiscal diminui a efetividade da política monetária. Se há um papel muito robusto de juros subsidiados, com juros abaixo do mercado e da Selic, a taxa básica de juros estrutural teria que ser mais alta. O nível de investimento produtivo é muito impactado por isso, pode ser afetado por uma taxa neutra muito alta.

Então a gente tem algumas reformas que favoreceram a retomada dos investimentos, como a própria reforma do sistema tributário. Avalio que os investimentos vão ter uma recuperação, mas abaixo do necessário para aumentar nosso Produto Interno Bruto (PIB) potencial.

Inv.com – Já começamos o ano com discussão em relação à reoneração de setores que mais empregam. Além desse, quais podem ser os principais embates neste ano?

Sá – A questão da reoneração é uma fase de uma pauta enorme, que é a fiscal. O governo conseguiu e tem sido bem-sucedido em aprovar algumas medidas importantes para aumentar arrecadação. Então o governo, a classe política como um todo, optou por um ajuste pelo lado da receita, o que é mais perigo e é mais difícil, ainda mais com uma carga tributária alta, como é a brasileira em relação a pares emergentes, em relação ao histórico, em relação ao crescimento, enfim, por várias métricas de comparação. Mas é uma escolha da sociedade. Ainda achamos que o governo não vai conseguir o déficit zero esse ano. É um grande problema? Não necessariamente.

O maior problema é erodir a credibilidade do arcabouço fiscal, que não é só a regra nova, e isso conta com o parafiscal. Quando olhamos para as raízes da crise de 2015, ela não foi causada somente pelo gasto público, teve muito uso de banco, fraude, pedalada, mas assim teve muito parafiscal também. É um governo que tem um viés expansionista, então eu acho que isso ainda vai dar o que falar ao longo desse ano.

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