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Marfrig quer aumentar rebanho e evitar perdas em mudanças no ciclo do gado

A Marfrig, segunda maior produtora de proteína bovina do mundo, irá aumentar seus investimentos em gado próprio, saltando dos atuais 5% para ter 25% dos animais que abate nas operações da América do Sul. A meta tem como objetivo, segundo o fundador e presidente do conselho de administração do grupo, Marcos Molina, criar uma espécie de colchão de segurança para evitar maiores perdas em futuras mudanças no ciclo do gado na região.

A ideia de Molina é replicar na operação do Sul o modelo existente na América do Norte, onde a Marfrig opera com a marca National Beef, que tem 25% da produção baseada em gado próprio. “Com o abate próprio conseguimos ter um controle maior da cadeia de produção do que quando ficamos só no mercado à vista. A National Beef consegue ter uma estabilidade e uma qualidade maior de produto”, disse o executivo.

Segundo ele, ter esse controle dá maior tranquilidade e estabilidade na operação. Também melhora a eficiência das fábricas, elevando a produção do parque fabril para acima dos 90%, além de aumentar a rastreabilidade dos animais. A meta é ter 100% de gado rastreado até 2025. Fator que é positivo para o País e para as metas de governança ESG, o que deve abrir novos mercados consumidores para a companhia.

O empresário não deu prazo para concluir a operação, mas afirmou que o momento de baixa no mercado do boi gordo é favorável para realizar investimento, avaliado entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Segundo ele, há dois anos um bezerro era vendido a R$ 3,2 mil e uma arroba custava por volta de R$ 420. Hoje, o bezerro está sendo negociado por R$ 1,6 mil e a arroba por volta de R$ 220. Molina afirmou que o aporte deve vir da conclusão da venda dos 16 ativos para a Minerva Foods, acordada em agosto de 2023, por R$ 7,5 bilhões, cuja conclusão está prevista para o terceiro trimestre deste ano. Com o dinheiro, a Marfrig irá aplicar recursos na compra do gado e na redução de sua dívida.

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Divulgação

“O preço da arroba do boi no Brasil é atualmente o menor do mundo, estamos em uma hora boa para investir na compra de gado.”

Marcos Molina, presidente do conselho da Marfrig

CICLO DO GADO

Durante o ano de 2023, a Marfrig teve dificuldades no balanço, reportando um prejuízo líquido de R$ 1,52 bilhão, diante de uma receita de R$ 136,5 bilhões. A turbulência se deu por conta do custo das operações na América do Norte, que enfrenta uma oferta menor de gado devido ao ciclo negativo nos países da região, aumentando o preço da matéria-prima e pressionando as margens.

Para entender o que é o ciclo do gado, precisa-se levar em consideração o volume ofertado. Por exemplo, quando o pecuarista está com muito gado disponível para abate, seja nos pastos ou nos confinamentos, o preço do produto fica menor e ele começa a abater, além dos bois, também as fêmeas que não emprenharam.

O baixo preço da arroba também desestimula o criador a investir em reprodução por inseminação artificial, emprenhando ainda menos vacas. O resultado aparece alguns anos à frente, fazendo o ciclo virar, pois o número de bezerros vai diminuindo, os preços se ajustam e a oferta começa a não dar conta da demanda, diante da menor capacidade de reprodução.

É neste momento que está o mercado nos Estados Unidos, com pouca oferta e altos preços. No Brasil, no entanto, a situação está inversa, mas já existem projeções de uma nova virada no ciclo. Uma pequena diferença entre Brasil e EUA é que por aqui a maior parte da pecuária é criada solta em pasto, em ciclos mais longos, enquanto em território americano é confinada para engorda mais rápida.

Molina prevê 2024 e 2025 como anos saudáveis para a oferta de gado no Brasil, que atualmente pratica os menores preços do mundo. Segundo o executivo, é hora de aproveitar o momento.

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Fábrica de hambúrgueres na cidade de Bataguassu (MS) é uma das plantas que faz a Marfrig ser a maior produtora do mundo desse item (Crédito:Divulgação )

Além do ciclo do gado, o analista Bruno Corano, sócio da Corano Capital, afirmou que a Marfrig também foi muito afetada pela combinação da falta de insumos e o colapso em cadeias produtivas de abastecimento. “As rações para gado e galinha tiveram enorme alta de preço. E eu posso até ilustrar: a Ucrânia, por exemplo, um dos maiores produtores de trigo do mundo, paralisou por meses o fornecimento”, afirmou.

Apesar das dificuldades, a Marfrig encerrou 2023 com boas perspectivas.

• O quarto trimestre marcou o primeiro lucro líquido em quatro períodos, isso graças à BRF e às operações da América do Sul, que tiveram menores custos e maiores vendas.

•  Em todo o ano, a fatia de pouco mais de 50% da BRF contribuiu com 39% da receita total da Marfrig, enquanto a América do Norte teve 44%, e a do Sul, 17%.

•  Apenas cinco dias após a divulgação do balanço de 2023, em 27 de março, as ações da Marfrig apareceram como destaque na semana em cenário global, avançando 11,2% no período.

 

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