O estranho caso de Lorenzo Dalla Porta: do título de Moto3 ao WSSP
Foi em 2017 que se estreou a tempo inteiro na categoria, mas ao serviço da Aspar numa pouco competitiva Mahindra fez apenas nove pontos. No ano seguinte foi aposta de uma das principais equipas – a Leopard Racing – e a bordo de uma Honda não desiludiu.
Em 2018 alcançou cinco pódios, incluindo a sua primeira vitória para ser quinto no campeonato. Mais um ano se passou e em 2019 alcançou o título, com uma campanha regular em que falhou o pódio em apenas oito das 19 rondas. Tudo parecia bem encaminhado na carreira de Dalla Porta, que então subiu ao Moto2.
Este ano, Dalla Porta teve as suas últimas chances como piloto substituto na Pertamina Mandalika SAG Team e na Forward Team, disputando sete das oito primeiras jornadas. No entanto, nunca conseguiu pontuar e o 19.º posto em Portugal foi o melhor que conseguiu fazer.
Com o seu desempenho longe do que seria de esperar, Dalla Porta acabou por ir perdendo espaço no Moto2, em especial nas equipas de ponta. Um caso estranho de sucesso no Mundial de Moto3 que não foi replicado no Moto2, que na história raramente encontra eco. Situação semelhante atravessou Danny Kent, mas mesmo o britânico realizou resultados mais fortes: ao longo de duas épocas completas e uma a tempo parcial fez 46 pontos (Dalla Porta fez 36 em três temporadas).
Recuando na história, poucos foram os pilotos campeões de Moto3 ou 125cc que não chegaram ao MotoGP – de forma estável ou não – desde que a atual era começou em 2002. Albert Arenas, campeão em 2020, ainda está a evoluir no Moto2. Kent ficou pelo caminho no Moto2, assim como Julián Simón, Nico Terol e Sandro Cortese, ao passo que Arnaud Vicent não foi além das 250cc.
Num passado mais remoto, ainda na era 125cc/250cc/500cc, era mais frequente que um campeão de 125cc não chegasse às 500cc: dos campeões de 125cc na década 1990, apenas três chegaram em permanência às 500cc: Haruchika Aoki, Loris Capirossi e Valentino Rossi. Nessa altura, era também mais comum que pilotos fizessem carreira só nas categorias mais baixas: Kazuto Sakata, por exemplo, foi constantemente um piloto de destaque nas 125cc entre 1991 e 1999, e nem mesmo depois de dois títulos e dois segundos lugares avançou para as 250cc ou para as 500cc. Caso semelhante é o de Dirk Raudies, que ficou sempre nas 125cc entre 1989 e 1997, pese embora o título em 1993 alcançado de forma dominadora.