Os novos VW Tiguan e Peugeot 5008 disputam a preferência do consumidor de SUVs de sete lugares na faixa de R$ 157 mil. Confira o duelo
- Volkswagen Tiguan X Peugeot 5008
- Clássico ou inovador?
- Volkswagen Tiguan – Equipamentos
- Peugeot 5008 – Equipamentos
- Parte mecânica
- Vida a bordo
Volkswagen Tiguan X Peugeot 5008
Roberto Assunção
Apesar de se tratar de um mercado restrito, a oferta de carros com sete lugares vem crescendo no Brasil, especialmente entre os SUVs. Por isso, decidimos colocar frente a frente duas novidades do segmento. De um lado, o Peugeot 5008, que estreou recentemente para aproveitar a onda de sucesso de seu irmão menor, o 3008. De outro, o novo Volkswagen Tiguan, que chegou importado do México na configuração Allspace. Os dois ganharam geração nova há poucos meses. Na Europa, o Peugeot 5008 já vende cerca de 7 mil carros/mês e o Tiguan ultrapassa a casa dos 17 mil carros/mês. No Brasil, esses carros atendem a um nicho bastante específico, mas podem atrair famílias grandes que queiram um carro grande na faixa de R$ 150-180 mil.
O Tiguan Allspace Comfortline, que utiliza motor 1.4 turbo, parte de R$ 149.990 e pode chegar a R$ 156.130 se vier equipado com teto solar panorâmico e cor especial, como a do carro avaliado. É praticamente o mesmo preço do Peugeot 5008 Griffe de entrada, que custa R$ 157.490, mas a versão Griffe Pack sai por R$ 166.490, por conta de alguns sistemas de condução semiautônoma, como piloto automático adaptativo, sistema anticolisão e alerta de permanência em faixa. Na ponta do lápis, mesmo na faixa de R$ 156-157 mil, o Peugeot é mais bem equipado do que o Volkswagen – mas isso não é tudo em um comparativo. Para quem busca itens tecnológicos mais modernos (e um motor muito mais potente), a Volks oferece o Tiguan 2.0 R-Line, que parte de R$ 179.990. Mas aí o concorrente já não é mais o 5008.
Clássico ou inovador?
A peleja entre o Tiguan e o 5008 é uma disputa de tradição contra ousadia. É verdade que a Volkswagen teve sua dose de arrojo ao produzir o novo Tiguan na configuração Allspace, para sete pessoas. Mas quase toda sua ousadia para por aí, pois o visual é bastante conservador e provocou menos reações de admiração do que costuma acontecer com a média de carros novos. Entretanto, o Tiguan tem uma fama maravilhosa, de carro muito bom, então muitos querem conhecê-lo de perto. Já a Peugeot foi além com o 5008. Com todos os elementos que fizeram sucesso em outros carros – especialmente o 3008 –, o SUV francês passa a impressão de ser maior, embora seja menor do que o Tiguan em comprimento (60 mm) e em altura (12 mm). O 5008 só é maior em largura (67 mm) e na distância entre-eixos (50 mm).
Volkswagen Tiguan – Equipamentos
Roberto AssunçãoO painel do novo Tiguan segue o atual padrão da Volkswagen, de linhas mais horizontais. O design é bonito, mas não surpreende, mantendo os clássicos botões para o ar-condicionado
Roberto AssunçãoO quadro de instrumentos do Tiguan traz os velhos e bons “canhões” com indicadores analógicos dentro, o que sempre funcionou
Roberto AssunçãoVários comandos estão no volante, mas o carro não abriu mão dos botões para o rádio e para o ar-condicionado (próxima foto)
Roberto AssunçãoAs rodas de 17” do Tiguan são diamantadas
Roberto AssunçãoO Tiguan é macio e confortável atrás e tem ótimas mesinhas auxiliares para quem vai no banco de trás (próxima foto)
Roberto AssunçãoSeu porta-malas é menor nas configurações de cinco e de sete passageiros. Em compensação, o acesso à terceira fileira de bancos é muito simples, com os bancos grudados (próxima foto)
Curiosamente, dirigindo os dois carros, o 5008 passa a sensação de ser mais comprido, provavelmente pela posição mais adiantada e elevada do motorista. Ele também é um pouco mais difícil de manobrar. Por outro lado, o Peugeot não transformou sua maior distância entre-eixos em maior conforto para os ocupantes da terceira fileira de bancos – pelo contrário, é preciso um verdadeiro contorcionismo para entrar e sair do carro, enquanto no Tiguan essa movimentação é simples e natural. É preciso destacar também que o porta-malas do 5008 é bem maior tanto com cinco quanto com sete pessoas a bordo. Na configuração normal, são 780 litros contra 686; usando a terceira fileira, são 237 litros contra 216.
Peugeot 5008 – Equipamentos
Roberto AssunçãoVisto separadamente, o quadro de instrumentos do Peugeot é normal, mas sua posição é bastante incomum
Roberto AssunçãoO volante é multifuncional, com borboletas
Roberto AssunçãoA inovação segue no comando do ar-condicionado, que não é nada prático. Uma fileira de botões e a alavanca de câmbio em formato diferente completam o estilo (próxima foto)
Roberto AssunçãoAs rodas de 18” do Peugeot são diamantadas
Roberto AssunçãoOs bancos traseiros do 5008 são macios, mas as mesinhas auxiliares são menores (próxima foto)
Roberto AssunçãoO acesso à terceira fileira exige um certo contorcionismo
Outra ousadia conhecida nos carros mais modernos da Peugeot é o volante bem pequeno. Com formato achatado e posicionado próximo das pernas, o volante permite que se leia o quadro de instrumentos por cima dele. É uma posição muito agradável de dirigir e que ganha adeptos dia após dia. Sem contar que a direção elétrica é levíssima, tornando a condução e as manobras muito agradáveis. Já o Tiguan tem um volante bem grande, exagerado até, com a direção mais pesada (nem tanto para causar desconforto). O quadro de instrumentos é visualizado da maneira tradicional, no meio do volante. Ambos possuem borboletas atrás do volante para trocas de marcha, o que aumenta o conforto e a esportividade quando se quer antecipar uma marcha para cima ou para baixo.
Se o formato, as dimensões e a posição do volante já dão ao Peugeot 5008 um ar muito mais futurista na cabine, o painel todo digital completa essa sensação. A central multimídia é quase totalmente tátil, restando apenas um pequeno botão para aumentar ou diminuir o volume do áudio. É uma central multimídia poderosa e fácil de usar. Mesmo assim, quando você tem na tela uma estação de rádio e pretende mexer no ar-condicionado, por exemplo, a operação é mais demorada e menos intuitiva do que no Tiguan. No SUV da Volks, basta girar o botão do ar-condicionado para deixar o ambiente mais frio ou mais quente, sem interferir nos outros sistemas. Claro que o rádio também pode ter o volume reduzido ou aumentado com um simples giro no botão, mas a procura de estação é meio complicada no Tiguan, pois ele mostra o logotipo das rádios ao invés do nome. Alguns logos são ruins de ler e isso atrapalha um pouco – além de destoar do resto do visual do painel (ficou meio cafona).
Parte mecânica
Mecanicamente, os dois carros são muito bons, mas nas configurações avaliadas o 5008 só tem a vantagem de fachada, por oferecer um motor 1.6 de 165 cv contra um 1.4 de 150 cv. Com menos peso, é o Tiguan quem tem desempenho ligeiramente superior. Sua relação peso/torque, por exemplo, é de 62,6 kg/kgfm, contra 66,6 do Peugeot. Assim, suas arrancadas nas ruas são melhores e sua aceleração de 0-100 km/h é 1 segundo mais rápida, apesar de ter a relação peso/potência um pouco pior (10,6 kg/cv contra 9,9). Tudo isso está em conformidade com o DNA de cada marca.
Quando analisamos o conforto, a vantagem é do 5008. O carro tem um rodar mais macio e parece deslizar no asfalto, enquanto o Tiguan “entrega” um pouco mais o trabalho do motor, mas não as irregularidades do piso, pois é um carro muito macio (principalmente para o padrão da Volkswagen). Porém, quando estão com sete pessoas a bordo, a pressão indicada para os pneus do 5008 deixam o carro extremamente duro – e as pessoas que vão na terceira fileira sofrem mais do que no Tiguan. O carro da Volks também é mais equilibrado em curvas, é bem assentado ao chão e deixa a carroceria rolar menos. Na média, o Tiguan parece estar mais ajustado para o desempenho (sem perder nada em conforto) e o 5008 para o conforto (mas perdendo um pouco em desempenho).
Vida a bordo
Os dois carros são agradáveis. Certos mimos do 5008, porém, são ouro puro. Como resistir à massagem disponível nos bancos dianteiros? O carro não apenas faz massagem, como oferece vários tipos de massagem, à escolha na tela multimídia. Os porta-objetos também são excelentes, espaçosos e em grande quantidade. Quanto ao acabamento, a Peugeot caprichou. Praticamente todas as partes do carro onde se encosta o corpo são de couro de ou de plásticos macios aos toque. O plástico duro só aparece na lateral do console central, numa posição onde raramente se coloca as mãos. Atrás, entretanto, o 5008 tem plástico duro nas portas e o banco alto faz com que a cabeça de pessoas altas (1,82 m) raspe no teto. Já a tampa do porta-malas é pesada e o carro merecia um sistema automático.
Dentro do Tiguan, a sensação também é de conforto, só que menos. Os bancos são macios, mas não têm massagem. Plásticos duros são facilmente encontrados no console central e na parte inferior das portas dianteiras. Todo o visual interno do carro é muito mais conservador, apesar de estar em conformidade com as novas tendências de design. O ar-condicionado mais eficiente e facílimo de usar conta pontos a favor do Tiguan, bem como sua dirigibilidade – ele parece ser mais curto e fácil de manobrar, embora seja 6 cm mais longo.
Conclusão
Pelas nossas notas, o Peugeot 5008 e o VW Tiguan conseguiram os mesmíssimos 4,0 pontos, de cinco possíveis. O 5008 foi superior na segurança, nos equipamentos e na central multimídia. O Tiguan ganhou em desempenho, consumo e prazer ao dirigir. Eles tiveram a mesma pontuação em motor, câmbio, conforto e porta-malas. É um incrível empate. Entretanto, quando avaliamos o preço de 11 itens de peças considerados em nossos comparativos, o custo de manutenção do Tiguan explode. O total da cesta de peças do Volkswagen chega a R$ 28.378, enquanto o do Peugeot é de R$ 18.556, uma diferença de quase R$ 10 mil.
Por outro lado, a Volks oferece as revisões de 10.000, 20.000 e 30.000 km gratuitamente, com três anos de garantia sem limite de quilometragem. Na Peugeot, o custo das três revisões até 30.000 km chega a R$ 1.972, também com três anos de garantia. Mesmo assim, o 5008 continua em vantagem por R$ 7.850 (ou de R$ 9.210, considerando os preços). Por ter a manutenção mais barata, por vir mais bem equipado pelo mesmo preço e por ser mais ousado em design e nas soluções do interior, damos a vitória ao Peugeot 5008. Num panorama de mesmice, ele é bom e sai da casinha.