SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na última vez que três estações de metrô foram entregues simultaneamente num mesmo distrito em São Paulo, os bilhetes eram de papel (anunciava-se um cartão de plástico como novidade em fase de testes) e só havia duas linhas no sistema a então Norte-Sul, de Santana a Jabaquara, mais tarde rebatizada linha 1-azul, e a Leste-Oeste, de Itaquera a Barra Funda, depois linha 3-vermelha.
Em 25 de janeiro de 1991, a inauguração das estações Consolação, Trianon-Masp e Brigadeiro marcava o início da operação do trecho Paulista, hoje linha 2-verde. Pela estimativa da concessionária Linha Uni da empresa espanhola Acciona, que está construindo e vai operar o ramal, Perdizes viverá essa experiência daqui a pouco mais de dois anos, com a entrega das paradas PUC-Cardoso de Almeida, Perdizes e Sesc Pompeia.
Junto com um certo pandemônio urbano típico de obras em série barulho, poeira, bloqueio de ruas etc e críticas de moradores à descaracterização de um bairro ainda residencial e relativamente pacato, a construção de novas estações gera também expectativas positivas.
Morador de Perdizes desde 1986, o médico Amarílio Pinto conta que já usou mais carro, hoje prioriza ônibus e metrô e espera que sua vizinhança faça o mesmo embora confesse algum receio de que, com tantos novos prédios, o trânsito do bairro piore. “Tomara que o pessoal siga a lógica de utilizar mais transporte público, já que agora teremos mais opções. Estamos muito atrasados nesse quesito. Para o tamanho da cidade, São Paulo tem uma malha metroviária pequena. Ainda bem que a coisa está andando.”
Desde então, o plano de uma linha ligando a Brasilândia ao centro passando por vários centros de ensino superior, como PUC, Mackenzie, Faap, Unip e Uninove daí porque ficou conhecida como a “linha das universidades”, foi adiado incontáveis vezes.
Iniciadas enfim em 2015, as obras foram paralisadas no ano seguinte, quando as empreiteiras do consórcio então responsável, investigadas na Operação Lava Jato, anunciaram dificuldades em obter financiamento de longo prazo.
Acidentes também atrapalharam o andamento das obras. Em junho, a passagem do tatuzão apelido do equipamento usado na abertura dos túneis do metrô fez o solo ceder e causou a interdição de imóveis na região da Freguesia do Ó, na zona norte.
Em fevereiro do ano passado, o rompimento de uma tubulação de esgoto abriu uma cratera na marginal Tietê, na altura da ponte da Freguesia do Ó, interrompendo os trabalhos próximos à estação Santa Marina por mais de seis meses.
Antes da estreia do trecho Paulista, a entrega anterior de três estações simultâneas no mesmo distrito havia sido entre 1974 e 1975, com a inauguração das estações Santa Cruz, Vila Mariana e Ana Rosa da linha 1-azul.
A abertura de estações de metrô tem relação direta com a demanda imobiliária de São Paulo. O bairro da cidade em que mais são vendidos apartamentos, Vila Andrade, na zona sul, foi há poucos anos contemplado com estações da linha-5-lilás (concluída em 2019) e vive a expectativa de outras da futura linha 17-ouro (prometida para 2026).