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Teste Land Rover Defender 90: Carismático até demais

Versão com 2 portas é atração nas ruas e deixa antecessor apenas na história, o que pode ser bom e ruim

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A Land Rover trouxe o Defender para os tempos modernos com sua nova geração. O lendário fora-de-estrada fez aulas de etiqueta, de como se comportar e oferecer conforto aos seus ocupantes e passou em uma loja de itens tecnológicos para ficar bem mais moderno que seu antecessor. Mas manteve algumas tradições, como parte do visual e a versão de duas portas, o Defender 90.

O “Noventinha” realmente não poderia ficar de fora dessa nova história. Não é o SUV mais prático desse mundo, mas carrega um charme que chama a atenção pelas ruas. É um dos carros mais carismáticos do mercado, seja por quem sabe o que significa o passado de suas gerações, ou quem simplesmente ache curioso um carro tão grande, mas curto ao mesmo tempo, com grandes rodas e jeitão quadrado. Parece um brinquedão que acabou de sair da loja nas mãos de uma criança. 

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Comandos em ação

Enquanto um Defender 110 tem 5,02 m de comprimento, o 90 tem 4,58 m, considerando o estepe na traseira. Essa redução vem no entre-eixos, com 2.587 mm – é como se cortassem 435 mm do meio do Defender e soldassem novamente. Aí entram novas portas, imensas, mas mantém o restante do Defender nas extremidades. Rodas de 20″ dão um estilo bem curioso ao Defender 90, principalmente quando a suspensão a ar está totalmente baixa ou totalmente alta.

Pra mim, o Defender 90 é o carro mais estiloso da Land Rover hoje. Não é o urbanóide como o Evoque, mas não tenta ser igual aos irmãos Discovery e Velar, apesar de trazer deles muitas tecnologias embarcadas. Faróis fullLED redondos, as lanternas traseiras formadas por quatro pequenos quadrados cravados no carro e até as linhas gerais do Defender tentam lembrar seus antepassados. Um grande estepe na tampa traseira fecha o pacote. 

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Quando eu falo que o resto do Defender 90 é igual ao irmão maior, é de fato idêntico. Apresentado em 2019, chegou 4 anos após o fim da produção da clássica geração. Deixa de lado a construção chassi-carroceria e se torna um monobloco, sobre a plataforma D7x, uma variação da D7 utilizada pelos Discovery, Velar, Jaguar I-Pace e F-Pace, entre outros. Essa mudança foi necessária para suportar um uso mais severo fora-de-estrada, com o uso de metais diferentes e reforços diversos para melhorar a torção da carroceria. 

Sim, Land Rover, queremos o Defender V8 no Brasil, com seus 525 cv, ou o 6-cilindros em linha de 400 cv, mas o P300 não faz feio. É o motor da família Ingenium, 2.0 turbo a gasolina, com 300 cv e 40,8 kgfm de torque – para a proposta fora-de-estrada do Defender, um dos turbodiesel 3.0 da marca cairiam melhor, principalmente pelo alto torque. A transmissão é automática de 8 marchas, fornecida pela ZF, com diferenciais central e traseiro para o sistema de tração integral inteligente.

Rústico e sistemático

O Defender é uma mistura de sensações. Por fora, mistura o novo com o antigo. Por dentro, troca o carpete fofinho dos demais Land Rover por um piso plástico para facilitar a limpeza. Tela no painel de instrumentos, tela para o sistema multimídia com espelhamento sem fios, ar-condicionado automático com 2 zonas, um grande volante de 4 raios com comandos e assistência elétrica – inclusive regulagens – bancos em couro elétricos…tudo isso se mistura com uma sensação que a marca britânica quis dar de rústico.

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Parafusos aparentes, peças emborrachadas, mas tudo bem cuidado. É um rústico sistemático, de luxo. No mesmo botão do ar-condicionado, você escolhe um dos modos de condução do Terrain Response e, ao lado, um outro botão levanta ou abaixa a suspensão para facilitar sua entrada no carro. Apesar de apenas duas portas, tem um bom espaço para os ocupantes traseiros, com direito a saída de ar, mas eles precisam fazer um certo malabarismo para entrar e sair do carro e se acostumar com uma janela limitada por um acabamento plástico. São apenas 397 litros de capacidade no porta-malas.

Ele não ser mais tão Defender como no passado é ruim? Por um lado, o “Noventinha” me surpreendeu no uso urbano. Apesar de não ser pequeno, é confortável para se passar horas ao volante – apesar dessa versão, SE, não ter o piloto automático adaptativo, tem o alerta de saída de faixa e alerta de colisão. A suspensão é macia, o isolamento acústico é bom e o motor 2.0 turbo tem boa força em baixas rotações. As trocas de marchas são suaves e quase imperceptíveis, algo inimaginável no passado.

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Seu monte de tecnologias é digno de um urbanóide mimado. Sistema de som assinado pela Meridian, navegador GPS integrado, bancos grandes e macios, cheio de eletrônica embarcada pronta para te mimar. Menor, é mais prático de usar que um Defender 110, mas se precisar, tem câmeras 360 para estacionamento e não vai deixar encostar o estepe no capô de um “pebleu”. O ângulo de esterço ajuda a entrar e sair dos lugares mais apertados sem dificuldades, algo raro em um 4×4. 

Nos testes, até que surpreendeu com o consumo urbano. Para um SUV grande, de mais de 2 toneladas e 300 cv, marcar 6,5 km/litro na cidade foi uma vitória – com a ajuda do modo Eco, obviamente. Na estrada, sua aerodinâmica de um tijolo inglês só o fez marcar 8,4 km/litro, com gasolina, o que pode espantar uma pessoa comum, mas não quem pagou R$ 540 mil pelo Defender 90.

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O desempenho é de se elogiar. Com 8,1 segundos no 0 a 100 km/h, não pode ser chamado de lerdo. Na estrada, embala em velocidades mais altas, mas a suspensão com foco em conforto e off-road não vai te passar confiança para ir muito longe. Na cidade, acorda cedo com uma boa faixa de torque e faz as trocas também cedo, tentando ajudar no consumo. Ainda é de se desejar um motor diesel ou um dos motores maiores da marca, mas o P300 dá conta.

Homenagem ao passado, mas sem um passado

Entre em algum site de classificados e procure um Land Rover Defender clássico. Reparou nos preços? Ele entrou na onda dos colecionáveis e tem unidades sendo vendidas a R$ 700 mil! Isso não vai acontecer com este Defender atual em algumas décadas. Tem uma grande capacidade fora-de-estrada, com 900 mm de capacidade de imersão e até mesmo um snorkel no para-lama dianteiro, por exemplo, mas não tem a pureza do clássico para isso.

Se ganha no conforto para o uso diário, se perde aqui. Você não ficará atolado na estrada de terra e pode até pensar em algo mais intenso, mas não exagere, e capaz de poucas pessoas pensarem nisso – basta ver quantos Defender ganham rodas maiores e pneus de uso urbano nas lojas. Ele se tornou um SUV mais urbano, com certa capacidade fora-de-estrada e muito charme, mas não tem como fazer o mesmo que seu antecessor fazia, como mergulhar em lagos. Tem muita eletrônica embarcada pra isso, como câmeras e mais câmeras espalhadas para te ajudar nisso.

A Land Rover errou com este novo Defender? Não. O colocou no patamar que os clientes esperam de um SUV, podendo ser utilizado no fora-de-estrada, mas sabemos que poucos irão fazer isso. E o Defender 90 ao menos é charmoso e diferente nas ruas entre tantos SUVs. Só não vai cobrar pouco por isso.

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