O SUV médio da marca de luxo japonesa da Toyota vira híbrido e passa a se chamar Lexus NX 300h. Apesar de seu design externo ousado e moderno, há um cheiro de naftalina no interior – e na mecânica
Lexus NX 300h
Roberto Assunção
Para desenvolver o SUV médio NX, lançado em 2014, a Lexus usou de base o comportado Toyota RAV4. Uma grande mutação. O modelo da marca de luxo da Toyota chegou ao Brasil em 2015. Destacava-se pelo visual ousado, com apelo mais “jovem” que de costume, e trazia mecânica que casava bem com ele, com motor 2.0 turbo de 238 cv. O carro fez sucesso e hoje é o mais vendido da marca aqui e na Europa – e no velho continente a maioria é dessa nova versão híbrida 300h.
O preço é R$ 229.670 na versão Dynamic avaliada, com lista de equipamentos apenas razoável considerando o valor: há bancos elétricos, faróis full-LED, ar-condicionado bizone, chave presencial e volante com ajuste elétrico – que abre espaço para você entrar e sair –,
mas não muito mais. Sobe a R$ 240.110 na Luxury, que adiciona multimídia maior com tevê, teto solar e bancos traseiros rebatíveis eletricamente, entre outros, e a R$ 260.990 na F-Sport, que inclui ainda teto panorâmico (não abre), head-up display e acabamento interno mais esportivo. Fazem falta, mesmo na versão mais cara, recursos semiautônomos e Android Auto/Apple CarPlay.
A cabine é meio decepcionante. O espaço é amplo, principalmente atrás, onde se ajusta a inclinação do encosto e o assoalho é quase plano. O acabamento é refinado, como de costume nos Lexus, e o design tem pontos interessantes, como os formatos do console e do painel. O problema fica mais nos itens ausentes e no grafismo do sistema multimídia e da tela central no cluster (a mesma do Corolla, simples demais para um Lexus). Há um conservadorismo exagerado, como se fosse um carro dos anos 1990. E isso aparece também nos comandos do ar, do som e de outras funções, como o piloto automático (não tem ACC). A tela não é sensível ao toque, e os comandos são feitos por um touch-pad.
Em vez dos 238 cv de potência e 35,7 kgfm de torque do 2.0 turbo, que levava o NX 300 a 100 km/h em 7s2, o NX 300h tem 155 cv e 21,4 kgfm no motor a gasolina e 143 cv e 27,5 kgfm no elétrico dianteiro – números que não se somam, mas se combinam, totalizando uma potência máxima de 194 cv e torque menor (não divulgado). Há, ainda, outro motor elétrico, traseiro: com 67 cv, serve principalmente para recuperar energia cinética, atuando apenas nas saídas e em casos específicos, como de perda de aderência. A prova de 0-100 km/h é vencida em 9s2 – longos dois segundos depois. Não que desempenho seja fundamental em um SUV, normalmente familiar, mas aqui entra em contradição com o visual – e não entrega a boa economia de combustível para compensar.
Lexus NX 300h – Equipamentos
Roberto AssunçãoAs linhas do painel até agradam, assim como as generosas aletas no volante (próxima foto), mas os comandos são ultrapassados
Roberto AssunçãoA parte esquerda do cluster tem fundo “virtual”, que muda de acordo com o modo de condução escolhido (vira conta-giros ao usar o Power)
Roberto AssunçãoO seletor de modo de direção e o botão que ativa o 100% elétrico
Roberto AssunçãoA tela central mostra o fluxo de energia entre os motores, ambos dianteiros, e o pacote de baterias, que fica devaixo do porta-malas
Se o NX 300 tinha um motor biturbo de respostas rápidas associado a um câmbio automático de seis marchas tradicional, que proporcionava uma tocada esportiva, que rivalizava com a de modelos como o Range Rover Evoque, mesmo com as suspensões excessivamente macias (exceto no F-Sport, com amortecedores ajustáveis). Aqui o conjunto híbrido responde com mais lentidão, anestesiando a condução. Parte da culpa é do câmbio CVT, com seis marchas simuladas que não enganam: servem em reduzidas ou como freio motor, aumentando a recuperação de energia (que ocorre sempre que se reduz velocidade ou se pisa no freio – e, como em muitos híbridos, há um incômodo “degrau” entre a regeneração e o freio “de verdade”).
Seu consumo de combustível só reforça tanto a contradição quanto a relativa obsolescência. Segundo o Inmetro, o híbrido tem nota apenas B, fazendo 12,6 km/l na cidade e 11,2 na estrada (ante 8,3 e 10 km/l, respectivamente, do aposentado 2.0 turbo). Na prática, no uso urbano, cenário ideal para um carro híbrido, marcamos bem menos que isso nos trechos travados e sinuosos (faixa de 8 km/l) e mais nos planos e que incluíram grandes avenidas (17 km/l). Já na estrada a 120 km/h, com esforço chegamos a 12 km/l; na condução normal, marcamos 10. Decepcionante.
Enfim, Toyota e Lexus foram as grandes pioneiras dos híbridos, e ainda os fazem muito bem, é claro. Mas hoje vale mais a pena investir um pouco mais em um SUV híbrido mais econômico e mais moderno – tanto no interior quanto no conjunto mecânico. Que tal um plug-in como o Volvo XC60 T8 (R$ 299.950)?
Ficha técnica:
Lexus NX 300h Dynamic
Preço básico: R$ 229.670
Carro avaliado: R$ 229.670
Motor: gasolina 4 cilindros em linha 2.5, 16V, comando continuamente variável + motor elétrico dianteiro + motor elétrico auxiliar traseiro
Cilindrada: 2494 cm³
Combustível: gasolina+eletricidade
Potência: 155 cv a 5.700 rpm (g) +143 cv (elétrico traseiro) = potência combinada de 194 cv, mais + 67 cv (eixo traseiro)
Torque: 21,4 kgfm a 4.400 rpm + 27,5 kgfm
Câmbio: automático continuamente variável (CVT) Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e braços sobrepostos (t)
Freios: disco ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: integral (AWD)
Dimensões: 4,640 m (c), 1,845 m (l), 1,645 m (a)
Entre-eixos: 2,660 m
Pneus: 225/60 R18
Porta-malas: 475 litros
Tanque: 56 litros
Peso: 1.850 kg
0-100 km/h: 9s2
Velocidade máxima: 180 km/h (limitada)
Consumo cidade: 12,6 km/l
Consumo estrada: 11,2 km/l
Emissão de CO²: 112 g/km
Nota do Inmetro: B
Classificação na categoria: A (Extra-Grande)
AVALIAÇÃO | |
Motor | 4 |
Câmbio | 4 |
Desempenho | 3 |
Consumo | 4 |
Segurança | 4 |
Equipamentos | 4 |
Multimídia | 3 |
Conforto | 4 |
Porta-malas | 3 |
Prazer ao dirigir | 2.5 |
RESUMO
O design externo atraente contrasta com o interior ultrapassado. E a tecnologia híbrida não é a mais atual |
3.6
OVERALL SCORE |