Belo Horizonte

Um terraço para apreciar BH de camarote? Conheça o fim de tarde no Acaiaca

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Ao som de boa música, visitantes apreciam o pôr do Sol e paisagens como a Avenida Afonso Pena se estendendo como um tapete desde a Serra do Curral

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O céu colaborou, o Sol deu seu espetáculo da tarde e as estrelas trouxeram brilho, na medida certa, ao início da noite. No 25º andar do Edifício Acaiaca, ícone do Centro de Belo Horizonte, 100 pessoas se reuniram para admirar, ao poente de uma quarta-feira de março, a paisagem desenhada pela capital aos pés da Serra do Curral e toda a movimentação urbana enquadrada por prédios, igrejas, murais, arredores… Com brinde e boa música, voltou à cena, após interrupção pela pandemia, o Fim de Tarde no Terraço Acaiaca, evento “nas alturas” que abre as portas ao turismo e à diversão. um terraço para apreciar bh de camarote? conheça o fim de tarde no acaiaca

Martim Ibrahim e Andréa Lanna: com a cidade diante dos olhos, o casal se impressionou com o contraste entre o verde e o concreto

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Bárbara Hoffmann e Camille Rabbi, futuras arquitetas,se surpreendem com a visão da malha urbana sob beleza do fim de tarde de verão

“Este é mesmo um belo horizonte, faz jus ao nome da cidade”, comentou a professora de alemão e português, Juliane Costa Wätzold, que vive há 20 anos na Alemanha, satisfeita com a contemplação da paisagem ao lado da mãe, Maria das Graças Costa. Lembrando que sempre teve o Acaiaca como referência urbana e afetiva – “De olhar o prédio, ao passar pela Avenida Afonso Pena rumo à escola, ou de ir ao antigo cinema” – Juliane ficou impressionada ao observar do alto do prédio o crescimento da capital. E aplaudiu a beleza entre montanhas. Também admirado, e com a cidade a seus pés, o casal Martim Ibrahim, administrador, e Andréa Lanna, arquiteta, morador do Bairro Sion, na Região Centro-Sul da capital, identificou vários pontos na imensidão, com destaque para o patrimônio histórico edificado, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti e a Serra do Curral. “Temos muitos bens culturais importantes, mas estou vendo, na serra, uma área de mineração que nunca tinha notado”, observou Andréa, enquanto o marido se impressionava com o contraste “entre a selva de concreto e a natureza”. Anfitriã do evento realizado uma vez por mês, sempre numa quarta-feira – o próximo está marcado para 29 de março, das 17h30 às 19h30 –, a gestora do espaço, Rosana Alkmim de Miranda, destacou a vocação cultural do Acaiaca e o objetivo da experiência, ao aproximar belo-horizontinos e visitantes da cidade. Rosana informou que no local recém-restaurado do Fim de Tarde, paredes internas foram retiradas há 30 anos para receber, então, 20 salas de escritórios. Hoje, o espaço com 650 metros quadrados e visão de 360 graus da paisagem se encontra preparado para eventos com, no máximo, 150 pessoas. E um detalhe precioso para comodidade: o elevador, que já foi considerado o mais rápido de BH, chega ao 25º andar. Ao final da experiência de quarta-feira, houve uma apresentação sobre o Acaiaca a cargo de Rosana e da irmã dela, Juliane Villaça. “Todo mundo tem uma história com este edifício-ícone do Centro de BH. É alguém que curtiu o cinema (hoje igreja evangélica) ou foi ao dentista. Agora, pode retornar para apreciar a paisagem”, disse Juliana, com bom humor. Logo em seguida, em vídeo institucional, o presidente do conselho do condomínio do Edifício Acaiaca, Antonio Rocha Miranda, de 85 anos, autor do livro “Edifício Acaiaca: O colosso humano e concreto”, demonstrou seu entusiasmo: “Vir a Belo Horizonte e não visitar o Acaiaca é o mesmo que ir a Paris e não conhecer a Torre Eiffel”.

RELAÇÕES AFETIVAS Durante o evento, histórias se cruzaram, enquanto o saxofonista Edsaxx mostrava seu talento em músicas bem apropriadas para o momento. Um grupo feminino fotografava a paisagem e sentia o vento perto da janela, enquanto brindava com espumante e ensaiava alguns passos ao som das canções. Professora residente em BH, Ana Cristina de Sousa Cardoso lembrou de muitas idas ao Acaiaca na conversa com a cunhada Angélica Cardoso, a filha, Luísa Cardoso, a irmã Fabíola Cardoso, as amigas Luciana Lobato e Ana Cristina Costa Val, e a sogra do filho, Elizete Ferreira. “Meu primeiro contato com o edifício foi a partir da Igreja São José (atual Santuário São José). Nunca tinha vindo aqui no alto. Agora, acho que todos precisam viver esta experiência”, afirmou. Mesmo com muletas, devido a uma torção no tornozelo direito, a estudante de arquitetura Bárbara Hoffmann, de 22 anos, aproveitou bem as duas horas entre o cair da tarde e a chegada da noite com Lua e estrelas. “Temos uma vista incrível aqui do alto, podemos ver toda a malha urbana e sentir que BH se tornou mesmo uma metrópole”, disse Bárbara. Ao lado, a amiga Camille Rabbi, de 24, também futura arquiteta, comentou sobre a beleza da luz do verão “que dá um tom dourado à cidade”.

O caminho do mirante

» Para fazer o agendamento do Fim de Tarde no Terraço Acaiaca, o interessado pode comprar o ingresso pela plataforma Sympla, com o link na bio do Instagram @terracoacaiaca. » O próximo evento está marcado para 29 de março, das 17h30 às 19h30.» O ingresso custa R$ 100 e dá direito à primeira taça de espumante (que pode ser trocada por cerveja, água de coco ou refrigerante), água, petiscos (queijos, pães, patês, amendoim e chocolate) e uma apresentação sobre a história do Edifício Acaiaca.

Herança indígena e do Jequitinhonha

Se a paisagem do alto do prédio que é um dos marcos do Centro de BH já é um espetáculo, o recém-restaurado Edifício Acaiaca, construção com 130 metros de altura e 30 andares, parece formar um par perfeito para a contemplação. Na fachada, como testemunhas de quase oito décadas, encontram-se os índios ou efígies indígenas – um virado para a Rua Espírito Santo, outro, para a Rua dos Tamoios –, testemunhas dos acontecimentos na Avenida Afonso Pena, das manifestações populares na escadaria da Igreja São José, do surgimento dos arranha-céus e, acima de tudo, do crescimento da metrópole. Conforme estudos arquitetônicos, as efígies são fruto de uma época de transição para o modernismo, quando são incorporados à arquitetura elementos da cultura nacional. O nome do prédio também vem de uma lenda indígena: nas proximidades do Arraial do Tejuco, atual Diamantina, havia um povo que venerava um frondoso cedro, ao qual chamavam Acaiaca. Reza a tradição da tribo que no começo do mundo, o Rio Jequitinhonha transbordou, inundou tudo e só um homem e uma mulher sobreviveram, pois subiram na árvore para se proteger. Depois que as águas baixaram, o casal repovoou a Terra.

HISTÓRIA No estilo art déco, o edifício construído pelo empreendedor Redelvim Andrade, natural da região de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, teve projeto do seu genro, o arquiteto Luiz Pinto Coelho. No local, havia uma igreja metodista, erguida 38 anos antes, conta o presidente do conselho do condomínio, Antonio Rocha Miranda. O prédio localizado no número 867 da Avenida Afonso Pena tem quatro pavimentos acima do terraço, incluindo antiga moradia do caseiro, casa de máquinas e cúpula. Com o subsolo, são 30 andares, o que já lhe valeu o título de maior arranha-céu de BH. Os de saudosa memória vão se lembrar do cinema que existia logo no térreo, diante do qual se formavam longas filas à espera da sessão seguinte. Na sua história, o edifício abrigou também lojas de roupas femininas, boate, escola e a primeira sede da extinta TV Itacolomi, dos Diários Associados, primeira emissora mineira, inaugurada em 1955.

Saiba mais – Abrigo anti-Hitler no coração de BH

Tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, o Edifício Acaiaca, inaugurado em 1947 com projeto que completa 80 anos em 2023, foi erguido durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – daí haver no subsolo, debaixo do antigo cinema, um abrigo antiaéreo. Vale a explicação de que, na época, pairava o temor de que Adolf Hitler (1889-1945) pudesse mandar bombardear o Brasil. Assim, o Acaiaca seguiu decreto do então presidente Getúlio Vargas (1882-1954) para construções com mais de cinco andares erguidas no período, assim como ocorre com algumas das edificações da Praça Raul Soares, também na capital.

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