Manifestantes exibem cartazes em frente ao tribunal em Nova York onde acontece o julgamento do ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, por tráfico de drogas, em 20 de fevereiro de 2024
Após a seleção do júri que decidirá o destino de Hernández, acusação e defesa apresentaram suas versões, antes de ouvirem a primeira testemunha, um ex-contador que já havia testemunhado no julgamento do irmão do ex-presidente, Tony Hernández, que cumpre prisão perpétua.
“Este poderoso político mantinha em público um discurso no qual dizia combater o tráfico de drogas, mas se associava aos narcotraficantes por trás das portas” para proteger as remessas de droga destinadas aos Estados Unidos, afirmou a promotoria, “abusando” do apoio do Exército, da polícia e da Justiça em troca de “milhões de dólares em propina”.
Concretamente, Hernández foi denunciado por três acusações: conspirar para fabricar e importar drogas aos Estados Unidos, usar e portar armas no contexto do tráfico de drogas e conspirar para usar e portar armas no contexto do tráfico de drogas. Se for considerado culpado de todas as acusações, ele pode receber três condenações de prisão perpétua e mais 30 anos.
A defesa, no entanto, pediu aos jurados que não acreditassem em tudo o que a promotoria alega, e muito menos no que as principais testemunhas possam dizer, muitas delas condenadas que terão suas penas amenizadas por sua colaboração, e agem por “vingança” contra aquele que selou seu destino.
“Vocês não vão ver nenhum vídeo de recebimento de dinheiro, nem e-mails, nem mensagens, nem nenhum sinal de riqueza pessoal” que confirme as acusações da promotoria, afirmou a defesa.
Por sua vez, a primeira testemunha convocada pela promotoria, José Sánchez, que foi contador durante 15 anos da empresa Graneros Nacionales, situada perto de Puerto Cortés, o principal porto de Honduras, disse que havia visto o então mandatário e um sócio de seu irmão Tony Hernández reunidos em duas ocasiones na sede da empresa citada para falar de droga e de proteger “quem a fornecia”.
Repetiu o que já disse em julgamentos anteriores, que o acusado disse ao sócio de Tony Hernández: “Vamos enfiar droga em seus narizes [dos americanos] e eles nem vão se dar conta.”
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