“SUV dos compactos”, o Renault Kwid 2023 ganha um toque de modernidade. Prático, ágil e sobretudo econômico, é ótima opção para o uso urbano. E em breve chega em versão elétrica
- Consumo de híbrido
- Galeria: Renault Kwid Intense (divulgação)
- Renault Kwid Intense
- Em breve no Brasil: um elétrico acessível
Se a moda é SUV, por que não um SUV subcompacto? Sim, sei que o Renault Kwid não tem 4×4 e não é para off-road – como 90% dos “SUVs” hoje no mercado. Mas têm ótimos ângulos de ataque (24,1º) e de saída (41,7º, mais do que muito SUV “raiz”), além de uma boa distância livre do solo (18,5 cm). Tudo isso – tanto nas versões “normais” quanto na Outsider, com visual mais aventureiro –, lhe rendeu classificação oficial do PBEV/Inmetro como utilitário esportivo. Talvez um pequeno motor elétrico traseiro fizesse dele um SUV de verdade, com tração 4×4? Não seria impossível… Mas, de volta à realidade, a fórmula fez sucesso. Já são mais de 270 mil unidades vendidas, e chegou a hora de o “suvezinho” ganhar mudanças significativas no visual e na cabine, além de discretas melhorias mecânicas.
O pequenino Renault Kwid sempre teve um visual bastante simpático. Agora, ficou mais ousado e encorpado. “Foi aprovado como o design quis”, explicaram na apresentação. E, de fato, é mesmo o que parece. A dianteira ganhou DRLs em LEDs integrados às luzes de direção, conectados por uma peça cromada – e, abaixo deles, ficam os novos faróis de dupla parábola (acesos na foto de abertura), onde antes ficavam as luzes de neblina.
Renault Kwid Intense. Foto: Rodolfo BUHRER/ La Imagem / Renault
Na traseira, novas lanternas com “assinatura” de LED (acima), e, completando as mudanças, agora há, como opcionais para a versão Intense, pintura bitom (como no irmão Captur – os consumidores estavam fazendo por conta própria) e rodas de liga-leve de verdade, também bitom (na realidade, nem são muito necessárias, uma vez que, como antes, as calotas de série desta versão já parecem muito com rodas “de verdade”).
A cabine é compacta e o acabamento, simples (embora tenha melhorado um pouco). A posição de dirigir é elevada e a visibilidade geral agrada no uso urbano
Dentro da cabine, o Renault Kwid segue bastante… compacto. Ao fechar a porta, inicialmente você estranha seu cotovelo esquerdo batendo na porta – que ainda tem o velho “pino” para travamento –, mas logo se acostuma. Apesar de algumas melhorias como material “black piano” em torno da central multimídia e algumas novas texturas nos plásticos rígidos aqui e ali, o acabamento continua bastante simples – afinal, estamos falando de um modelo de entrada.
Mas, visualmente, o interior do novo Renault Kwid 2023 também está mais bonito e “moderninho”: o quadro de instrumentos é todo novo. Tem um grande velocímetro digital no centro e, atendendo aos pedidos dos consumidores, agora traz conta-giros em todas as versões. Este, assim como o marcador de temperatura e nível de combustível são retroiluminados com LEDs, garantindo um visual um pouco mais sofisticado.
O novo quadro de instrumentos
A tela do meio é simples, mas, além da velocidade, é rica em informações, alternadas pelo botãozinho no próprio painel: consumo instantâneo, consumo médio, hodômetros total e parcial e até mesmo pressão dos pneus. Do lado esquerdo do volante, seguem o botão de destravamento do porta-malas (que continua com ótimos 290 litros, mais do que em muitos hatches, como o do novo Honda City) e comandos do ajuste elétrico dos retrovisores, acompanhados do botão do sistema start-stop, outra novidade que ajudou a reduzir ainda mais o consumo (já voltarei a isso).
Galeria: interior
A nova central multimídia, com dicas de consumo
O comando de volume ficou melhor: agora é giratório (Foto: Roberto Assunção)
Há um atalho para comando de voz (e o cabo do celular agora fica conectado no console central) (Foto: Roberto Assunção)
A nova central multimídia cresceu para 8″ (Foto: Roberto Assunção)
Os ajustes do ar e dos vidros dianteiros ficam no painel (Foto: Roberto Assunção)
O comando satélite do multimídia vai posicionado na coluna de direção (Foto: Roberto Assunção)
(Foto: Roberto Assunção)
Os comandos à esquerda do volante: retrovisores, abertura do porta-malas e o novo start-stop
O novo quadro de instrumentos exibe mostradores de LED (Foto: Roberto Assunção)
A central multimídia do Renault Kwid 2023 também é nova, tanto no hardware quanto no software. Agora o botão do volume é giratório, e a entrada USB para conexão de Android Auto/Apple CarPlay não fica mais no próprio aparelho, e sim na entrada USB no console localizado à frente da alavanca de câmbio, evitando que o cabo fique “pendurado” no meio do caminho – neste ponto, bem que podia ter adotado, assim como o rival Fiat Mobi, conectividade sem fio (especialmente útil em modelos urbanos, por causa do constante entre e sai do carro). Por fim, agora há marcador de temperatura externa e comando satélite na coluna de direção, além de um prático botão físico para ativar os comando de voz dos sistemas Android e Apple. Pena que continue devendo os alto-falantes traseiros.
Consumo de híbrido
Ao volante, o motor 1.0 com três cilindros do Renault Kwid foi recalibrado e ganhou 2 cv com gasolina e 1 cv com etanol, chegando a 70/71 cv, e 2 Nm de torque com etanol, chegando a 98 Nm (92 com gasolina). Pode parecer pouco, mas o carrinho é bastante leve (de 818 a 825 kg), então o desempenho não decepciona. A prova de zero a 100 km/h leva 13,2/13,5 segundos (e/g), mas no uso urbano, em velocidades menores, as relações de marcha curtas ajudam o Kwid a ser bem ágil – e o tamanho compacto facilita as mudanças de faixa (quando os retrovisores altos e bem posicionados ajudam) e as manobras.
Pena que a alavanca de câmbio é meio longa demais, assim como seu curso, e os engates não são justos nem macios – mas pelo menos o motor, mesmo sendo um três cilindros, não vibra demais nem emite muito ruído. A 70 km/h em quinta, o conta-giros marca cerca de 2.500 rpm: nenhuma maravilha, mas dentro da sua proposta de carro urbano.
Mas o grande destaque deste conjunto mecânico certamente está no baixo consumo. Com a ajuda do indicador de troca de marchas no painel, e também do novo sistema start-stop, que chega a desligar o carro antes mesmo da sua parada total, o consumo do Kwid chegou a níveis de carro híbrido: no primeiro trecho urbano, circulando por avenidas livres e limite de 50 km/h, superei os 20 km/l.
Depois, com trânsito e trechos com semáforos e ladeiras, a média caiu – mas, ainda assim, depois de cerca de 40 quilômetros de percurso urbano, ficou em excelentes 18 km/l. Já os dados oficiais do PBEV mostram, na cidade, 15,3 km/l com gasolina e 10,8 com etanol (antes eram 14,9 e 10,3) e, na estrada, 15,7 e 11 km/l, respectivamente (antes eram 15,6 e 10,8).
Outro destaque do Renault Kwid continuam sendo suas suspensões: bastante robustas e até confortáveis, trabalham sem fazer ruído e lidam muito bem com o asfalto esburacado de São Paulo – e as características de SUV ajudam a encarar valetas exageradas sem raspadas. Além disso, nas fortes ladeiras da Pompeia, o novo assistente de partida em rampa ajudou, economizando o uso de freio de mão. Já o ESP, outra novidade, não pode ser desligado, mas atua só em situações extremas, e a direção tem peso corretíssimo, mostrando-se agradável em manobras – sem ser leve demais na estrada.
O Kwid não faz feio em um ocasional uso rodoviário, mas claro que tem suas limitações
Estrada? Sim, apesar de não ser o cenário ideal para o Renault Kwid, ele as encara sem muitos problemas. Pegamos trechos das Rodovias dos Bandeirantes (limite de 120 km/h, 4.000 rpm no conta-giros e falta um pouco de fôlego) e Rodoanel/Raposo Tavares, onde circulamos mais confortavelmente a 90/100 km/h. Neste percurso rodoviário, incomodou o fato da iluminação âmbar do botão do ar-condicionado, fraca demais, dificultar saber se ele está ligado ou desligado durante o dia. Consumo ao fim do trecho de estradas: os mesmos 18 km/l da cidade. Muito bom, principalmente em tempos de combustíveis com os preços nas alturas.
Galeria: Renault Kwid Intense (divulgação)
Foto: Divulgação
Foto: Rodolfo BUHRER/ La Imagem / Renault
Renault Kwid Intense
Preço básico R$ 59.890
Carro avaliado R$ 64.190
Motor: três cilindros em linha 1.0, 12V
Cilindrada: 999 cm3
Combustível: flex
Potência: 68 cv (g) e 71 cv a 5.500 rpm (e)
Torque: 92 Nm (g) e 98 Nm (e) a 4.250
Câmbio: manual, cinco marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco sólido (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 3,680 m (c), 1,579 m (l), 1,479 m (a)
Entre-eixos: 2,423 m
Pneus: 165/70 R14
Porta-malas: 290 litros
Tanque: 38 litros
Peso: 825 kg
0-100 km/h: 13s5 (g) e 13s2 (e)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo cidade: 15,3 km/l (g) e 10,8 km/l (e)
Consumo estrada: 15,7 km/l (g) e 11,0 km/l (e)
Emissão de CO2 85 g/km}
Com etanol = 0 g/km
Consumo nota: A
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A (Subcompacto)
Em breve no Brasil: um elétrico acessível
A base do design do novo Renault Kwid brasileiro tem origem ainda em 2019, no Renault City K-ZE, que estreou primeiro na China e depois ganhou, na Europa, um “irmão quase gêmeo” chamado Spring, da Dacia (marca romena responsável pelos modelos de baixo custo Logan e Duster, que viraram sucesso tanto no Velho Continente quanto no Brasil, onde chegaram como Renault). E nossa parceira italiana Quattroruote já avaliou o Spring, que chega em poucos meses ao Brasil como Renault Kwid E-TECH prometendo ser o elétrico mais barato do mercado – imaginamos que na faixa de R$ 110 mil.
Com a mesma plataforma CMF-A do Kwid e adaptado às baterias, corretamente escolhidas em tamanho não muito grande e com preço não muito caro: com 27,4 kWh (e peso total de apenas 186 kg), ele garante boa autonomia – 230 quilômetros em percurso misto, ou 305 no ciclo WLTP urbano, onde recupera bastante energia apesar de não ter modo B nem o de “dirigir com só um pedal”. A versão avaliada tinha um interior igualmente simples, e um sistema multimídia ainda do antigo Kwid, não este novo e melhor de agora – mas não se preocupe, o que será vendido no Brasil deve ser atualizado, assim como terá mudanças de design e mecânica.
O motor síncrono dianteiro de 33 kW (44 cv) pode parecer meio fraco, mas é uma escolha praticamente obrigatória em favor da autonomia; mais potência, mais velocidade máxima (a do Spring é limitada a 125 km/h) ou uma aceleração melhor que os longos 19,1 segundos oficiais do 0-100 km/h (21,4 no teste da nossa parceira italiana) reduziria o alcance abaixo de níveis aceitáveis – mas, com a Renault do Brasil diz que o nosso modelo terá mecânica diferente, será que vai arriscar neste ponto e apostar em mais potência? Na verdade, a Dacia se preocupou com o contrário: considerando que normalmente precisamos de ainda menos potência nos centros urbanos, adicionaram um botão Eco que reduz o desempenho (a 31 cv de potência e 110 km/h de máxima), aumentando sua autonomia em cerca de 10%.
As fotos do Dacia destacam as lanternas em LED
O botão seletor do câmbio automático
O cluster têm instrumentos adaptados ao modelo elétrico
O Renault City K-ZE chinês
Como em todo carro elétrico, dirigir é moleza: você gira a chave, coloca o seletor em Drive e pressiona o acelerador. No uso diário, em meio ao trânsito, não falta desempenho, e ele ainda sai bem dos semáforos, graças ao torque generoso, de 125 Nm, e à curva de resposta do inversor programada para o desempenho: para chegar a 50 km/h, são só 5,8 segundos.
Problemas surgem só em ultrapassagens em rodovia ou para manter uma média de velocidade mais alta – mas o “Kwid elétrico” é até mais feito para o uso urbano do que o “normal”. A suspensão é extramacia, a direção, um tanto vaga, e os freios fazem seu trabalho – e nada mais. Resta saber como a Renault o trará ao Brasil. Não precisaria mudá-lo muito.
AVALIAÇÃO | |
Motor | 3.5 |
Câmbio | 2.5 |
Desempenho | 3.5 |
Consumo | 5 |
Segurança | 3.5 |
Equipamentos | 3 |
Multimídia | 3.5 |
Conforto | 2.5 |
Porta – malas | 4 |
Prazer em dirigir | 3 |
RESUMO
Pensado principalmente para a cidade, o “mini-SUV” agrada pela agilidade e pelo baixo consumo. |
3.4
OVERALL SCORE |