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Vintage Culture e Duke Dumont agitam pistas do Só Track Boa com batidas intensas e luzes neon

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando o relógio deu meia-noite, a pista do mainstage já estava inundada de pessoas. O público preenchia cada metro do gramado disponível para o palco principal no Autódromo de Interlagos, formado por estruturas que lembram um aglomerado de edifícios –ou uma paisagem urbana de “Blade Runner”, ao estilo cyberpunk. Com cerca de 13 andares de altura, os painéis projetam animações neon intercaladas a painéis de led, possibilitando um show frenético de luzes que acompanham os ritmos dos DJs.

Dali a meia-hora, iniciou a contagem regressiva para uma das atrações mais esperadas da madrugada. Vintage Culture, dj brasileiro de fama mundial e idealizador do festival de música eletrônica Só Track Boa, arrancou gritos e pulos contínuos do público ao começar sua apresentação com uma série de fogos de artifício e “Tina” -música de batida dançante que narra uma paixão intensa, rápida e angustiante com uma moça que se parece muito com Tina Turner.

A track foi uma das mais recentes lançadas por Lukas Ruiz, junto dos DJs Meca e Bhaskar -irmão gêmeo de Alok, que se apresentará na madrugada de sábado no palco Garden, o segundo do festival que acontece nesse final de semana em São Paulo. O show de Ruiz, o Vintage Culture, correspondeu a fama do DJ por suas produções exageradas e pirotécnicas: junto dos fogos de artifício e as projeções, lazers, jatos de fogo no palco e até um show de drones acompanharam as mixagens do brasileiro.

O remix robotizado de “Day n Night”, clássico dos anos 2000 de Kid Cudi, e as músicas “Somebody That I Used to Know”, de Gotye, e “Drinkee”, de Sofi Tukker -esta um dos grandes sucessos de Vintage- foram algumas das faixas mais comemoradas da apresentação, que foi substituindo o tom festivo por graves mais densos no final do show, quando a ucraniana Korolova subiu ao palco para mixar junto com Vintage Culture. Ambos chegaram a erguer as bandeiras brasileira e ucraniana, em solidariedade ao país que vive em guerra.

O show duplo substituiu a esperada apresentação do Meduza, headliner que cancelou sua presença no Festival 16h antes de subir ao palco. O trio italiano divulgou, através de sua conta no Twitter, que seu voo ao Brasil foi um dos mais de 150 cancelados pela British Airways após uma falha técnica. O grupo é destaque mundial nas pistas de house music desde o lançamento de “Piece of Your Heart”, em 2019, junto do grupo inglês Goodboys -indicada ao Grammy de melhor música dance no ano seguinte. Com letras intensas que descrevem paixões, emoções contraditórias e a vida noturna, o trio já afirmou que a música das décadas de 1970, 1980 e 1980 é fonte de inspiração para suas composições.

Semelhança compartilhada com Vintage Culture, que iniciou a carreira fazendo remixes de “Blue Monday”, do New Order, “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd, e “Bete Balanço”, de Cazuza -que viralizaram nas redes sociais. O nome artístico “Vintage Culture” foi uma homenagem aos grupos de eletrônica dos anos 1980, responsáveis pelos primórdios dos estilos techno e house, que misturavam a música afro-americana, como jazz, funk, dance music e electro com as composições eletrônicas de grupos como Kraftwerk.

Apesar de ser comum em festivais grandes de música artistas internacionais ganharem mais destaque, não foi o caso na madrugada de sexta no Autódromo: o show de Vintage Culture chegou a desfalcar o início da apresentação do francês Dombresky, no palco vizinho. Dj de grande sucesso nas pistas internacionais, sua faixa “Soul Sacrifice” virou hit ao misturar o ritmo dançante do groove a um saxofone instrumental.

Antes disso, a dupla italiana Giolì e Assia -que tem a faixa “Quedate” junto de Pabllo Vittar- se apresentou vestindo camisas da seleção brasileira. As artistas fizeram sucesso na cena underground internacional por misturar a discotecagem techno a instrumentação ao vivo e canto.

Mas foi quando o brasileiro Illusionize subiu ao palco que o gramado do Garden ficou totalmente preenchido. Conhecido pelo enfoque em experiências visuais, o DJ começou seu show com um remix de “My House”, de Chuck Roberts, lançada em 1987, quando a house music se desenvolvia e popularizava entre a comunidade afroamericana de Chicago.

Os versos “I am the creator and this is my house/ And in my house there was only house music/ But I am not so selfish/ Because once you enter my house/ It then becomes our house and our house music” (“Eu sou o criador e essa é minha casa/e na minha casa tinha apenas musica house/mas eu não sou egoísta/ porque ao entrar na minha casa/ela se torna nossa casa e nossa musica house”) são entoados como em um sermão religioso por Roberts, enquanto o telão mostrava um olho enorme e hiperrealista -até que os graves de Illusionize levaram a tremer o chão e arrancaram gritos do público.

Diferente das edições anteriores, o palco Garden não conta mais com um teto forrado de plantas –que remetia a uma estufa. Com um enorme telão, as projeções e efeitos cênicos podem ficar a cargo do DJ, motivo pelo qual Duke Dumont, longe do Brasil há 7 anos, decidiu se apresentar no palco menor. O inglês se tornou referência mundial da dance music em 2014, com “I Got U” -indicada ao Grammy na categoria melhor música dance no mesmo ano.

Iniciando com o hit “Red Light, Green Light”, o ator Shaun Ross incita, em gravação projetada no enorme telão atrás de Duke, o público a dançar no ritmo da mixagem. A irreverência continuou em “Burn Dem Bridges”, em que a batida rápida junto a sentença “burn the bridges” (“queime as pontes”), somada a imagem de um carro policial pegando fogo na tela, levou quem assistia a dançar mais intensamente. A última apresentação no palco principal, a cargo do melodic techno de Korolova -vertente considerada mais cru e conceitual do gênero -acompanhou o nascer do sol em tons de laranja e amarelo.

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