Em 1983, chegava ao mercado o novo utilitário Peugeot, modelo que tinha a enorme responsabilidade de ter de recuperar financeiramente a marca francesa à beira da falência.
O resultado não poderia ter sido melhor, quatro décadas depois o modelo conduziu a marca para a era moderna, tanto em termos de produto e marketing, como ao nível do desporto automóvel.
Em termos de design, tecnologia e marketing, o 205 foi revolucionário. Embora a maioria dos modelos anteriores da marca tivesse sido desenhados pela Pininfarina, foi o projeto dos designers internos, liderados por Gérard Welter, que venceu o concurso organizado internamente, apresentando um design mais moderno e fluido (a Pininfarina ficou responsável por desenhar o Peugeot 205 Cabriole.
O novo design apresentou na altura alguns elementos distintivos que viriam a ser aplicados nos futuros modelos da Peugeot, designadamente a grelha com barras horizontais e a faixa entre as luzes traseiras. Além disso, foi um grande nome no panorama do design automóvel, Paul Bracq, então membro do Studio Peugeot, que criou o interior do 205.
A chegada do 205 marca entrada da Peugeot na era moderna: compacto, mas espaçoso, prático com o seu formato hatchback, dinâmico e ao mesmo tempo económico, adaptado a todas as utilizações. Em particular, é o primeiro automóvel da marca a adotar barras de torção na traseira, a fim de libertar mais espaço para o compartimento de passageiros.
Para além disso, é também o primeiro modelo a receber a nova família de motores XU, em particular o XUD7, um motor de quatro cilindros de 1.769 cm3 de cilindrada com 60 cv de potência, o que faz do Peugeot 205 o primeiro pequeno automóvel francês com motor Diesel e, sobretudo, o primeiro modelo pequeno com propulsor Diesel a oferecer um desempenho equivalente ao dos seus equivalentes a gasolina, mas com um consumo de combustível muito inferior (3,9 l/100 km em média).
No ano seguinte, a gama foi alargada para incluir os lendários GTI e Turbo 16, bem como uma carroçaria de 3 portas, a que se seguiu uma multiplicidade de versões, desde as mais acessíveis, como a Junior de 1986 com os seus bancos tipo “jean”, até às mais sofisticadas, como a Lacoste ou Gentry.
No desporto o 205 foi um verdadeiro campeão, com destaque para o Mundial de Ralis, onde o 205 Turbo 16 de ‘Grupo B’ foi a estrela com Ari Vatanen que em 1984 deixou uma forte impressão ao ganhar três ralis. Em 1985 e 1986, o 205 Turbo 16 permitiu à Peugeot ganhar o título mundial entre os construtores e levou Timo Salonen (1985) e Juha Kankkunen (1986) à conquista dos títulos de piloto.
Com o desaparecimento da categoria ‘Grupo B’ no final de 1986, Jean Todt propôs à Peugeot a inscrição dos 205 T16 num evento lendário, o Paris-Dakar. Desafio aceite, desafio ganho: em 1987 e 1988, o 205 T16, especialmente adaptado, ganhou o famoso rally-raid, primeiro nas mãos de Ari Vatanen, depois conduzido por Juha Kankkunen.
Em 1998, após uma longa e rica carreira de 15 anos, e depois de 5.278.050 unidades produzidas, o PEUGEOT 205 retirou-se. Na mente dos entusiastas dos automóveis, permanecerá para sempre o “número sagrado” da Peugeot, aquele que construiu as fundações de uma gama bem-sucedida de automóveis citadinos, da qual fazem parte o Peugeot 206, o 207 e, atualmente, o 208.
Para assinalar os 40 anos do Peugeot 205, o Museu da marca em Sochauz, França, inaugurou esta quinta-feira, 23 de fevereiro, uma exposição com inúmeros arquivos de fotografias e vídeos, bem como com uma mostra de uma dúzia de exemplares do Peugeot 205 que marcaram os 40 anos deste icónico modelo.
