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Estreia da Fórmula E em SP tem batidas, abandonos e brasileiro em último

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como cartão de visitas ao Brasil, a Fórmula E promoveu em São Paulo uma corrida com boas reviravoltas neste sábado (25), no circuito de rua desenhado no entorno do Sambódromo do Anhembi.

A estreia da etapa brasileira colocou os pilotos diante de um traçado com o qual eles não têm experiência e isso provocou batidas, desistências e afetou, inclusive, o desempenho dos brasileiros.

O mineiro Sérgio Sette Câmara, da equipe NIO, chegou na 17ª e última posição, enquanto Lucas Di Grassi, da Mahindra, foi o 13º.

Quem, de fato, parecia em casa eram os neozelandeses Mitch Evans e Nick Cassidy, que brigaram pela vitória até os últimos metros. Evans levou a melhor.

Houve, ainda, cinco abandonos: os suíços Edoardo Mortara e Nico Müller, o britânico Jake Dennis e os franceses Sacha Fenestraz e Norman Nato não completaram a corrida após batidas.

Desde o começo, os brasileiros também não tiveram vida fácil. Logo no treino classificatório, Di Grassi acertou o muro na entrada da Olavo Fontoura, danificou a suspensão dianteira direita e ficou na última posição.

“Foi horrível. Era uma classificação que a gente estava bem”, lamentou.

Sette Câmara também não teve muita sorte e marcou apenas o nono tempo.

Com os dois brasileiros no fim do grid, o público resolveu abraçar o português Antônio da Costa. Ele largou em segundo e brigou pela vitória até o fim, mas errou nas voltas finais quando tentou assumir a ponta e terminou em quarto, frustrando a expectativa do bom público que marcou presença.

É bem verdade que a organização esperava por um número maior de presentes. Na véspera da prova, o CEO da categoria, Jamie Reigle, disse à Folha que sua expectativa era alcançar a lotação máxima do Anhembi, com cerca de 25 mil pessoas.

No entanto, nem todas as arquibancadas ficaram completamente cheias. Até a publicação deste texto, o público oficial não havia sido divulgado, mas era visivelmente abaixo da expectativa dos organizadores.

Com menos de dez anos de existência, o mundial ainda não é muito conhecido por aqui. Além disso, com exceção à etapa brasileira, transmitida ao vivo pela Band, o campeonato não tem exibição na TV aberta e, por isso, ainda não furou a bolha daqueles que são apaixonados por automobilismo.

Também não ajudou muito o fato de o evento ter sido realizado no mesmo fim de semana dos três dias de shows do Lollapalooza, um festival que atrai muitos jovens, público alvo da FE.

A categoria entende que, em geral, os mais novos dão uma atenção maior a questões de sustentabilidade, a principal característica do DNA da competição, frequentemente comparada à F1 desde seu ano de estreia, em 2014.

Embora nunca tenha sido um objetivo rivalizar com a principal categoria do automobilismo, o campeonato de carros elétricos rapidamente se colocou como laboratório para o desenvolvimento de tecnologias, algo em que a F1 sempre foi vanguarda.

“Os carros elétricos são o futuro”, reconheceu Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial de F1 (1972 e 1974), presente no Anhembi durante o fim de semana da FE.

Para ele, a “F1 sempre será a F1” com carros a combustão, mas caberá à FE desenvolver tecnologias que serão vistas nos carros de rua. “Por ter uma matriz energética limpa, o Brasil tem muita vantagem nisso.”

Desde seu primeiro campeonato, a FE teve carros 100% elétricos, enquanto a F1 tem atualmente apenas 25% da potência dos carros gerada pela recuperação de energia cinética.

Além do aspecto sustentável, essa diferença também afeta o som dos veículos. Quem foi ao Anhembi se surpreendeu com o barulho, ou melhor, a ausência dele. O som que vinha da pista era semelhante ao de antigos autoramas, presentes no sambódromo no estande de um patrocinador.

Para quem gosta de automobilismo, fez falta o famoso ronco dos motores. Por outro lado, há quem prefira assim. “O Téo gosta muito de carrinho, mas acho que não o levaria na F1 pelo barulho. Aqui fica mais tranquilo”, diz Tatiane Moura, 34, terapeuta, que foi ao Anhembi com o filho de um ano e o marido.

Enquanto falava com a reportagem, o marido dela estava na fila para carregar com dinheiro uma pulseira magnética usada pelo evento para que os torcedores pudessem pagar por bebidas e comidas.

O sistema era simples de ser usado, mas o processo para colocar os créditos gerou algumas filas, o que irritou alguns presentes. “Esperar quase uma hora para gastar R$ 300 não dá”, afirma o bancário Leandro Rio, 45, que foi à corrida com o filho Gustavo, 10.

As amigas Giuliana Amarante, 28, e Ana Lopes, 26, encontraram uma saída melhor. “A gente parou para ver os preços em um quiosque e lá mesmo conseguimos carregar, sem filas. Mas não tinha nenhuma placa. A gente que descobriu”, conta Giuliana. “Mas tem sido um evento legal. A gente acabou de chegar e estamos curtindo”, diz Ana.

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