A temporada 2023 da Fórmula 1 tem se mostrado um espetáculo dantesco para as duas equipes que deveriam e prometeram se apresentar como desafiantes reais ao domínio que a Red Bull apresentou no ano passado. Mercedes e Ferrari sofrem e fazem as respectivas torcidas sofreram após cinco corridas e sem qualquer garantia de que o cenário será diferente em algum momento até dezembro. Mas há, entre as duas, uma grande diferença: a força do braço dos pilotos. E é uma enorme distinção.
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As duas terminaram o ano se preparando e com a intenção de causar boas impressões para o ano vindouro. A Mercedes cresceu a olhos vistos na parte final do ano e até venceu no Brasil, ao passo que a Ferrari caiu e abandonou o ano falando em se preparar para 2023. A Mercedes optou pela continuidade na virada da temporada, mas a Ferrari mexeu e mudou a chefia, que chegou com nova cabeça e mudanças.
Apesar dos caminhos diferentes para pensar no que viria pela frente e em como alcançar o conceito campeão da Red Bull para os primeiros carros de efeito-solo na F1 em meio século, o objetivo era igual. E o resultado, uma vez que o campeonato iniciou, também foi o mesmo: decepção de tamanho continental.
Apegadas ao que de bom a temporada passada apresentou, tanto Mercedes quanto Ferrari decidiram que o caminho mais curto para a glória era entender os ajustes finos que deveria fazer dentro do conceito pré-estabelecido. Recomeçar do zero, incorporado ideias próprias ao que havia se mostrado bem-sucedido era entregar demais o fracasso original. Não podia ser o caminho.
Só que a decisão de seguir com as águas de março até o fim do verão fez a primavera se tornar um pesadelo. Na F1 que se tornou uma tourada energética, as duas começaram o campeonato claramente aniquiladas. A Red Bull estava longe na frente, enquanto a Aston Martin crescia após percorrer a estrada da campeã vigente e ameaçava até o segundo lugar.
Desde então, o que deu para notar foi que os problemas de acumulam. A Mercedes decidiu pôr em prática uma espécie de ‘carro B’, ao passo que a Ferrari limpa a casa e fala em reconstrução para o ano que vem, com direito até a mudar o suficiente do carro para abrir mão da potência de classificação e equilibrar para a corrida.
Charles Leclerc de quarterback em Miami (Foto: Ferrari)
Ainda que a contagem dos pontos não aponte tamanha diferença, o nível da pista assim tem sido. Ainda que Russell tenha ido mal no Bahrein e Hamilton em Jedá, o saldo da dupla, mesmo entre alguns altos e baixos inevitáveis dadas as condições, é de afirmação. Enquanto isso, na Ferrari, questionamentos, porque Leclerc, por mais que tenha voado no Azerbaijão, deixou a desejar mais vezes do que não. Errou grave mais vezes que os outros. É líder? Sainz, por outro lado, é uma interrogação que se locomove: é bom piloto, sim, mas o quanto bom? Ferrari bom? É questionável.
Não há esse tipo de conversa quanto a Hamilton e Russell, salvo algum papo de Napoleão de hospício. E aqui não é dizer que os dois são melhores que Leclerc, por exemplo. Dá até para dizer que Leclerc mostrou mais talento na F1 que Russell, mas a comparação de momento é desfavorável ao monegasco.
Por isso, enquanto a Ferrari tem interrogações em basicamente todas as áreas, a Mercedes tem algumas exclamações que ajudam a começar a montar uma estrutura mais duradoura para a recuperação dos próximos anos. Não que deva inibir críticas à incompetência mercedista em identificar os defeitos conceituais do W13 e evitar de repeti-los no W14. Isso, jamais. Mas, sim, dizer que, por trás disso, existem duas certezas de capacete que vão, mais vezes que não, tirar o que o defeituoso carro tem para entregar.
A Fórmula 1 retorna no fim de semana dos dias 19-21 de maio, em Ímola, com o GP da Emília-Romanha.
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