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A indústria de veículos registrou no mês passado crescimento de 17,4% na produção ante igual período de 2023. No total, 189,7 mil unidades saíram das linhas de montagem, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Em relação ao mês de janeiro, esse número representa um aumento de 24,3%.
O balanço foi divulgado nesta quinta-feira, 7, pela Anfavea, a associação das montadoras instaladas no País. O resultado leva para 342,2 mil veículos o total produzido no primeiro bimestre, 8,9% maior do que nos dois primeiros meses do ano passado. A previsão da Anfavea para todo o ano é de crescimento de 6,2% da produção.
O desempenho reflete a melhora nas condições de crédito, em decorrência da queda dos juros, além da demanda firme das locadoras de automóveis. As exportações, por outro lado, não reagem, mostrando queda de 14,1% em fevereiro frente ao mesmo período do ano passado.
Cerca de 340 mil veículos foram produzidos no primeiro bimestre, 8,9% maior do que nos dois primeiros meses do ano passado Foto: Caoa Chery/Divulgação
O balanço da Anfavea mostra ainda que as montadoras eliminaram 72 vagas de trabalho no mês passado, empregando agora 99,8 mil trabalhadores.
Investimentos
Na esteira dos dois planos anunciados nesta semana — a quarta-feira, 6, pela Stellantis e na terça-feira, 5, pela Toyota —, a Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil, revisou o cálculo dos investimentos previstos no setor. Agora, a associação calcula em R$ 117 bilhões os investimentos ativos, considerando os ciclos iniciados em 2021.
Esse montante engloba as montadoras tanto de carros, cujos planos anunciados ou em curso passam de R$ 95 bilhões até 2032, quanto de caminhões e ônibus. No mês passado, a Anfavea divulgou uma estimativa de investimentos da ordem de R$ 100 bilhões até 2029, porém revisou o cálculo diante dos anúncios bilionários dos últimos dias.
Hoje, na apresentação dos resultados do setor em fevereiro, o diretor-executivo da Anfavea, Igor Calvet, destacou que o setor vive um momento de otimismo que vai redundar até o fim do ano em “muito mais investimentos”. “Se colocar na ponta do lápis os valores (anunciados) de 2021 até este ano, são R$ 117 bilhões. Apenas nos dois primeiros meses do ano, falamos em mais da metade: R$ 66 bilhões”, disse Calvet, lembrando que o montante é recorde. “O setor tem vivido um bom ciclo.”
Na quarta-feira, representantes da Anfavea estiveram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para defender os benefícios do Mover, nome do programa federal que prevê, em cinco anos, incentivos fiscais de R$ 19,3 bilhões para as montadoras. Criado via Medida Provisória no fim do ano passado, o programa ainda depende de regulamentação.
Ao explicar por que as montadoras estão anunciando novos investimentos, a direção da Anfavea citou, além do Mover, a aprovação da reforma tributária e a volta, em janeiro, do imposto de importação sobre carros híbridos e elétricos, uma forma de o governo forçar a produção nacional das novas tecnologias.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, sustentou que as empresas não tinham motivos para investir na produção nacional de carros eletrificados quando a alíquota para importar esses veículos era zero. “Isso fez com que as empresas tomassem a decisão pelos investimentos”, comentou.
Fora isso, Leite pontuou que o Mover tem, em sua essência, o incentivo à produção local, uma vez que o foco tributário e regulatório do programa está voltado a produtos em que o Brasil tem vantagem competitiva, como o biocombustível. Mais uma vez, o presidente da Anfavea disse que o Mover, junto da reforma tributária, trouxe previsibilidade para o setor.
Embora a Anfavea não tenha previsões do impacto no emprego, o presidente da entidade prevê um grande potencial de geração de postos de trabalho com os novos investimentos. Com as montadoras operando ainda com ociosidade elevada, Leite afirmou, no entanto, que não acredita em aumento de capacidade instalada da indústria como um todo. A previsão é que as montadoras produzam menos de 2,5 milhões de veículos neste ano, bem menos do que o potencial das fábricas, de 4,5 milhões de unidades.