Renovado pela segunda vez, ficou mais potente na versão de entrada com o motor 2.0 turbo
Quando a Porsche lançou seu primeiro SUV em 2002, muita gente achou uma loucura. Como uma marca de luxo conhecida por seus esportivos como o 911 poderia lançar um utilitário? O tempo provou que foi uma boa ideia, pois o Cayenne salvou a marca da falência e que era possível trazer a esportividade da empresa para este tipo de veículo. Não foi à toa que o Porsche Macan nasceu em 2014, como uma opção menor e mais acessível – tão acessível que é o carro mais barato da fabricante.
O Porsche Macan logo tornou-se um dos veículos mais vendidos da marca alemã no mundo. Aqui no Brasil, foi o 2º mais emplacado em 2021, com 826 unidades registradas, perdendo para o 911 por uma margem bem pequena, visto que o cupê emplacou 878 veículos. Isto mudou neste ano, com o SUV ocupando a 1ª posição, com 393 veículos vendidos até este momento.
Deveria ter recebido uma segunda geração, mas a Porsche deu uma esticada na vida do SUV enquanto trabalha no novo, previsto para 2024 e com uma versão totalmente elétrica que conviverá com as versões a combustão. Para manter o carro relevante, recebeu uma segunda reestilização, revelada no ano passado e que finalmente desembarca no Brasil após um período de pré-venda.
O que é?
Do lado de dentro, a Porsche trouxe o seu famoso relógio analógico no painel, que equipava apenas as versões mais caras. O volante tem um centro menor e novos botões para controlar a multimídia e o computador de bordo. A grande alteração está no console central, retirando todos os botões físicos para usar comandos por toque, o que liberou espaço para um novo espaço para deixar a chave presencial.
Mais do que o design, a grande mudança está na motorização. Para começar, as versões Macan e a inédita Macan T utiliza o mesmo o motor 2.0 turbo de quatro cilindros, porém entregando 265 cv, 20 cv a mais do que o modelo anterior, enquanto o torque segue de 40,8 kgfm. Porsche diz que, na versão de entrada, o SUV acelera de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos e tem velocidade máxima de 232 km/h.
Quem quer mais desempenho pode optar pelo Macan S ou o Macan GTS, ambos com um 2.9 V6 biturbo. A versão S conta com 380 cv e 53 kgfm de torque. A diferença na performance é bem clara, pois alcança os 100 km/h em somente 4,7 segundos. Já a GTS é a mais extrema, pois entrega 441 cv e 56 kgfm, reduzindo a aceleração de 0 a 100 km/h para 4,3 s, enquanto a velocidade máxima passa a ser de 272 km/h.
Como anda?
Neste primeiro contato com o Macan 2022, a única versão disponível era a básica sem um nome específico. Custa R$ 439 mil, que até a Porsche admite ser mais do que rivais como BMW X3 (R$ 399.950). Porém, os executivos da marca acreditam que os clientes que escolhem o Macan sabem muito bem o que estão levando: mais esportividade do que os concorrentes e uma exclusividade maior.
De fato, ao entrar no carro, fica claro como é feito para manter o máximo da identidade da marca. Ao contrário da maioria dos SUVs, o Macan pede uma posição de dirigir mais baixa, transmitindo uma sensação mais interessante na hora de fazer as curvas. A direção é muito precisa, sem qualquer folga e o utilitário segura qualquer balanço da carroceria, até fazendo você esquecer que está em um carro deste tipo.
Ao girar o controle do modo de direção, posicionado no volante, é possível escolher entre os modos Normal, Sport, Sport Plus e Individual (que pode ser personalizado). Andar no modo normal é o suficiente na maioria dos casos, mas colocar no modo Sport deixa o carro mais picante, com trocas mais rápidas para a transmissão PDK de dupla embreagem e 7 marchas. Curiosamente, este modo também aumenta o som do escapamento, mas não faz o mesmo no Sport Plus.
Claro, isto pode ser um problema para quem gosta de estar em um carro que “conversa” mais com o motorista. Para quem quer um Porsche que pode ser usado no dia a dia e que tem espaço para a família toda, o Macan atende como uma luva. Os bancos traseiros acomodam três adultos e o porta-malas é bem espaçoso, com capacidade para 488 litros.
Me impressionou pelo seu rendimento. Mesmo andando com uma tocada mais rápida para testar o motor e fazendo muitas acelerações mais vigorosas, o computador de bordo registrava uma média de 10 km/litro. E estamos falando de um SUV de 265 cv e que pesa 1.845 kg.
Quanto custa?
A esportividade tem o seu custo. O Porsche Macan 2022 é vendido por R$ 439 mil e, no papel, oferece menos equipamentos que seus concorrentes, além de custar mais. Tem faróis de LED, rodas de 19”, teto solar panorâmico, ajuste elétrico para os bancos dianteiros e coluna de direção, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, sensor de ponto cego, alerta de saída de faixa e central multimídia com tela 10,9” compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
Tem tudo o que é essencial, mas começa a encontrar um problema ao olhar para os rivais. O BMW X3 na versão xDrive30e M Sport, por exemplo, custa R$ 436.950 e traz bem mais equipamentos, como head-up display, painel de instrumentos digital com tela de 12,3”, assistente de estacionamento e mais, além de ser um híbrido plug-in de 292 cv.
Para a Porsche, isto não é um problema. O Macan foi escolhido como o primeiro carro da marca para muitos dos clientes nos últimos anos e que seu DNA esportivo é superior ao de outras fabricantes. Além disso, existe a exclusividade, pois ainda é difícil ver o Porsche na rua, um fator que importa para algumas pessoas ao escolher um carro de luxo.
Particularmente, se eu fosse um milionário e estivesse procurando um carro familiar da Porsche, escolheria o Macan sem nenhuma dúvida. Como aqui no Motor1.com gostamos de carros rápidos, acabaria escolhendo uma versão mais cara, mas é inegável que esta é uma bela porta de entrada para o Macan 2022.
