Estradas estaduais de Minas à base de tapa-buraco

estradas estaduais de minas à base de tapa-buraco

Na MG-010, ponte na direção da Serra do Cipó suporta a passagem de apenas um carro por vez. Em outro trecho da mesma estrada, buraco na pista é perigo para quem trafega

estradas estaduais de minas à base de tapa-buraco

Estradas que só veem asfalto nas operações tapa-buracos e a cada temporada de chuvas se deterioram mais, estreitando o espaço dos motoristas, bloqueando sua passagem e trazendo risco de acidentes. Essa é a realidade nas 33 piores rodovias estaduais com trechos pavimentados de Minas Gerais (veja quadro), segundo levantamento da reportagem do Estado de Minas com dados das unidades regionais rodoviárias da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Um terço dessas estradas se encontra no centro do estado (11 vias das regiões Central e Grande BH). Desde o início do mês, a reportagem do EM mostra a falta de condições das rodovias federais e algumas das estaduais mais precárias. Desafios para condutores que, ainda sob ameaça de chuvas, viajam neste carnaval. estradas estaduais de minas à base de tapa-buracoCom a maior malha viária do Brasil, somando 37.642,33 quilômetros de estradas, Minas Gerais tem a capilaridade de suas regiões garantida pela rede de rodovias estaduais. Vias que correspondem a 74% do total (27.763,73 quilômetros). Segundo balanço da PM e da Polícia Rodoviária Federal, as fortes chuvas da última e da atual temporada (2021/2022 e 2022/2023) deixaram 135 segmentos com interdições, dos quais 116 parcialmente bloqueados são estaduais e sete federais. Já os trechos totalmente sem passagem são 11 estaduais e um federal, de acordo com a listagem. Na Região Central, onde há mais vias com segmentos pavimentados em pior estado, somando nove ao todo, destacam-se corredores importantes de ligação inter-regional. Na ligação entre as históricas Conceição do Mato Dentro e Serro, a MG-010 tem dois trechos com erosões tomando metade da pista após a Serra do Cipó e outras três antes da segunda cidade por quedas de barreiras. A própria estrada, apesar de sua importância econômica, turística e social, não é asfaltada a partir da planta da mineradora Anglo American. São 38 quilômetros de leito de chão até a cidade histórica do Serro. O tráfego pesado castiga a superfície da estrada e as chuvas ameaçam a integridade e a trafegabilidade, dependendo da sua intensidade. Também a ligação de Conceição do Mato Dentro pela LMG-739 a Congonhas do Norte e a Diamantina sofre com a falta de condições. A via é estreita, não dispõe de acostamentos e apresenta desgastes no asfalto. O Km 24 teve metade da pista interditada após queda de uma barreira. Mais à frente, no Km 32, outra ribanceira cedeu e soterrou parte da estrada nas proximidades com o Rio Cipó e a Ponte do Nagib, onde o trecho já corre em estrada de terra. Outra importante via da Região Central é a MG-129, que permite ligação de cidades históricas como Ouro Preto, Mariana, Ouro Branco, Santa Bárbara e Barão de Cocais. No Km 80, a pista cedeu e a ponte está ameaçada em Santa Bárbara. Barreiras cederam e engoliram parte da pista nos Kms 164 e 166, em Ouro Preto. Em Ouro Branco, a queda de encostas e rachaduras comprometem metade da estrada nos Kms185 e 194. A MG-262 chegou até a ser uma opção à Rodovia da Morte, a BR-381/262, no caminho ao Espírito Santo, até que as chuvas destruíram boa parte dessa importante via, hoje com pontos de interdição parcial no Km 47, onde uma erosão cedeu parte da estrada em Mariana. Parte do acostamento foi soterrado por uma barreira e no Km 70 os deslizamentos também se acumulam no pavimento. Entre a Região Central e o Vale do Aço, a estrada estadual com mais áreas instáveis ou de interdições parciais é a MG-232, entre Morro do Pilar e Ipatinga. São três trechos parcialmente interrompidos pela pista que cedeu ou por deslizamentos de terra sobre o pavimento. Em avaliação da conservação das rodovias estaduais pelo Departamento de Engenharia Civil da Faculdade Noroeste de MG, o estado da malha estadual foi considerado “ponto-chave nos impactos econômicos causados tanto à população, devido à grande incidência de acidentes e ao aumento da necessidade de manutenção dos veículos, quanto aos cofres do estado, em decorrência da necessidade de obras de remediação, que se tornam mais caras que as de prevenção – e também devido aos valores gastos na recuperação de pessoas que sofreram acidentes rodoviários”.

Manutenção escassa eleva custos

A falta de manutenção das rodovias agrava os custos, o tempo de intervenção e a complexidade para se manter uma estrada em condições de tráfego. É o que mostra trabalho da Escola de Engenharia da UFMG para mestrado em geotecnia e transportes do especialista Henrique de Medeiros Pereira. “Para as vias pavimentadas, são necessárias intervenções em períodos relativamente curtos para restabelecimento de condições de conforto e segurança ao usuário, posto que a vida útil projetada para pavimentos de rodovias é, em média, de 15 anos, e que sua deterioração se dá de forma exponencial.” De acordo com levantamento de 2018 do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), o custo para que a malha rodoviária estadual seja completamente recuperada era de aproximadamente R$ 2,869 bilhões. O orçamento da autarquia visando a este fim para o ano de 2018 era de R$ 330,020 milhões, conforme dados da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag/MG). O indicativo é de que os investimentos em infraestrutura rodoviária, principalmente os voltados à manutenção e reabilitação de pavimentos, deve ser constante para preservar esse patrimônio, como descreve o trabalho da UFMG. A tese mostra que, além dos custos de implantação e pavimentação das rodovias, é necessário dispor de um montante para a conservação rotineira. Isso inclui ações como roçada da vegetação, recuperação da sinalização, remendos superficiais e profundos, além de limpeza e desobstrução de dispositivos de drenagem, principalmente durante o período chuvoso. Nas vias não pavimentadas, são necessárias atividades para conformação da plataforma de rolamento, visando ao tráfego confortável, execução de saídas d’água para escoamento de águas pluviais, evitando assim a presença de atoleiros, e até mesmo a aplicação de camadas de materiais (cascalho, por exemplo) para melhoria das condições de suporte ao tráfego da via. O DER-MG foi procurado e informou que responderá às questões relativas às condições das rodovias na próxima edição.

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