A Alfa Romeo não lembra em nada aquela equipe potencialmente agressiva que se viu no início da temporada 2022 da Fórmula 1. O atual momento indica um estado de apatia, enquanto o futuro a curto prazo parece não reservar grandes resultados para Valtteri Bottas e Guanyu Zhou. A classificação – e a enganosa briga pela quinta força do grid – não retrata a verdadeira performance do time de Hinwil em 2023.
É preciso olhar a trajetória da escuderia em retrospecto para entender a decadência. No ano passado, com o novo regulamento de carros da categoria, a Alfa Romeo iniciou o campeonato sendo apelidada de ‘Time B’ da Ferrari. Não só pelo motor compartilhado entre as equipes, mas também pelo conceito dos carros – que se assemelhava.
Um trunfo apontado por todos na pré-temporada daquele ano era que a C42 era o único carro que estava no limite de peso mínimo estabelecido pela F1 dentro do conceito do efeito solo. Foi com esse pacote e com as performances consistentes de Bottas, principalmente em classificação, que a Alfa Romeo conseguiu, na primeira metade da temporada, 51 dos seus 55 pontos conquistados ao longo de 2022.
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Em 2022, Alfa Romeo começou a temporada potencialmente forte, mas perdeu performance durante o ano (Foto: AFP)
Aliás, um aspecto muito semelhante à Ferrari, que começou a temporada de 2022 com grande performance e também sofreu com a queda de rendimento, no caso em relação à Red Bull, ao longo do ano – em partes por erros próprios nas estratégias adotadas nas corridas, mas também pelo crescimento dos taurinos no pacote aerodinâmico, que não foi acompanhado pela escuderia de Maranello.
E parecia que essas melhorias tinham sido feitas. Na pré-temporada, Zhou chegou a superar Max Verstappen, da Red Bull, no segundo dia de treinos, embora Bottas tenha enfrentado problemas mecânicos no terceiro dia. Também, os próprios pilotos elogiaram os avanços obtidos na construção da C43. O finlandês disse, em fevereiro, que a Alfa Romeo vinha em uma “trajetória ascendente” após o shakedown feito em Barcelona e voltou a afirmar, em março, que os problemas de desequilíbrio do carro tinham sido 50% resolvidos.
A temporada 2023 começou e, mais uma vez, o carro vermelho-escudo apresentou bons resultados no GP do Bahrein – e grande parte por incompetência das demais escuderias, como McLaren, que começou o ano arrasada, Haas e Ferrari, esta última por consequência do abandono de Charles Leclerc na volta 39.
Só anda no Bahrein? Melhor resultado da Alfa Romeo em 2023 foi o oitavo de Valtteri Bottas no circuito barenita (Foto: AFP)
Mas não é só a C43 que tem sua parcela de culpa, os pilotos também possuem uma fatia considerável. Zhou teve desempenhos tímidos na temporada passada e, neste ano, se apresentou consistente apenas em Melbourne. Em sua trajetória na F1, até então, o melhor resultado foi um oitavo lugar conquistado no GP do Canadá, em 2022. Ou seja, ele não conseguiu render pontos nem mesmo quando a Alfa Romeo tinha um carro potencialmente forte.
Ainda assim, a avaliação da equipe é que o chinês evoluiu a ponto de estar no mesmo nível de Bottas, o que na realidade é muito preocupante para o veterano de 33 anos. Depois de um início interessante na temporada 2022, o finlandês caiu vertiginosamente de performance e tem sido alvo de críticas por parte da imprensa de seu país.
Veterano da Alfa Romeo e de quem se espera consistência, Valtteri Bottas tem performance “inaceitável” até o momento na temporada 2023, segundo imprensa finlandesa (Foto: Alfa Romeo)
Depois do 11º lugar no GP da Austrália – em que apenas 12 participantes terminaram a corrida -, o próprio Bottas admitiu o ritmo ruim na etapa. “Definitivamente, estamos fora do ritmo e de onde pensávamos que deveríamos estar. Então, é algo que temos de investigar. Na verdade, estou feliz que tenha um pouco de tempo antes da próxima corrida para que possamos descobrir algo”, disse o finlandês, que revelou ainda que a Alfa Romeo já tem uma ideia dos problemas do carro, embora “seja necessário ter certeza de que entendemos completamente”.
Com o resultado em Melbourne, o finlandês caiu para a 11ª colocação no Mundial de Pilotos com 4 pontos. Já o time suíço ocupa a oitava posição no Mundial de Construtores com 6 pontos, à frente apenas da AlphaTauri e da Williams.
Portanto, com a fase pouco produtiva de seus pilotos e com um carro cada vez menos competitivo, está difícil enxergar um futuro promissor para a Alfa Romeo. Ou, pelo menos, um fim de trajetória digno, que não manche a história de uma escuderia que alçou Giuseppe Farina e Juan Manuel Fangio aos títulos mundiais nos anos 50 – visto que a Audi, ao adquirir as ações da Sauber, deve ocupar o lugar do time de Hinwil na F1.
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