Brasil

Melhora da mobilidade urbana passa pelo incentivo ao transporte público

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Diminuir a densidade de veículos individuais nas vias urbanas requer atrair os cidadãos para o transporte público. E fazer a migração para os carros elétricos significa disponibilizar mais pontos de recarga, que ainda têm números discretos.

“A governança dessa agenda é um grande gargalo no Brasil. Nos transportes, não temos um sistema articulado de tomadas de decisão”, alerta Gilberto Perre, secretário executivo da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que defende a criação de um sistema único de transporte, assim como o SUS é para a área da saúde. “É impossível vencer os desafios do transporte público sem recursos orçamentários compartilhados entre União, Estados e municípios. As receitas tarifárias não sustentam o sistema.”

A pandemia contribuiu para esse cenário deficitário, pela perda de demanda pelo transporte coletivo e o aumento de custos. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) divulgou que o setor de transporte público por ônibus urbano registrou prejuízo de R$ 36 bilhões, entre março de 2020 e fevereiro de 2023. Manoel Marcos Botelho, secretário executivo dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, defende que as parcerias público-privadas componham os investimentos em infraestrutura e em projetos de substituição de frota para veículos elétricos. A preocupação está em diminuir o impacto tarifário para os usuários de baixa renda.

melhora da mobilidade urbana passa pelo incentivo ao transporte público

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Nesse sentido, Ana Beatriz Monteiro, líder da carteira de transportes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, acredita que a solução passa pelo desincentivo ao uso do carro, pela melhoria da qualidade do serviço público e pela consequente atração de pessoas com maior poder aquisitivo para o transporte coletivo. “Hoje fala-se de subsídios para custeio do sistema, mas temos que começar a pensar em financiamentos para frotas com tecnologias mais limpas, o que melhora a qualidade do serviço.”

Gilberto Perre, da FNP, ressalta que o usuário do carro penaliza quem usa transporte público sem pagar nada por isso. “Quando tomamos a decisão de colocar nosso carro na rua, impactamos o trânsito e a eficiência do sistema de transporte cai. O custo aumenta, a tarifa sobe”, observa. “Quem tem mais poder aquisitivo tem que colaborar com esse sistema, mesmo que não o use. Em outros países, uma parcela importante dos recursos que financiam o transporte público vem das contribuições do usuário do transporte individual motorizado.”

Postos de recarga

A onda de eletromobilidade no Brasil, ainda que tímida, já gera impactos na estrutura de abastecimento. Alcançar um número satisfatório de pontos de recarga, principalmente nas rodovias, demorará bastante e demandará altos investimentos. “A transição com a hibridização (uso de energia elétrica e etanol), sem depender dos postos de recarga, aproveita a estrutura atual de mais de 42 mil postos de combustíveis no País”, observa João Irineu Medeiros, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis para a América do Sul.

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