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A Fórmula E, categoria de carros elétricos, vai correr em São Paulo pela primeira vez. Na capital paulista, uma pista de 2,96 quilômetros será montada no Complexo do Anhembi, envolvendo o Sambódromo e a Avenida Olavo Fontoura, na Zona Norte. A corrida acontece no dia 25 de março, um sábado, e promete reunir 35 mil espectadores.
Na Fórmula E, o Brasil conta com dois representantes: o experiente Lucas di Grassi, de 38 anos, que lidera a equipe indiana Mahindra, e o jovem Sérgio Sette Câmara, de 24, da chinesa Nio 333. Os pilotos brasileiros esperam que seja uma boa estreia para reunir novos fãs e revelar a importância da categoria no cenário nacional. Além da F-1, o Brasil já recebeu a Indy, e também num circuito de rua no Anhembi. Desta vez, os carros elétricos não vão andar pela Marginal do Tietê, mas os carros vão acelerar no pista do Sambódromo.
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“Eu tento manter minha expectativa no mesmo patamar em todas as corridas. Eu nunca tive uma corrida em casa, porque as categorias inferiores, como Fórmula 3 e Fórmula 2, não correm no Brasil. Então nunca tive essa experiência em um campeonato de elite. Vai ser uma experiência nova para mim. Acredito que vou gostar, mas também uma responsabilidade extra, tem parentes e amigos ali e você precisa saber se preparar para isso. Quero manter a expectativa igual e me preparar como se fosse qualquer outra etapa, sempre me dedicando ao máximo”, disse Sette Câmara.
NA PISTA
O traçado usado no E-Prix da Cidade do Cabo foi elogiado pelos pilotos. Com curvas de alta velocidade, a pista se diferencia do padrão usado na Fórmula E. No Brasil, o circuito do Anhembi terá um desenho mais comum na categoria, priorizando freadas mais fortes para ajudar nas ultrapassagens e recarregar as baterias dos carros.
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“É uma pista boa, com o padrão da Fórmula E. Uma reta longa no Sambódromo, com curvas de baixa, curvas de 90º. A que eu desenhei no Ibirapuera era mais parecida com essa da Cidade do Cabo. Era uma pista que ia do Monumento às Bandeiras até o Obelisco e voltava, um traçado de alta velocidade e em um lugar de São Paulo que eu acho um dos mais bonitos. No ponto de vista de custo-benefício, o Anhembi faz mais sentido, as estruturas, como arquibancada, já estão lá, as salas de imprensa… No Ibirapuera teria de construir tudo, daria até para usar o parque como base, seria interessante. No futuro, quem sabe a gente consegue emplacar uma corrida lá. A pista que eu desenhei foi verificada pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e autorizada. Então é uma questão de querer fazer, quem vai pagar e se vai ter tanta arquibancada. Um problema da Fórmula E é que, como corremos no meio da cidade, não tem muito espaço para receber os torcedores”, alega di Grassi.
A organização da prova em São Paulo afirma que recebeu a autorização da Fórmula E para retirar do traçado original do Anhembi uma chicane no recuo da bateria do Sambódromo. A notícia não é boa para Sette Câmara, que vê a possível mudança como uma vantagem para equipes com bons motores, caso da Porsche, por exemplo.
“Isso seria péssimo para minha equipe, porque beneficia quem tem motor mais eficiente. Quanto mais tempo com pé embaixo, você privilegia as equipes grandes. O que importa é que para os fãs seja uma corrida interessante”, pondera Sette Câmara. “A Fórmula 1 tem entregado corridas muito legais no Brasil. Para o fã brasileiro se convencer de que aquele campeonato é legal, ele precisa ter uma corrida emocionante. Tudo começa com o desenho da pista e se ela proporciona ultrapassagens e pelo visto, no Brasil, será uma das corridas mais fáceis de ultrapassar pelas retas longas e pista larga”.
Apesar das possibilidades, até o momento o traçado do circuito está mantido com a chicane no meio da reta do Sambódromo. Curvas serão batizadas com o nome de grandes estrelas do País, uma delas receberá o nome de Elis Regina.