Tanques de combustível da Petrobras em Brasília
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A Petrobras prevê aumentar em 146% sua capacidade de produção de diesel com conteúdo renovável (diesel R), após ter recebido uma autorização adicional da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), disse a empresa à Reuters nesta terça-feira.
“Estamos preparando a companhia para o futuro. Na trajetória para a transição energética, o coprocessamento de diesel mineral com matéria-prima de origem renovável tem se mostrado um caminho industrialmente viável e irá contribuir para um mercado ambientalmente mais sustentável”, disse o diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, em nota antecipada à Reuters.
A Petrobras afirmou ainda que o atingimento da capacidade total para diesel R dependerá da disponibilidade da matéria-prima e das condições de mercado.
Enquanto isso, a empresa ainda busca uma aprovação do governo para o produto participar da mistura obrigatória no diesel tradicional, assim como o biodiesel.
“A ampliação da capacidade de processamento de óleo vegetal na Repar agregará maior confiabilidade e flexibilidade para a produção de Diesel R, atendendo às demandas dos clientes e da sociedade por produtos de menor impacto ambiental”, acrescentou o gerente geral da Repar, Felipe Leonardo Gomes, em nota antecipada à Reuters.
Para efeito de comparação, a capacidade de produção de diesel R seria suficiente para abastecer cerca de 41 mil ônibus convencionais, gerando redução de emissões de cerca de 1.300 toneladas de gases de efeito estufa.
O diesel com conteúdo renovável é o primeiro produto lançado no âmbito do Programa de BioRefino da Petrobras, que investirá, nos próximos cinco anos, aproximadamente 600 milhões de dólares no desenvolvimento de uma nova geração de combustíveis sustentáveis, essenciais para o movimento de transição energética.
Além do benefício ambiental, o diesel R pode ser misturado ao diesel convencional em diferentes proporções, sem a necessidade de adaptações nos motores dos veículos, sem exigir alterações ou mudanças na cadeia logística ou no seu armazenamento, segundo a estatal.
O Programa BioRefino da Petrobras prevê a implantação de projetos de coprocessamento nas refinarias RPBC (Refinaria Presidente Bernardes), Replan (Refinaria de Paulínia) e Reduc (Refinaria Duque de Caxias), além de uma planta dedicada às produções de BioQAv e Diesel R100 na RPBC, com matéria-prima 100% renovável.
Além disso, estão sendo avaliadas novas plantas dedicadas para produção de BioQAv e Diesel R100 na RNEST e no Polo Gaslub, segundo a Petrobras.
MISTURA
O diesel R poderia ter um mandato adicional ao do biodiesel na composição da mistura obrigatória com o diesel fóssil, defendeu o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da petroleira, Maurício Tolmasquim, durante evento na semana passada.
Isso permitiria que o produto fosse misturado ao diesel B, que já conta com biodiesel, atualmente em uma parcela de 12%.
Enquanto não há uma decisão do governo sobre a regulamentação do diesel R na mistura com o diesel, a Petrobras já comercializou dois lotes do produto R5 fabricado na Repar, em setembro de 2022 e abril de 2023.
“A plena utilização da capacidade de produção depende da definição do mandato regulatório para o cumprimento do teor obrigatório do produto no óleo diesel comercializado”, completou a Petrobras.
(Por Roberto Samora)