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Teste Novo Audi A3 Sportback 2.0T 2022: O de sempre, melhorado

Um hatch médio, com motor 2.0 turbo e bonito. Pena que esqueceu algumas coisas na Alemanha...

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Se você, como eu, tem cerca de 30 anos, já sonhou com o famoso “A3 do T vermelho”, a primeira geração do hatch com o motor 1.8 turbo de 180 cv, e sabe a importância do Audi A3 para uma geração de jovens. Afinal, ele que colocou um novo público e o nome da marca alemã nas ruas com maior volume no final dos anos 2000, chegando a ser produzido por aqui em duas ocasiões. 

Do hatch, esta é a quarta geração. Volta a ser importado da Alemanha e, diferente do que chegou a ser especulado, com a carroceria Sportback para a alegria dos mais puristas. Mas vamos com calma, afinal o novo Audi A3 Sportback não é mais tão acessível como foi a primeira geração e parece que também esqueceu algumas coisas lá na matriz, que vamos comentando conforme o texto vai correndo…

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Em tempos de SUVs e pseudo-SUVs, um hatch!

Com certeza, não veremos um A3 Sportback com tanta frequencia pelas ruas do Brasil. Na loja, o cliente vai olhar para ele, mas terá ao lado do A3 Sedan pelo mesmo preço, e com porta-malas maior, e o Q3 se ele se convencer a entrar na modinha por alguém que vai falar “que é mais legal” ter um SUV. Ignore essa pessoa.

O A3 Sportback segue com o charme de sempre. O que a Audi fez? Pegou a receita bem conhecida e aplicou algumas atualizações pontuais. Como ele já utilizava a plataforma MQB, a Audi fez mudanças mais focadas em visual e dimensões. No Sportback, são 30 mm a mais no comprimento (4.343 mm), 20 mm em largura (1.816 mm) e manteve intocados a altura (1.430 mm) e o entre-eixos (2.636 mm).

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Visualmente, ainda é possível o reconhecer como um A3. Suas proporções seguem bem equilibradas, mas vemos uma dianteira mais agressiva, com um capô mais vincado, uma grade dianteira maior e, para o Brasil, todas as versões chegam com o bodykit S-Line, com entradas e saídas de ar maiores e uma pegada mais esportiva – mesmo que você escolha o motor 1.4 turbo. As rodas de 18″ usam pneus 225/40 R18, que bem que poderiam ser ao menos 225/45 para aguentar um pouco mais nosso asfalto. As caixas de rodas também são mais destacadas nas laterais.

Os faróis são full-LED de série, mas calma. Se gostou do carro das fotos, saiba que ele está com o conjunto Matrix, de R$ 8.500, com uma assinatura mais legal, farol-alto adaptativo e setas sequenciais. As lanternas são de LEDs em todas as versões, sem opcionais, e invadem a tampa, uma marca do A3 Sportback desde a segunda geração.

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Por dentro, o novo A3 mostra muito mais evolução que por fora. O painel de instrumentos é uma tela de 12,3″ com três modos de mostradores, além da personalização que já conhecemos da Audi. Alta resolução, fácil de entender os comandos e as informações. Ao centro, um novo sistema multimídia. Some aquela tela que podia se esconder no painel, aparece o display de 10″ em boa posição, alta resolução e a nova interface da marca – ficou devendo o Apple CarPlay e Android Auto sem fios, já que tem até carregador por indução. 

O bom que o Audi A3 Sportback não adotou a terceira tela para comandos de ar-condicionado. É um bonito e fácil de usar mostrador digital com botões físicos, em duas zonas. O charme maior fica para o seletor de câmbio, que remete a pequena peça do Porsche 911. Ao seu lado, os comandos do sistema de som que remetem ao iPod. Basta girar o dedo ali que altera volume e faixas, por exemplo. O freio de estacionamento também é elétrico, e completa o conjunto dali o botão de partida.

Sobriedade alemã, mas não divida com muitos

O acabamento do novo A3 Sportback merece bons comentários. É sóbrio como todo Audi, mas visualmente é muito bom. Encaixes, estilo, a dupla saída de ar para o motorista e outra dupla para o passageiro, o uso de alumínio, preto brilhante e couro, o conjunto é bom. Esse carro está com o pacote interior S-Line, com bancos esportivos, volante em couro perfurado e as pedaleiras em alumínio. Mas mesmo sem o conjunto, é um interior bem mais bonito, trabalhado e refinado que o anterior, que chegava a ser simples até demais para um Audi.

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Porém, uma coisa o A3 Sportback não mudou: espaço interno. Se você gosta de levar mais de duas pessoas no carro com certa frequencia, acho que melhor mudar de opção. Se nos bancos dianteiros o hatch tem um bom espaço para os adultos, separados pelo console central com porta-objetos, no banco traseiro a convivência não é tão pacífica. Mesmo com quase 2,64 m de entre-eixos, não estamos falando de um carro tão bom para 4 adultos.

Se os ocupantes dos bancos da frente forem um pouco mais altos, na faixa de 1,80 m, o banco traseiro já fica mais apertado, com pouco espaço para as pernas. Um túnel central alto, reflexo de uma base pensada para carros com tração integral, não deixa um terceiro ocupante confortável – ao menos há saídas de ventilação e 2 portas USB ali. Nada que impossibilite o uso, mas não será uma carro familiar, até mesmo pelo porta-malas de 380 litros – mais que muitos SUVs, mas pouco para mais bagagem.

O bom A3 de sempre

O Audi A3 sempre foi um carro muito bom para dirigir. Sólido como praticamente todos os carros alemães, uma de suas marcas em todas as gerações foi o como ele se comporta bem com diversos tipos de motoristas. Desde o uso diário até uma tocada mais esportiva, ele te corresponde sem sustos ou incertezas. 

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A quarta geração do hatch ainda usa a plataforma MQB, como o modelo anterior, mas agora chamada de MQB Evo. É uma evolução que a deixou mais leve, mais rígida e melhorada para tecnologias, como de condução e a eletrificação. A suspensão foi toda recalibrada, assim como a traseira multilink foi bem melhorada para a nova geração do hatchback e também para a carroceria sedã. 

O A3 Sportback Performance Black é a versão com o motor 2.0 turbo. Mas não é mais o motor que estava no A3 Sedan nacional, com 220 cv e câmbio S-Tronic de 6 marchas, o mesmo do Golf GTI. É o que a marca chama de Ultra, com 190 cv e 32,6 kgfm com uma concepção mais focada em consumo e emissões que em desenvolver potência – é o mesmo do Audi A4 quando não equipado com tração integral. E está ligado ao novo câmbio de dupla embreagem, agora com 7 marchas banhado a óleo. 

O que isso significa? No dia a dia, o A3 Sportback é um ótimo carro. Na cidade, tem força logo cedo, sendo que os torque já entra total a 1.500 rpm, e as trocas de marchas estão suaves e rápidas. O seletor de modos de condução pode ser colocado no Comfort ou Efficiency e deixar o hatch suave e calmo, fácil de ser conduzido, com mapa de acelerador bem anestesiado. A direção elétrica fica leve, mas com boa resposta, apesar da suspensão, mais pelos pneus de perfil baixo, sofrer um pouco em buracos mais fundos.

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Como esse motor trabalha em ciclos de combustão mais eficientes, o consumo é bom mesmo se tratando de um carro com 190 cv: em nossos testes, marcou 10,2 km/litro na cidade e 15,3 km/litro na estrada, com gasolina, seu único combustível. E isso sem sacrificar um bom desempenho mesmo sem entrar nos modos mais esportivos, acompanhando o fluxo da rodovia e até te deixando alerta para não tomar uma multa. 

Agora, quer relembrar o A3 do T vermelho? O novo Sportback não arrega. No modo Dynamic, o novo A3 mostra que, apesar de “apenas” 190 cv, quer te ganhar pelo prazer. Tem controle de largada, a direção fica mais pesada e comunicativa, o câmbio S-Tronic faz as trocas mais rápidas e em regimes de rotação mais altas e o motor se solta. Em nosso teste, um 0 a 100 km/h em 7,5 segundos, ainda inferior aos 6,7 segundos do antigo A3 Sedan 2.0 turbo nacional, mas longe de ser lerdo. 

Sua dinâmica é boa, considerando que ele ainda precisa atender as ruas. A carroceria dobra pouco, a direção é direta e o vetorizador de torque ajuda nas curvas mais fechadas. É um legítimo hatch alemão, juntando a força e as boas respostas. Os freios tem uma curiosidade: uma bomba faz o papel de hidrovácuo, como nos carros híbridos, então temos uma boa resposta em situações de condução mais nervosa, mas um pedal mais suave no dia a dia. Ele parece te ajudar a frear em algumas situações, onde ele “acha” que você poderia ter colocado mais força. Andar em velocidades mais alta com o A3 ainda é um prazer que os SUVs não conseguem.

Evoluiu, mas esqueceu algumas coisas

O novo Audi A3 Sportback segue sendo aquele carro bom de dirigir, que dá vontade de colocar na garagem sabendo que ele fará muita coisa por você, desde que não precise de muito espaço interno. Mas em tempos de carros mais modernos, ele ficou preso no passado, ao menos no pacote trazido ao Brasil.

Motivos? Um carro que tem painel digital, opcional até de som Bang&Olufsen, faróis inteligentes e multimídia avançada, é um pouco inaceitável que ele tenha piloto automático apenas tradicional. Em tempos onde carros mais baratos já oferecem o piloto automático adaptativo ao menos como opcional, é estranho um lançamento desse não ter nem como um pacote. Mais ainda, nem alerta de colisão com frenagem automática ou assistente de faixa, apesar do botão para ativar os sistemas estar na alavanca de seta.

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E na Europa, durante seu lançamento, a Audi local destacou a presença dos itens, uma tecnologia de segurança importante. Além disso, a Audi no Brasil é uma das mais avançadas em carros elétricos, com a família e-tron, mas o A3 híbrido plug-in, segundo um executivo, não está nos planos da marca. Nem mesmo o híbrido-leve.

Tudo isso parece besteira, mas estamos falando de um carro que começa em R$ 284.990 nesta versão Performance Black, sendo que o nosso carro chega aos R$ 312.490. Bom, até ai os Mercedes-Benz A 250 custa R$ 319.990, mas já com assistentes de condução, e o BMW 118i, R$ 272.950, mas com motor 1.5 turbo e menos equipamentos. 

O problema verdadeiro para o Audi A3 Sportback estará em casa. O A3 Sedan com os mesmos equipamentos (e a falta deles) e motor, com um porta-malas maior, custa o mesmo. Ao lado deles, um Audi Q3 por a partir de R$ 249.990, mas com motor 1.4 turbo de 150 cv, porém jogando na moda dos SUVs. No fim, ele é uma boa forma de resgatar o sonho de uma geração, com os hatches médios, mas cobra bem por isso. Quem sabe um dia realizo os sonho do A3 próprio…

Ps: a Audi entrou em contato com o Motor1.com e explicou que as primeiras unidades do A3 não tem o pacote de segurança ativo pela questão dos semicondutores. Com o tempo, o Audi A3 terá os sistemas no mercado brasileiro, conforme a fabricação na Alemanha se normalizar.

Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)

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