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Be8: saiba como será a transformação pioneira de cereais em etanol

Líder no mercado brasileiro de biodiesel, a companhia gaúcha Be8 avança em um projeto pioneiro na produção de etanol a partir do processamento de cereais. A empresa obteve aprovação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de financiamento no valor de R$ 729,7 milhões para construção de uma fábrica a 20 quilômetros da sede atual, em Passo Fundo (RS), em uma área de mais de 80 hectares. “Nós mostramos, através desse passo, que acreditamos muito no Brasil e apostamos que as políticas públicas serão cumpridas como ações de Estado, olhando para o avanço dos biocombustíveis”, disse à DINHEIRO Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8.

Do total liberado, R$ 500 milhões virão por meio do programa BNDES Mais Inovação, com recursos disponíveis a projetos de inovação, pesquisa e desenvolvimento, como é o caso dessa nova fábrica, alinhados ao plano Nova Indústria Brasil (NIB), lançado recentemente pelo governo federal.

be8: saiba como será a transformação pioneira de cereais em etanol

Unidade de etanol da Be8 ficará a 20 quilômetros da fábrica de Passo Fundo (RS). Expectativa é de processar 525 mil toneladas de cereais por ano, a maior parte de trigo (Crédito:Divulgação )

be8: saiba como será a transformação pioneira de cereais em etanol

(Anatolii Stepanov)

A perspectiva da Be8 é de processar 525 mil toneladas de cereais por ano para produção de 210 milhões de litros anuais de etanol anidro (que pode ser adicionado na gasolina) e hidratado (consumo direto), o equivalente a 20% da demanda gaúcha. Além do biocombustível, a Be8 também vai produzir glúten, CO2 para a indústria de alimentos e farelo DDGS para alimentação animal. “Na prática, são várias indústrias dentro de um parque industrial”, afirmou o executivo. O trigo deve representar 60% do total de cereais utilizados. O restante deve ficar com triticale, centeio, entre outros.

Essa produção sairá da cultura de inverno no Rio Grande do Sul, estado líder no plantio de trigo no Brasil, mas com espaço para aumentar a capacidade. No verão, a maior produção é de soja. “Vamos dar mais uma opção para a safra de inverno ao produtor gaúcho. Até então, ele só tinha opção de venda para alimentação e, às vezes, para exportação. Com a nossa fábrica, ele terá mais um mercado comprador.”

Com a operação da fábrica, que deve estar concluída em 2026, a expectativa é de que garanta um incremento de cerca de 20% no faturamento do grupo, o que deve significar algo em torno de R$ 1,5 bilhão.

• Em 2022, a empresa alcançou receita de R$ 9,6 bilhões.

• Os resultados de 2023 devem ser apresentados no próximo dia 18, junto com o relatório de sustentabilidade da companhia, mas já há a perspectiva de redução do faturamento, motivado pela queda do valor do biodiesel.

• As obras devem começar no início do segundo semestre desse ano.

O projeto da nova unidade, segundo Battistella, começou a ser pensado há dois anos. “Começamos a estudar como poderíamos participar do mercado de etanol, visto que o Rio Grande do Sul importa esse produto. Havia espaço para utilização de cereais e fomos buscar tecnologia para isso”, afirmou o presidente.

EMBRAPA

Para desenvolver o projeto, a Be8 firmou parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-Trigo), que fica em Passo Fundo. “Foi fundamental para desenvolver o programa de etanol no Rio Grande do Sul. Fizemos convênio com a empresa para que sejam desenvolvidas variedades de triticale para nós, com foco na produção do biocombustível”, disse Battistella. “Em poucos anos vamos ver no campo culturas com excelente produtividade para o agricultor. E que também possa haver a melhor conversão do grão em etanol”, afirmou o executivo.

Dados da própria Embrapa mostram que, quando o Rio Grande do Sul produz soja no verão e trigo no inverno, há um balanço positivo de pegada de carbono. A agricultura do estado passa a incorporar mais no solo do que a eliminar.

Além de avançar em um novo mercado, Battistella considera a iniciativa como mais uma contribuição no avanço da descarbonização no País. “Vai contribuir muito. O etanol do Brasil é muito mais eficiente para o carro elétrico, e o benefício é poder utilizar nos modelos híbridos”, disse. “Iremos começar com o anidro, já que há expectativa de aumento do percentual na mistura com gasolina, que esperamos passar de 27% para 35%.”

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