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Sprint entrega espetáculo na estreia em Portugal, mas confirma temor por alto risco

sprint entrega espetáculo na estreia em portugal, mas confirma temor por alto risco

A primeira corrida sprint da MotoGP produziu um belo espetáculo. Com só 12 voltas, a inaugural prova de Portugal foi disputada do início ao fim, com Francesco Bagnaia garantindo a vitória em cima de Jorge Martín por só 0s307, Marc Márquez executando uma bela dupla ultrapassagem para garantir um inesperado terceiro posto — dada a forma da Honda — e uma atuação destacada de Jack Miller na estreia com a KTM.

Se o objetivo de Dorna e FIM (Federação Internacional de Motociclismo) era mostrar o que a MotoGP tem de melhor em termos de disputas, o objetivo foi cumprido com louvor. Bagnaia e Martín travaram um bom duelo pela ponta, confirmando a expectativa de um ano muito positivo para a Ducati. O hexacampeão da classe rainha do Mundial de Motovelocidade deixou evidente que a RC213V enfrenta dificuldades, mas, como costuma fazer, fez da Honda melhor e se enfiou no top-3 — mostrando também que está recuperado fisicamente. Estreando com a KTM, Miller foi a surpresa do fim de semana até aqui e, mesmo ficando fora do pódio, botou uma pimenta inesperada na disputa. Menção honrosa também para Miguel Oliveira, que brigou na frente até errar na volta final e acabar em sétimo.

sprint entrega espetáculo na estreia em portugal, mas confirma temor por alto risco

Muitos pilotos consideraram a corrida sprint muito agressiva (Foto: Repsol)

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Assim, ao menos na prova inaugural, a sprint se mostrou uma boa aposta daqueles que modificaram o formato do campeonato de supetão em busca de algo que pudesse agradar e atrair mais expectadores. Mas, como tudo nessa vida, existe um porém.

Como não poderia deixar de ser, se enganou quem achava que os pilotos iam pegar leve. E, confirmando as piores expectativas, o que se viu no traçado do Algarve foi, como bem definiu Fabio Quartararo, uma selva.

Por causa do novo formato, a MotoGP alterou toda a programação do fim de semana. O efeito positivo da mudança foi valorizar a sexta-feira, já que os dois treinos do dia são os que contam para a separação dos pilotos na classificação entre Q1 e Q2. A consequência negativa é que aumentou os riscos.

No Algarve, uma queda de energia acabou por atrasar muito os trabalhos, empurrando o treino 2 ainda mais para o fim da tarde — quando a temperatura é mais baixa. O resultado foi uma série de quedas nos minutos finais em consequência dos pneus frios, mas a pior delas foi mesmo a de Pol Espargaró. O titular da GasGas Tech3 se acidentou na curva 10 e acabou atingindo a barreira de pneus, sofrendo fraturas na mandíbula e uma vértebra dorsal, além de uma contusão pulmonar. O irmão de Aleix segue internado em Faro em observação e não tem previsão de retorno.

Já na corrida sprint, foram dois acidentes similares. Joan Mir caiu e quase coletou Fabio Quartararo, que conseguiu se manter na prova, mas apenas no fundo do pelotão. Enea Bastianini não teve a mesma sorte. Estreando pela equipe de fábrica da Ducati, o italiano foi coletado em um tombo de Luca Marini, sofreu uma fratura na escápula direita e já foi descartado também para o GP da Argentina, na próxima semana.

Marco Bezzecchi registrou o quinto abandono causado por queda, enquanto o novato Augusto Fernández teve problemas com a moto e não conseguiu completar a disputa.

Ainda que a corrida tenha sido boa e divertida, o fato é que o risco para os pilotos aumentou consideravelmente. Na primeira corrida com o novo formato, já são duas baixas por lesão e mais podem vir ao longo do ano.

sprint entrega espetáculo na estreia em portugal, mas confirma temor por alto risco

Francesco Bagnaia, Jorge Martín e Marc Márquez formaram o pódio da sprint (Foto: Repsol)

Vencedor da corrida, Bagnaia afirmou que gostou da sprint, mas reconheceu que os riscos são altos. O #1 destacou que o formato dá certo no Mundial de Superbike por causa da natureza das motos e sugeriu até mesmo uma mudança no formato de classificação, propondo o estilo da Fórmula 1, o que aliviaria a pressão ao menos na sexta-feira.

“Gostei muito desta primeira sprint, mas foi longa para mim. Foi muito divertido e difícil ao mesmo tempo, por causa do vento, que soprava no sentido contrário ao de ontem. É por isso que peguei leve no começo”, disse Pecco. “No WSBK funciona porque as motos são mais doces de pilotar, mas as nossas motos são muito exigentes”, comparou.

“Na sexta-feira, já forçamos muito nos últimos minutos. E a classificação é muito intensa. Tudo o que podemos pedir é uma classificação ao estilo Fórmula 1”, propôs.

Envolvido em um dos acidentes, Mir classificou a prova como “loucura”. O piloto da Honda ressaltou que gosta do formato, mas considerou que os competidores ficam mais expostos.

“A sprint de hoje foi uma loucura”, resumiu. “Aqui é uma pista muito difícil de ultrapassar, e havia pilotos querendo ganhar na primeira volta. A verdade é que tem sido uma loucura”, continuou.

“Gosto do formato, mas é delicado, há mais risco. Agora os fins de semana são mais arriscados”, sublinhou. “Mas é o primeiro fim de semana, temos de entender como funciona o novo formato, qual pneu colocar na frente e analisar Marc, que mesmo em um dia difícil, com um ritmo parecido, subiu ao pódio, e eu não terminei a corrida”, completou.

Décimo colado após o incidente com Mir, Quartararo assumiu que não gosta do formato e previu um acidente de grandes proporções no que considerou uma “selva”.

“Não gosto nada [do novo formato]. É uma selva e logo haverá um grande acidente”, previu. “Isso não é corrida de carros, onde você pode se tocar no final e nada acontece. Felizmente nada aconteceu, mas temos mais 20 corridas sprint pela frente, então vamos ver”, comentou.

“Desta vez caíram apenas Luca Marini, Enea Bastianini e Joan Mir, mas no futuro certamente haverá mais acidentes”, insistiu. “Em ritmo, não fomos mal e, andando atrás do Álex Márquez, detectei várias coisas que os outros têm e que nos faltam. A nossa moto tem pontos fortes que não podemos extrair neste circuito. O que temos de fazer é encontrar uma maneira de melhorar nossa velocidade volta lançada, para poder subir mais no grid”, acrescentou.

“Não sei se vai ser muito diferente amanhã, porque quem terminou no pódio também tem um ritmo muito bom nas simulações de corrida. Mas acho que as coisas vão ficar um pouco mais calmas nas primeiras voltas. Hoje parecia que a primeira volta era a última, e isso é bastante perigoso”, concluiu.

Irmão da principal vítima do fim de semana, Aleix Espargaró foi mais um a reprovar a corrida de estreia, ainda que não descarte o formato como um todo.

“Só espero que este esporte não se converta em uma luta de boxe, pois não é isso”, disse Aleix. “Eu não disse que não gosto do novo formato, é preciso dar tempo a eles, entendê-lo, ver se baixa um pouco a intensidade, a tensão dos pilotos. Acho que se as pessoas gostaram da corrida de hoje, perfeito, mas que não gosto de tantos choques e quedas. Mas não digo que o formato seja ruim, me encanta disputar corridas”, destacou.

“Quando falo em boxe, quero dizer que espero que seja um esporte em que ganha quem vai mais rápido, não o mais agressivo. Me parece que a sprint de hoje foi encarada com um nível de tensão e agressividade muito forte. Também é verdade que foi a primeira corrida do ano, sempre existe muita tensão na primeira corrida de cada temporada. E este ano, com um novo formato e muito vento, não quero que saia uma manchete de que tenho pavor da corrida sprint, porque não tenho. Precisamos dar tempo a essas corridas de sábado para ver se nos adaptamos e baixa a agressividade que vimos hoje”, defendeu. “Hoje Enea, ontem Pol e um montão de quedas. Não pensem que todas essas quedas são por estarmos em Portimão, são pelo novo formato. Você precisa arriscar na tarde de sexta-feira para estar no Q2, mas não estamos preparados, pois ainda é sexta. Aí têm quedas, bandeiras vermelhas. É preciso dar tempo ao novo formato”, observou.

Marini, que acabou causando o acidente de Bastianini, também destacou a intensidade da sprint inaugural.

“Todos têm pressa durante essa corrida. Todo mundo estava tentando me passar, eu tentei passar outro piloto, tocando… começa a ser um pouco perigoso”, avaliou Luca. “Mas este é o formato, temos de fazer isso este ano. Acho que todos são inteligentes o bastante para fazer boas corridas sprint no futuro”, considerou.

A reprovação, todavia, não foi unânime. Johann Zarco avaliou que a sprint é “mais divertida”, enquanto Brad Binder afirmou que gosta de “uma boa briga”. Companheiro do sul-africano, Jack Miller também deu chancela ao formato.

“Foi bom, muito divertido. No momento, é um esporte de contato total. Eu gostei muito”, encerrou.

A partir do próximo fim de semana, no GP da Argentina, cabe também aos pilotos controlarem o ímpeto para tentar reduzir o risco ao qual estão expostos.

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