Ao longo desta série de artigos tenho abordado de forma “leve e fresca” várias temáticas relacionadas com automóveis elétricos (EVs) mas, apercebo-me agora ao tropeçar em mais um comentário na minha página do Facebook, que já devia ter falado do “elefante na sala”: as baterias.
Na verdade, tenho desculpa: para mim, desde que me informei melhor sobre a tecnologia, isto não é um problema real. Mas sei que continua a ser um problema para muita gente. Vou deixar-vos aqui um comentário recebido recentemente via Facebook (corte-e-cola direto):
“E ao fim de 4 ou quando muito 7 anos já a bateria era…”
“E depois quanto custa una nova? Um carro a combustão com 15 ou mesmo 20 anos com a manutenção em dia e bem estimado vale ouro nos tempos que correm”
Automóveis elétricos: então… e as baterias?
Estas garantias normalmente cobrem defeitos de fabrico e avarias não provocadas por acidentes. E, no final do período da garantia, a marca realiza a substituição caso a autonomia tenha passado a ser inferior a 70% (os valores variam consoante os fabricantes, mas 70% é o mais comum). Brevemente, a União Europeia irá legislar no sentido de uniformizar estas garantias, para que todos os fabricantes tenham de respeitar valores mínimos.
Mas, tal como um frigorífico ou uma TV não deixam de funcionar após dois anos, o mesmo acontece com as baterias dos um EVs. O período de 8 anos apenas significa que se algo acontecer nesse espaço de tempo, o fabricante assumirá todos os custos inerentes (reparação ou substituição); não significa que esse seja o tempo de vida útil da bateria!
A declaração acima inclui também uma falácia: «um carro a combustão com 15 ou mesmo 20 anos com a manutenção em dia e bem estimado vale ouro nos tempos que correm». Bem, uma visita rápida a um website de venda de carros usados permite desmentir de imediato a afirmação. Mas a questão nem é essa: a manutenção necessária para que um veículo com essa idade se mantenha na estrada é, potencialmente, de várias centenas (para não dizer milhares) de euros por ano. Em comparação, a manutenção de um EV, qualquer que seja a sua idade é… basicamente nula: não há embraiagens para trocar, nem óleos, nem correias e quase que nem se gastam calços de travão. O que não admira: um EV tem cerca de 10 vezes menos peças móveis que um veículo a combustão.
Vamos então à omissão. A menos que seja um “clássico”, após 15 ou 20 anos, um carro a combustão não tem, basicamente valor comercial porque quer o motor, quer a caixa de velocidades (ah!, a caixa de velocidades… Outra coisa que os EVs não têm!) chegaram ao fim da sua vida útil.
Ora, ainda é cedo para sabermos, porque não existem EVs há tanto tempo, mas após esse período, o mais certo é que o motor elétrico de um EV não precise de ser trocado e que a bateria ainda tenha carga suficiente para que ele continue a poder ser usado. E, no limite, o mais certo também é ter um valor comercial superior ao de um veículo a combustão do mesmo segmento. Mas isso será uma conversa para termos daqui a 10 ou 15 anos!
Para quem tenha interesse e queira perceber a real longevidade das baterias dos EVs (em estudos que incluem muitos EVs de primeira geração – o que significa que os números só irão melhorar no futuro – pode ler este artigo de 2022 e também este, já deste ano.
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