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O ChatGPT tornou palpável o poder da inteligência artificial (IA) para muita gente, mas as possibilidades de uso vão bem além da geração esperta de textos. A startup Cobli, especializada em sensores para frotas e processamento de dados de mobilidade, planeja usar a tecnologia para garantir mais segurança nas estradas e ruas. Para isso, a empresa anuncia nesta quarta, 12, que recebeu um aporte de US$ 20 milhões em rodada liderada por IFC (International Finance Corporation) e Fifth Wall, e participações de Qualcomm Ventures, NXTP Ventures, e GLP Capital Partners.
“Quando olha para dentro do veículo, a câmera com IA detecta uso de celular enquanto o motorista dirige. Quando começam a trabalhar com a gente, nossos clientes descobrem que seus motoristas usam o celular de 30 a 40 vezes por dia ao volante”, conta. O sistema também detecta se o motorista está usando cinto de segurança ou se demonstra sinais físicos de cansaço. Em todos os casos, os algoritmos permitem intervenção imediata da empresa – a promessa de Mourad é que isso reduz acidentes.
Segundo ele, a IA permite também ganhar escala na análise das imagens – sem a tecnologia, a tarefa de analisar horas de vídeo de uma frota de veículos se torna impossível. As câmeras também serão usadas olhando para fora do veículo, o que garante outros dados importantes de telemetria – antes das novas tecnologias, a startup apostava em sensores.
Parker Treacy e Rodrigo Mourad, fundadores da startup Cobli Foto: Cobli/Divulgação
Aporte sem letra
O aporte ocorre em um momento importante para as startups nacionais, que viram as torneiras do capital de risco fechar em 2022 – especialistas estimam que uma retomada é possível no segundo semestre deste ano, mas com um patamar de valores corrigido.
Sem revelar valores, ele diz que o novo investimento garantiu uma avaliação maior para companhia – na crise das startups, tornou-se comum “downrounds”, quando a companhia passa a ser avaliada por um valor menor do que anteriormente estimado pelo mercado.
Mourad afirma que o dinheiro também será usado para uma possível expansão internacional e permitirá que a companhia atinja o “breakeven” – ou seja, quando deixará de operar no vermelho. A aposta do executivo é no potencial do mercado nacional. Segundo a consultoria Berg Insight Fleet Management, 20% dos veículos comerciais no Brasil contam com recursos de telemetria, enquanto nos EUA a marca chega a 60%.
Com isso, a empresa, que tem 400 funcionários, prevê chegar a 500 nos próximos 12 meses – em 2021, a startup previa chegar a esse número no final de 2022. Pode parecer mais um efeito da crise das startups, mas Mourad diz que a empresa é imune a picos positivos e negativos.
“Temos uma base diversificada de clientes em termos de uso de frota, como energia, telecomunicações e saneamento. Isso faz dela uma base pouco elástica. Não tivemos um grande pico na pandemia por conta do aumento do comércio eletrônico e nem estamos sujeitos a baixas grandes”, diz.