SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) quer implementar 200 quilômetros de faixa azul exclusiva para motociclistas em São Paulo, inclusive nas marginais Pinheiros e Tietê. O anúncio do projeto, nesta segunda (24), foi feito após a cidade atingir no primeiro trimestre o maior número de mortes no trânsito em sete anos.
A medida foi inserida na revisão do Programa de Metas mesmo sem a prefeitura ter a autorização necessária da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para dar início às instalações. A primeira faixa entrou em vigor na 23 de Maio, em janeiro de 2022, e desde então não houve registro de mortes no trecho.
Nesta revisão do Programa de Metas, a gestão municipal modificou a meta para a área. Na versão anterior, o objetivo era “reduzir o índice de mortes no trânsito para 4,5 por 100 mil habitantes”. Agora, o texto traz apenas a promessa de “realizar 18 ações para a redução do índice de mortes no trânsito”.
“Isso [implantação de faixa] considerando que vamos ter dificuldades no atendimento da meta original, na redução da meta de mortes. Estamos, então, ampliando a iniciativa das faixa azul, considerando que uma morte por dia está vinculada a motociclista”, afirmou o secretário.
“O índice proposto era de 4,5, estamos mantendo as iniciativas, mas a gente avalia que o índice de 4,5 será difícil de atingir até lá”.
Segundo o relatório de execução do plano de metas, até dezembro de 2022, o índice de mortes no trânsito era de 7 por 100 mil habitantes.
Os dados apontam que a motocicleta é o meio de transporte mais perigoso na cidade. Entre janeiro e março, foram contabilizadas 83 mortes de motociclistas, representando quase 40% das fatalidades. Os pedestres vêm em seguida, com 70 registros ou 33% dos casos, segundo o Infosiga, sistema de monitoramento de acidentes de trânsito do governo estadual.
O secretário de Mobilidade e Trânsito, Ricardo Teixeira, encaminhou um ofício à Senatran solicitando autorização para ampliar o estudo das faixas azul por toda a cidade, diante dos resultados positivos nas avenidas 23 de Maio e Bandeirantes.
O plano da prefeitura é de implantar as faixas em vias como a rua da Consolação, a Jacu-Pêssego e as avenidas Nove de Julho, Aricanduva, Luiz Dumont Villares, Brigadeiro Faria Lima, Rudge, Ibirapuera e Ipiranga, entre outras.
“Temos um plano de ações para redução do número de mortes, a ação [redução de óbitos para 4,5] não foi deixada de lado. Estamos ampliando, como disse o Chucre é quase impossível, está chegando a quase sete mortes por cem mil habitantes”, disse o secretário de Trânsito.
Entre as medidas para o trânsito, Nunes também citou a contratação de 200 agentes da CET (Companheiro de Engenharia de Tráfego), a compra de 64 novas viaturas, a efetivação de 680 profissionais para o serviço do Samu, o recapeamento das vias e mudanças no sistema semafórico.
“A meta era de 4,5 [óbitos por 100 mil habitantes], optamos por ações concretas. Quando os aplicativos resolveram fazer o transporte de passageiros por moto em São Paulo, a prefeitura foi contundente na defesa da vida das pessoas”, disse o prefeito.
“Se a gente tem uma pessoa que dirige moto e morre por dia, precisamos focar nessas ações como fiscalizações, fazer faixa azul e falar com as associações, os sindicatos para que tenham campanha de conscientização, respeitar a velocidade, usar o capacete. Ninguém está desistindo de metas”, completou.
Em janeiro deste ano, a gestão municipal notificou as empresas de aplicativos sobre a suspensão do serviço de transporte de passageiros por motocicleta, após algumas delas anunciarem o serviço de mototáxi na cidade.