Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras reduzirá o preço médio do diesel vendido às distribuidoras em 8,18% e o da gasolina em 6,1% a partir de quarta-feira, após meses sem reajustes, diante de um recuo dos valores do petróleo no mercado internacional utilizados como referência.
A gasolina da petroleira estava com o preço inalterado desde 2 de setembro e o diesel desde 20 de setembro.
“Essas reduções acompanham a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”, disse a empresa na nota.
Durante a maior parte do período sem reajustes, os valores praticados no país pela companhia estavam inferiores a indicadores de paridade de preço internacional, o que dificulta importações, conforme cálculos da associação de importadores Abicom, que considera que a companhia deveria ter ajustado para cima os preços.
Os dois combustíveis ficaram mais caros no Brasil do que no exterior apenas recentemente, ao final de novembro, disse a Abicom.
“A Petrobras ficou 95 dias sem reajustar o preço da gasolina 77 dias sem reajustar o óleo diesel, essas defasagens ficaram muito negativas durante período muito grande, desde fim de setembro até poucos dias atrás e a Petrobras não reagiu. Agora que está reduzindo preço internacional, a Petrobras está reagindo de forma muito rápida. Os tempos de reação são diferentes”, disse Araujo.
Em outubro, o diretor-executivo de Exploração e Produção da companhia, Fernando Borges, afirmou que a Petrobras beneficia a sociedade brasileira ao demorar mais para elevar os preços dos combustíveis nos períodos em que os valores estão em alta no mercado externo.
A prática, segundo o diretor disse na ocasião, é administrada dentro de uma banda de valores considerada pela companhia. O executivo reiterou à época, entretanto, que a petroleira segue os valores de mercado, ao mesmo tempo em que evita repassar volatilidades aos consumidores no Brasil.
Dessa forma, Araujo destacou que, apesar de a Petrobras contestar com frequência os cálculos de paridade apresentados pela Abicom, movimentos como o de hoje mostram que seus cálculos não são tão diferentes, em sua avaliação.
Durante 2022, praticamente apenas uma das 10 associadas da Abicom realizaram importações, segundo Araujo, “em função de insegurança de a Petrobras não ter acompanhado ao longo do ano a paridade”.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires destacou que o recuo dos preços da Petrobras era esperado. “O preço do petróleo vem caindo com demanda global menor com crescimento mais fraco de países”, afirmou.
(Por Marta Nogueira; com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)
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