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ANÁLISE: Quais as chances da parceria Aston Martin - Honda sair do papel na F1?

A possibilidade da Honda fornecer motores para a Aston Martin a partir da nova geração de unidades de potência da Fórmula 1, em 2026, tem se mostrado uma das histórias mais intrigantes da pausa de abril da categoria. E enquanto isso pode soar muito distante, a história mostra que tudo pode acontecer, especialmente em termos de parcerias e fornecedoras.

A temporada 2026 deve mudar profundamente o panorama do fornecimento de unidades de potência na F1, com a principal mudança já confirmada sendo o fim da parceria da Sauber com a Ferrari, com a equipe suíça tornando-se Audi. Já a Red Bull passa a ser a sua própria produtora de motores em parceria com a Ford, fornecendo para a AlphaTauri também.

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A posição da Honda segue incerta. Encorajada pelo sucesso recente com Max Verstappen e a Red Bull, a Honda repensou sua saída da categoria, confirmando sua presença em 2026 junto à FIA como fornecedora de motores.

Isso não significa que Honda participará ativamente em 2026, mas isso abre a chance. Se a montadora quer fazer parte, precisa estar trabalhando já nesse projeto, dentro dos limites do teto orçamentário e outras restrições aplicadas pelo regulamento.

A Honda precisa encontrar uma nova equipe parceira, após sua decisão original obrigar a Red Bull a tomar conta do seu próprio destino, levando à criação da Red Bull Powertrains.

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Red Bull Racing RB18 with Honda logo

Photo by: Giorgio Piola

“A F1 está se direcionando para a eletrificação, e a neutralização das emissões de carbono é o nosso principal objetivo na Honda”, disse Koji Watanabe, presidente da Honda Racing Corporation (HRC), em fevereiro. “Achamos que o futuro da F1 casa com nossos objetivos, e é por isso que decidimos nos registrar como fornecedores de motor”.

“Estamos curiosos com o futuro da F1, sendo o pináculo do esporte, e como que vai ficar com a eletrificação se intensificando. Queremos ficar de olho nisso. E é por isso que nos registramos. Após isso, recebemos contato de múltiplas equipes. No momento, queremos manter uma vista próxima. No momento, não temos uma decisão concreta se vamos voltar mesmo à F1”.

É tudo muito vago, mas claramente o interesse está ali caso surja um parceiro ideal. A menos que a parceria seja com uma equipe nova, as chances realistas da Honda estão com as três clientes da Mercedes: McLaren, Williams e Aston Martin. Faz sentido que as três estejam olhando para as possibilidades existentes para 2026 e além.

“No momento, ainda estamos no processo de entender quais são as opções disponíveis”, disse James Vowles, da Williams. “Mas não, não estamos fechados com a Mercedes. Estamos fazendo uma revisão. Nós e todas as equipes farão isso, com uma decisão vindo logo. Acho que no fim do ano já seria tarde, então um pouco antes”.

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Fernando Alonso, McLaren MCL32 Honda, parks up with engine troubles

Photo by: Dom Romney / Motorsport Images

Uma reedição da parceria Honda – McLaren teria que superar o fiasco que foi o período de 2015 a 2017, mas todas as opções precisam ser exploradas por ambas as partes. Vale lembrar que a equipe também falou com a Red Bull.

E a Aston Martin? Obviamente a montadora tem uma forte ligação corporativa com a Mercedes, e uma possível parceria com a Honda pode não fazer sentido no lado comercial. Tendo dito isso, a ambição de Lawrence Stroll é de brigar pelo Mundial, e o passo dado pela equipe neste ano indica que ele merece ser levado a sério.

A lógica sugere que, parte da estratégia de longo prazo para fazer com que isso aconteça, tem que envolver a redução ou eliminação da dependência de um rival-chave. O primeiro passo virá logo, quando a equipe passar a usar seu próprio túnel de vento em Silverstone, deixando de usar o da Mercedes em Brackley.

Outro passo importante será reduzir o uso de peças compradas da Mercedes, essencialmente suspensão traseira e transmissão. A caminho da parceria com a Audi, a Sauber voltou a produzir sua própria caixa de câmbio em vez de usar o da Ferrari, e a Aston deve seguir um caminho similar.

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Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Photo by: Jake Grant / Motorsport Images

Em dezembro, o diretor técnico da Aston, Dan Fallows, reforçou que não há planos no momento para reduzir a dependência da Mercedes, mas deixou a porta aberta para mudanças no futuro.

“Temos uma mente aberta para esse tipo de coisa. O que essa equipe ganhou com o relacionamento com a Mercedes é enorme. E conosco a caminho do futuro, fazendo nossa própria direção, temos que ter em mente que precisamos fazer pelo menos igual ou melhor que eles. Essa é uma capacidade que precisamos construir antes de sequer pensarmos em tomar esse tipo de decisão”.

“Honestamente, o que buscamos para o futuro ainda está aberto. Lawrence fala abertamente de suas ambições para a equipe e acho que sempre estamos avaliando qual o próximo passo que temos que tomar para sermos mais competitivos”.

A principal consideração a ser feita é que, a partir do momento que você passa a construir sua própria caixa de câmbio, trocar o fornecedor de motores passa a ser fácil, porque você não depende mais de um pacote. Isso te dá liberdade no design do carro. Esses passos podem acontecer mesmo com o AMR26, em 2026, seguir usando motores Mercedes, mas um motor próprio seria o maior passo de Stroll pela independência.

Se há alguém que pode achar um modo para que um chassi Aston Martin corra com motor Honda, com ou sem o nome oficial da montadora japonesa, essa pessoa é Stroll, sem dúvidas.

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Lawrence Stroll

Photo by: Erik Junius

Há também uma imagem maior que supera essas questões complicadas de branding, especialmente se você começar a pensar na Aston Martin mais como “Team Silverstone” ou “Stroll F1”. A antiga Racing Point faz parte de um plano de marketing de Stroll para a montadora. Não há nada que o impeça de mudar radicalmente para 2026 após cinco anos como Aston, tendo melhorado com sucesso a imagem da marca.

Em teoria, Stroll pode dar o nome que quiser à equipe e ao chassi em 2026 caso isso o garanta um acordo exclusivo com a montadora responsável pelo melhor motor do grid no momento. E isso levar ao abandono do nome Aston Martin, que seja.

Isso pode inclusive abrir a chance para que a Honda tenha novamente uma equipe de fábrica com seu nome, mas que pertence (integral ou parcialmente) a Stroll. O apelo para a montadora é óbvio, por representar um novo começo. O reencontro com a McLaren precisaria superar o amargo divórcio de 2017 e, por mais que a separação com a Williams tenha sido em 1987, a marca pode ver a equipe como pouco competitiva.

Como Vowles disse, o tempo é curto, e a Honda não pode se dar ao luxo de esperar um ou dois anos para ver se a Williams pode evoluir. Em comparação, a Aston provou que pode evoluir, e o lançamento da nova fábrica, junto com o tempo para a melhora da nova equipe técnica gerenciada por Fallows, torna-se lógico assumir que há muito potencial ali para o futuro.

E a Aston ainda tem um trunfo pouco utilizado por Stroll: Martin Whitmarsh.

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Martin Whitmarsh, Team Principal, McLaren

Photo by: Andrew Ferraro / Motorsport Images

Whitmarsh esteve na McLaren-Honda dos anos Senna / Prost e, pouco mais de duas décadas após o fim da parceria em 1992, ele esteve envolvido nas negociações da parceria de 2015.

Se lembrarmos, em 2014 a McLaren correu aquela temporada com o motor Mercedes antes de voltar para a Honda. Em retrospecto, é fácil sugerir que a equipe de Woking deveria ter seguido com a parceira de anos, especialmente com o motor alemão sendo o melhor do grid por um bom período de tempo.

Porém, é possível traçar um intrigante paralelo com a situação atual da Aston. Whitmarsh ainda insiste que a McLaren tinha que aceitar o acordo com a Honda naquele momento. À época, eles não viam mais como opção seguir como cliente da Mercedes, e não apenas pelos problemas de Ron Dennis com Dieter Zetsche, da marca alemã.

“Seria uma solução razoável por alguns anos”, disse Whitmarsh há alguns anos. “Mas um bom acordo direto com uma montadora não aparece sempre. E você tem que aceitar se quiser vencer a longo prazo”.

Crucialmente, em termos do seu relacionamento atual da montadora, Whitmarsh saiu da McLaren logo na sequência, sem estar envolvido com a situação desastrosa que se seguiu nos anos seguintes.

“Eu assinei o contrato e saí. Eles estavam fornecendo motores de graça, dando milhões de dólares por ano para o desenvolvimento do chassi. Eles pagavam a maior parte do salário dos pilotos, da publicidade. Era um acordo de mais de 100 milhões por ano. E sabíamos que esse dinheiro era necessário, que o apoio de uma montadora era necessário para vencer”.

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Honda F1 logo

Photo by: Autosport

Por não fazer parte do calvário, é seguir assumir que Whitmarsh segue tendo um bom relacionamento com a Honda, sabendo mais que a maioria sobre o que é necessário para fechar um acordo do tipo. Provavelmente deve ajudar também o fato da Honda conhecer Fallows de seus anos na Red Bull.

“Eles têm uma cultura desportiva, mais do que qualquer outra montadora provavelmente”, disse Whitmarsh. “Lembrem que, na primeira vez, o Sr. Honda ainda estava vivo. Mas eles têm essa cultura neles ainda. Eles são rígidos ao extremo, orgulhosos ao extremo”.

“Quando você olha para seus motores vencedores na F1, eles geralmente foram resultados de uma convenção refinada, em vez de grandes inovações. E, geralmente, quando há inovações, o negócio pode se complicar. Você aprende e tenta seguir a partir disso. A Honda foi lenta nesse sentido. Mas Ron entrou no modo agressivo, e nesse momento as pessoas se fecham. Em vez de gerenciar, ele partiu para o ataque”.

Mas ainda há um grande problema que não pode ser ignorado: Fernando Alonso. O espanhol foi um dos maiores responsáveis pelo calvário da McLaren com a Honda, e mesmo já tendo visto coisas mais estranhas, uma reunião do espanhol com a montadora pode não ser tão fácil de acontecer. Mas é preciso lembrar que talvez o bicampeão sequer esteja correndo em 2026, já que terá 45 anos…

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